A organização do protesto que imita os coletes amarelos, marcado para dia 21, em Portugal, dá-os como certos. Mas eles garantem que vão tomar essa decisão no domingo, em reunião dos órgãos sociais. Foi, pelo menos, essa a informação que o presidente da ANTP, Márcio Lopes, deu ao DN. Num dos grupos de WhatsApp criados para discutir a organização da "revolta nacional", um dos organizadores dirigia-se aos restantes membros desta forma: "Pessoal, nada melhor do que começar o dia com boas notícias. Temos camiões, há confirmação, no domingo já se vai reunir com a empresa; o dono da empresa é o presidente da Associação dos camionistas, portanto tem tudo para dar certo.".Ao DN, Márcio Lopes confirmou as conversações, mas não deu como certa a presença nem da sua empresa nem da associação, fundada em 2008, na sequência da paralisação de camionistas. Um grupo de pequenas transportadoras fez saber na ocasião que não se sentia representada pela Antram (Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias) e avançou para esta, com sede em Loures..Entre os adeptos do protesto de 21 de dezembro já se sabia que havia vários camionistas, mas a organização regozijava-se nesta manhã com esta aparente conquista. É Diogo Pereira (um dos cinco fundadores do movimento, no Bombarral) que se encarrega de passar as notícias. No mesmo fio de mensagens há, no entanto, um alerta: "Ninguém fale à comunicação social. Quem o fizer vai ser julgado por isso." Que tipo de julgamento e porquê esta restrição da comunicação e expressão, não esclarece..Num áudio transmitido pelo WhatsApp, o promotor diz que "é difícil estar em todas as frentes e ligar para todo o lado", e por isso apela a "alguma alma caridosa" que faça um trabalho de pesquisa - "um apanhado no Google, de empresas que façam reboques de pesados na região de Lisboa e Oeste". Sugere então que alguém possa "ligar para lá e apelar ao bom senso, dizer que no dia 21 o pessoal se vai juntar, vai parar camiões. Se quiserem ver, nós agrademos; se não quiserem vir, que se mostrem só indisponíveis para fazer a remoção dos pesados"..Entretanto, quem se mostra à margem deste protesto é o próprio Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP), tal como disse ao DN Fernando Fidalgo, responsável daquela estrutura sindical. "Temos conhecimento dessa iniciativa, mas não estamos de todo integrados nela nem vamos participar", acrescentou, embora sem esclarecer se essa decisão se deve ao facto de ser cada vez mais evidente o envolvimento de organizações nacionalistas e de extrema-direita na referida "revolta nacional"..Do WhatsApp para a Zello.Depois da reportagem do DN publicada ontem, a organização passou a ter alguma cautela nos grupos de WhatsApp. E já foi anunciada a criação de um novo canal de comunicação entre os grupos na aplicação Zello, em que é possível aos participantes criar canais de comunicação próprios, via telemóvel, e falar, sem estar dependente das operadoras móveis. Esta foi, de resto, a estratégia de comunicação seguida pelos camionistas na greve que fizeram no Brasil, pouco antes da eleição de Bolsonaro..Nos grupos de Facebook há outra informação a reter, partilhada desde ontem: "Quem estiver disposto a participar no protesto do dia 21 de dezembro que se informe, e para quem não se revê ou entende a natureza deste movimento peço que se previnam de comida e roupas quentes para a eventualidade de ficarem bloqueados nas estradas, ou não saiam de casa.".A organização sublinha que existe já "diálogo com as autoridades" e por isso vai "ceder passagem a carros prioritários, não sendo permitida a passagem a carros civis normais". Ao contrário do que era inicialmente anunciado, a organização começa a falar de prolongamento do protesto por mais dias. "Este protesto pode durar mais de um dia caso não existam demonstrações do governo de que vão ser atendidas as intenções da população."