Um caminho com demasiados cruzamentos
Entramos agora na segunda quinzena do mês de julho, uma das mais procuradas pelos portugueses para um período de férias. O campo tem vindo a ganhar adeptos face à praia, enquanto destino seguro, mas os ajuntamentos serão difíceis de controlar nestas duas semanas bem como no mês que vem. Hoje, desde cedo, cruzamo-nos com veículos cheios, com as famílias a bordo, vários bagagens e muitos sorrisos. Mas é preciso não esquecer que as infeções disparam em Portugal e que o número de casos novos de covid-19 é o maior desde fevereiro. Portugal voltou a ultrapassar a barreira dos 4 mil casos num só dia (dados alarmantes da última quarta-feira). Há menos internamentos, mas mais doentes nos cuidados intensivos. E a taxa de incidência subiu mais de 20 pontos percentuais na última atualização, realizada no início da semana. O vírus não vai de férias. Mas os portugueses têm vindo a esquecer-se disso.
Muitos vacinados prescindiram da máscara e aceleraram os convícios, aqui e em vários países da Europa. Veja-se o efeito nos Países Baixos: após terem sido retiradas todas as restrições no final de junho os novos casos aumentaram 500%. O primeiro-ministro, Mark Rutte, já pediu desculpa pelo "erro de julgamento". Segundo a Sky News, na semana passada, foram detetados quase 52 mil casos, um aumento de mais de 500% em relação ao período anterior ao levantamento das normas de contenção da pandemia do novo coronavírus.
O súbito agravamento da situação pandémica levou o governo holandês a voltar atrás e a impor novamente algumas restrições, nomeadamente o encerramento de discotecas, um dos principais locais de contágio. Fecham, de novo, as portas até pelo menos ao dia 13 de agosto e os bares passam a encerrar à meia-noite. "O que achámos que era possível acabou por ser impossível na prática", disse o primeiro-ministro. "Foi um erro de julgamento, do qual nos arrependemos e em relação ao qual pedimos desculpa."
Na prática, o governo holandês viu-se obrigado a dar um passo atrás. Também o Reino Unido quer seguir o mesmo caminho, mas há demasiados cruzamentos a ter em conta antes do total levantamento das restrições. As terras de Sua Majestade têm agora menos certezas face à dura realidade a que assistem nos seus vizinhos.