Carro, dentista e óculos são as despesas mais difíceis de pagar para as famílias portuguesas
É um dado "que assusta", diz a Deco. Mais de três quartos dos portugueses vivem com dificuldades financeiras e, para esses, há muitos gastos essenciais que se tornaram um esforço. Ter carro, óculos e ir ao dentista, fazer reparações em casa, comprar carne e peixe, ou pagar as faturas da luz, água e gás entram nessa categoria, aponta o primeiro barómetro sobre a capacidade financeira das famílias portuguesas da associação de defesa do consumidor.
O estudo é divulgado por ocasião do Dia Mundial dos Direitos do Consumidor, que hoje se assinala, e passará a ser publicado anualmente. Os primeiros resultados apontam para que 7% das famílias portuguesas vivam na pobreza, com 70% a manifestarem dificuldades em gerir o orçamento. São mais de três quartos, assim, aqueles para quem cobrir a generalidade dos gastos familiares representa um problema.
"Aquilo que preocupa é que estamos a falar de uma fatia que vai até à classe média. Ou seja, não é apenas uma classe que sabemos que está mais carenciada", afirma Rita Rodrigues, da Deco Proteste. E os dados "estão em linha" com a realidade que chega ao Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado da organização. "Cada vez mais as famílias têm dificuldade em fazer face aos seus créditos. Não têm sequer capacidade para pagar água, luz, serviços públicos essenciais.
Com maior impacto na vida das famílias, estão habitação, saúde, alimentação e educação - despesas prioritárias para a maioria - enquanto a cultura e o lazer é importante nas contas de menos de um terço. Mas perto de metade considera muito difícil ou mesmo impossível fazer gastos nesta área, desde fazer férias a comprar jornais e revistas. Já entre quem sente dificuldades nas despesas de educação, pagar propinas é a maior preocupação.
O barómetro da organização tem por base um inquérito que cobre a realidade de perto de duas mil famílias portuguesas, deixando apenas de fora os arquipélagos da Madeira e dos Açores. Portalegre e Braga são os distritos com as percentagens mais elevadas de famílias em dificuldades financeiras. Já Bragança e Coimbra são os de maior desafogo relativo.