De um ponto de vista global e a nível histórico, poucos conceitos têm sido tão úteis e operativos como o do desenvolvimento sustentável. Trouxe-nos a noção do sistémico, no sentido em que cimentou a ideia de que as ações, individuais ou em grupo, têm reflexo no conjunto de todos. Semeou também a consciência do "sustentável" como algo capaz de suprir as necessidades do presente sem comprometer o futuro do planeta. Na sequência, surgiu também o pressuposto de que a diversidade cultural é tão importante como a biodiversidade e, hoje, a pobreza no mundo, a inclusão, a demografia e a migração entram na ordem do dia da discussão mundial..Refletir sobre o desenvolvimento tornou-se leitmotiv global para conferências, cimeiras e congressos que demonstram que a cultura da discussão democrática floresce apesar dos Trumps e Bolsonaros. Assistimos cada vez mais ao extremismo nas questões que radicalizam a sustentabilidade ambiental até nos estilos de vida. Quando assisto a uma discussão entre alguém que advoga o veganismo radical e alguém que advoga o seu contrário, não consigo deixar de pensar que, ironicamente, ambos terão pelo menos em comum o facto óbvio de entenderem a Terra como um recurso. Como se as questões se respondessem apenas pelo "sim" e pelo "não"..Parece cada vez mais (lembra até o Saramago) que a humanidade perdeu de repente a capacidade de colocar em perspetiva. Às soluções não haverá que dar sempre o benefício da dúvida? Sob pena de se revelarem mais complexas do que o que se propõem resolver. O extremismo acarreta o perigo de potenciais conflitos em grupo que em nada ajudam o planeta..Quando se fala atualmente em desenvolvimento sustentável é cada vez mais necessário falar de algo tão simples como a noção que lhe serviu de base enquanto conceito - a da consciência da partilha. No mundo de hoje em dia, em que ressurgem tantos "ismos" contrários à democracia, como falar, sem essa consciência, sobre envelhecimento sustentado, conciliação familiar, inclusão, saúde sexual e reprodutiva e não só?.Aferição do desenvolvimento sustentável terá sempre de ser definida num horizonte democrático..Fundamental, claro, é traduzir esse desenvolvimento em algo efetivo. Em Portugal, hoje, metade dos jovens de 20 anos frequentam o ensino superior. É um aumento de quase 25% de estudantes em relação a 2015 (cerca de dez mil estudantes entre 2015 e 2019). No segundo trimestre, o metro de Lisboa aumentou o número de passageiros em 6,5% e o do Porto em 10,7%, de acordo com o INE. São bons indicadores?.São sobretudo sustentáveis..Deputada do PS
De um ponto de vista global e a nível histórico, poucos conceitos têm sido tão úteis e operativos como o do desenvolvimento sustentável. Trouxe-nos a noção do sistémico, no sentido em que cimentou a ideia de que as ações, individuais ou em grupo, têm reflexo no conjunto de todos. Semeou também a consciência do "sustentável" como algo capaz de suprir as necessidades do presente sem comprometer o futuro do planeta. Na sequência, surgiu também o pressuposto de que a diversidade cultural é tão importante como a biodiversidade e, hoje, a pobreza no mundo, a inclusão, a demografia e a migração entram na ordem do dia da discussão mundial..Refletir sobre o desenvolvimento tornou-se leitmotiv global para conferências, cimeiras e congressos que demonstram que a cultura da discussão democrática floresce apesar dos Trumps e Bolsonaros. Assistimos cada vez mais ao extremismo nas questões que radicalizam a sustentabilidade ambiental até nos estilos de vida. Quando assisto a uma discussão entre alguém que advoga o veganismo radical e alguém que advoga o seu contrário, não consigo deixar de pensar que, ironicamente, ambos terão pelo menos em comum o facto óbvio de entenderem a Terra como um recurso. Como se as questões se respondessem apenas pelo "sim" e pelo "não"..Parece cada vez mais (lembra até o Saramago) que a humanidade perdeu de repente a capacidade de colocar em perspetiva. Às soluções não haverá que dar sempre o benefício da dúvida? Sob pena de se revelarem mais complexas do que o que se propõem resolver. O extremismo acarreta o perigo de potenciais conflitos em grupo que em nada ajudam o planeta..Quando se fala atualmente em desenvolvimento sustentável é cada vez mais necessário falar de algo tão simples como a noção que lhe serviu de base enquanto conceito - a da consciência da partilha. No mundo de hoje em dia, em que ressurgem tantos "ismos" contrários à democracia, como falar, sem essa consciência, sobre envelhecimento sustentado, conciliação familiar, inclusão, saúde sexual e reprodutiva e não só?.Aferição do desenvolvimento sustentável terá sempre de ser definida num horizonte democrático..Fundamental, claro, é traduzir esse desenvolvimento em algo efetivo. Em Portugal, hoje, metade dos jovens de 20 anos frequentam o ensino superior. É um aumento de quase 25% de estudantes em relação a 2015 (cerca de dez mil estudantes entre 2015 e 2019). No segundo trimestre, o metro de Lisboa aumentou o número de passageiros em 6,5% e o do Porto em 10,7%, de acordo com o INE. São bons indicadores?.São sobretudo sustentáveis..Deputada do PS