Montenegro tem candidatura pronta a arrancar, mas ainda não é esta semana
Depois de ouvir o partido, de ter reunido com várias personalidades e setores do PSD, Luís Montenegro tem tudo a postos para avançar com a candidatura à sucessão de Rui Rio, nas diretas que se irão realizar a 28 de maio. Mas, segundo fontes que lhe são próximas, ainda não será esta semana que assume oficialmente a entrada na corrida.
"Está tudo a evoluir e com serenidade, mas ainda é cedo para anunciar publicamente que é candidato", afirma ao DN a mesma fonte, que lembra que ainda é longo o período até à realização da eleição interna.
Até porque do lado das tropas montenegristas espera-se também para ver se haverá movimentações de outros candidatos à liderança, embora a expectativa seja cada vez mais que o antigo líder parlamentar, que defrontou Rui Rio em diretas em 2020, venha a ser "candidato único". "Temos de fazer a gestão política com muito critério", assegura a mesma fonte.
Por enquanto, ainda não há nenhum candidato assumido à liderança do PSD e a marcação das eleições diretas é normalmente o pontapé de saída do processo e tudo irá acelerar nas próximas semanas.
Fontes do PSD garantiram ao DN que uma das personalidades que tem andado em contactos para uma potencial candidatura é Miguel Poiares Maduro, antigo ministro adjunto de Passos Coelho e o homem escolhido por Paulo Rangel para coordenar as bases do seu programa eleitoral de candidatura Paulo Rangel, quando avançou para a corrida à liderança do partido nas últimas diretas contra Rio. Se Poiares Maduro avançar é pouco provável que Paulo Rangel o faça, mesmo que continue a ser pressionado dentro do partido para protagonizar uma nova candidatura.
E o presidente da câmara de Aveiro, José Ribau Esteves, que foi o único que assumiu publicamente estar a ponderar uma candidatura também deverá dizer nos próximos dias se a concretiza.
A proposta de calendário da Comissão Política Nacional (CPN) para antecipar as diretas para 28 de maio foi aprovada pelo órgão máximo do partido entre Congressos com apenas cinco abstenções, na segunda-feira.
Foram também aprovados os regulamentos e cronograma completos das diretas e do Congresso: em relação à proposta inicial da direção, mantém-se a data da realização do 40.º Congresso, entre 1 e 3 de julho, no Coliseu do Porto, mas foi alargado o prazo de pagamento de quotas inicialmente previsto, de 29 de abril para 10 de maio.
Desta forma, cumpre-se o desejo manifestado pelo presidente Rui Rio - que anunciou no início de fevereiro que deixaria a liderança do PSD depois da derrota nas legislativas - de que a sua sucessão decorresse até ao final de junho/início de julho, com "tranquilidade e serenidade".
O calendário aprovado na reunião do Conselho Nacional, que se reuniu desde cerca das 21:30 de segunda-feira, em Ovar (Aveiro), prevê uma eventual segunda volta das eleições diretas - caso existam mais do que dois candidatos e nenhum obtenha 50% dos votos à primeira - se realize em 04 de junho.
Nos regulamentos das diretas e Congresso aprovados, fixa-se o prazo limite para a apresentação de candidaturas à liderança do PSD em 16 de maio, e estas têm, como habitualmente, de ser subscritas por um mínimo de 1.500 militantes e de ser acompanhadas de uma proposta de estratégia global e do orçamento de campanha.
O 40.º Congresso do PSD, que marca o final do processo, vai assim realizar-se cinco semanas depois das eleições diretas e cerca de cinco meses depois das legislativas que levaram ao anúncio de saída de Rui Rio, que lidera o PSD desde janeiro de 2018 e tinha mandato até dezembro de 2023.
De acordo com os resultados provisórios das legislativas de 30 de janeiro, o PSD conseguiu cerca de 29% dos votos e 78 deputados (a confirmar-se um eleito pela Europa quando for repetida a eleição), menos um do que os 79 eleitos em 2019 e ficando a mais de 13 pontos percentuais do PS, que obteve a segunda maioria absoluta da sua história.
paulasa@dn.pt com Lusa