BP Portugal quer captar investimento do grupo na energia solar nacional

A petrolífera britânica está a apostar forte nas renováveis em todo o mundo e Portugal quer atrair algum desse investimento milionário.
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"Gostava que a BP trouxesse para Portugal tudo o que sejam ideias inovadoras, com modelos de negócio sustentáveis", disse Pedro Oliveira, presidente da BP Portugal, em entrevista ao Dinheiro Vivo. Em cima da mesa está a possibilidade de a empresa, através da sua nova subsidiária Lightsource BP, recém-comprada por 200 milhões de euros, vir a entrar na corrida à energia solar em Portugal, já avaliada em 800 milhões de euros, com mais de 100 MW de potência instalada aprovada pelo governo.

Antes, na apresentação do relatório "BP Statistical Review of World Energy", Pedro Oliveira já tinha confirmado que "o grupo está a investir em áreas em que acredita que possam fazer a diferença na transição energética e Portugal não será uma ilha no mundo BP. Não há razão nenhuma para que não possamos vir a ter em Portugal a derivada de todos esses investimento que a BP está a fazer".

Questionado sobre se a petrolífera poderá vir a construir uma central solar em Portugal, Pedro Oliveira respondeu: "Pode ser, claro que pode ser. Uma vez os modelos estejam verdadeiramente testados e sejam sustentáveis por si, sem subsídios. Não estamos nos países para depender dos governos centrais. Atualmente já não há solar com subsídios em Portugal, mas os que foram feitos há uns anos tinham. Imagine o que era ter entrado na altura."

O investimento poderá chegar assim no espaço de "ano ou dois, quando as centrais solares forem manifestamente sustentáveis. No dia de hoje ainda não há certeza em relação a isso".

Por seu lado, Peter Mather, vice-presidente da BP para a Europa, não confirma para já se há ou não um projeto português no pipeline da BP, mas garante que "não há nenhum país para onde não estejamos a olhar. Anunciámos recentemente que comprámos 50% da Lightsource, que já tem projetos solares em todo o mundo. O desenvolvimento em larga escala de centrais solares, onde haja níveis consistentes de sol, pode ser em qualquer sítio do mundo. Há oportunidades no Médio Oriente, na Índia e também na Europa".

Mather anunciou nesta semana, em Lisboa, que a BP vai investir 500 milhões de dólares no desenvolvimento do negócio de energias renováveis e na transição energética para fontes de energia mais limpas. E acrescentou que a empresa vai desinvestir no petróleo e apostar mais no gás natural, num rácio que deverá rondar os 40% para o petróleo e os 60% para o gás natural. Nos anos 90, o rácio era de 12% para o gás e 88% para o petróleo.

A grande aposta passa pelo crescimento do negócio das renováveis, nomeadamente no biocombustível no Brasil, na energia eólica na América Latina e também no solar, onde a empresa já investiu há vários anos mas perdeu dinheiro, disse Peter Mather. A BP volta agora ao solar com o desenvolvimento de centrais solares.

O vice-presidente para a Europa rejeita, no entanto, a necessidade de subsídios governamentais para apostar em energias renováveis. "Não vamos investir com base em subsídios. As renováveis já são competitivas por si. A BP tem um grande investimento no solar, no eólico e no biocombustível."

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