Modernizar. Começar pelas entranhas do Estado

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A modernização tem de começar por cima, pelo Estado. Perante a notícia de que o Tribunal Constitucional mandou repetir o voto dos emigrantes na Europa, ficamos todos com a sensação e o amargo de boca de que o Estado não funciona ou funciona mal. Situações como esta afastam os eleitores das urnas e tendem a aumentar a abstenção em próximos atos eleitorais. Além disso, toda a embrulhada em que esteve envolvida a votação dos emigrantes traduz uma falta de respeito pelos eleitores portugueses que vivem no estrangeiro.

Muitos dos concidadãos fizeram várias centenas de quilómetros para colocar o seu voto na devida urna autorizada. O esforço e o interesse que continuam a ter em contribuir para a democracia portuguesa não é, afinal, devidamente valorizado pela sua nação. Esses boletins de voto foram diretos para o caixote do lixo. Em causa estão 157 mil votos. Além das consequências já elencadas, este processo vem atrasar a gestão plena do país e a tomada de posse do próprio governo que poderá ficar adiada, pelo menos, por mais um mês.

Para a opinião pública passou, uma vez mais, a imagem de incompetência do Estado e de incapacidade. É precisamente pelas entranhas do Estado que tem de passar toda a narrativa de modernização e de digitalização. Este novo paradigma não pode aplicar-se apenas aos cidadãos e às empresas, tem de ser uma linguagem comum a toda a administração pública, dentro e fora de portas.

Volto ao que aqui já questionei: se através das plataformas digitais podemos pagar todos os impostos, segurança social e manter toda a relação direta com o Estado, porque não podemos usar o voto eletrónico? Teria resolvido todo este embaraço que nos envergonha em pleno século XXI.

Não é sustentável manter uma máquina do Estado pesada e disfuncional. Para que Portugal seja um país competitivo, produtivo e com a ambição de superar as previsões de crescimento da União Europeia (5,5% neste ano e 2% no próximo, colocando-o como terceiro mais fraco da zona euro), é determinante o investimento nestas áreas. Este será um dos cadernos de encargos do próximo executivo. A seu favor tem milhões de uma bazuca (PRR) que está apontada ao digital, ao ambiente e à coesão territorial. É agora ou nunca!

Uma nota final para agradecer a todos os leitores que elegem o Diário de Notícias como fonte de informação em que confiam. O DN atingiu, em janeiro, mais de 2,4 milhões de leitores no site do jornal, contribuindo para a liderança do Global Media Group como o grupo com maior reach de audiência online. No primeiro mês de 2022, passaram pelo site do DN um total de 2 438 566 pessoas, o que corresponde ao sexto lugar do ranking netAudience, elaborado mensalmente pela Marktest. O Global Media Group, de que o DN faz parte (tal como JN, O Jogo, TSF e Dinheiro Vivo, entre outras) é o grupo de media com maior alcance de mercado, ao impactar 4,4 milhões de pessoas. Um voto de agradecimento também a toda a equipa que escreve e leva até si esta marca de informação.

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