Emprego em alta no verão segura aumento de 10% nos salários
Finanças, imobiliário e turismo são os setores que estão mais ativos na contratação de trabalhadores, revela inquérito da ManpowerGroup a 625 empresas nacionais.
A dinâmica de criação de emprego no país não vai abrandar neste verão e está a assegurar um aumento médio das remunerações na ordem dos 10%. As empresas enfrentam uma conjuntura que não ajuda: baixa taxa de desemprego e escassez de talentos. No próximo trimestre é garantido que há oportunidades de contratação em áreas como finanças, imobiliário, seguros, restauração e hotelaria, e são as grandes empresas que estão a empurrar positivamente esta tendência.
As perspetivas de contratação em alta no terceiro trimestre do ano são suportadas pelo estudo trimestral da ManpowerGroup, que recolheu informações junto de 59 mil empregadores em 44 países, 625 dos quais em Portugal. Dentro do universo de inquiridos, só a Hungria não tem projeções positivas de gerar novos postos de trabalho.
Segundo o estudo da Manpower, os empregadores preveem um crescimento de 12% na criação líquida de emprego no país, entre julho e setembro, em relação ao trimestre anterior. Vítor Antunes, diretor da companhia, sublinha que estes resultados são "altamente positivos e refletem a confiança das empresas, mesmo depois de um segundo trimestre atipicamente alto nas previsões de criação de emprego (3%) e de um arranque do ano com projeções de 9%".
As grandes empresas são as que demonstram um maior otimismo quanto às intenções de abertura de novos postos de trabalho, com uma projeção de crescimento de 34%. O setor terciário destaca-se neste campo. A área dos serviços prevê incrementar as contratações em mais 26%, o turismo em mais de 25% e os transportes, armazenamento e comunicações em 24%.
O estudo adianta ainda que, dos nove setores analisados, há cinco em que as perspetivas de contratação descem. Segundo Vítor Antunes, atividades ligadas ao comércio, à indústria e à energia apresentam-se mais contraídas para o período do verão, quer pela dinâmica do seu negócio quer pela antecipação no primeiro semestre das contratações para o ano.
A região centro é a que demonstra mais proatividade nas contratações para este período de estio, com uma projeção de mais 14%, seguindo-se a Grande Lisboa, com 12%. Já o Grande Porto regista alguma moderação a este nível, com as estimativas de criação de emprego a situarem-se nos 8%.
Salários aumentam
Vítor Antunes não tem dúvidas de que o país se debate "com escassez de talento" e que "há uma grande dificuldade em preencher as vagas" que estão no mercado. E adverte: "A natureza do emprego está a mudar, deixámos de ter tarefas tão rotineiras e repetitivas, salários baixos, e passámos a exercer outro género de funções com um maior nível de customatização no serviço e nos bens, que exige um contínuo renovar de competências."
Esse novo mundo do trabalho está também a traduzir-se em aumentos salariais. Vítor Antunes garante que se regista "um aumento de 10% nas remunerações", em comparação com 2018, nas funções que a Manpower disponibiliza ao mercado. Como sublinha, "as organizações têm cada vez mais presente a necessidade de rever pacotes salariais para atrair talento e também os benefícios" que oferecem aos colaboradores.
Espanha em baixa
Dos 44 países participantes no estudo, Espanha, Itália e Argentina são os que apresentam as projeções de criação de emprego mais fracas. Na Hungria, a tendência é mesmo negativa. Grécia, Eslovénia, Croácia, Estados Unidos, Taiwan e Japão registam as intenções mais fortes. O estudo revela que as estimativas para este verão relativamente ao mesmo período do ano passado de novos postos de trabalho são mais fortes em 12 países e enfraquecem em 26, permanecendo inalteradas em seis. Já em comparação com o trimestre anterior, 18 dos 44 mercados alvo do estudo relatam perspetivas mais fortes.