A intervenção que tornou famosa Margaret Thatcher, quando anunciou a sua conclusão de que, para enfrentar o mundo do seu tempo, "There is no alternative", estava longe de prever a numerosa procura de alternativas com que nos defrontamos, passado tão pouco tempo. O sentido em que ela se prenunciava era o que a geração anterior chamava criticamente "pensamento único", cansada de suportar regimes que mantinham uma luta ideológica, que não admitia acordos, e por isso deixava prever abertura a soluções que respondessem a mudanças impostas pela circunstância em movimento não controlável pelas sedes do poder em exercício, a qual foi a comunicação de que "There is no alternative"..A falta de governança global implicou que finalmente tivessem de ser admitidas não uma mas várias alternativas, por vezes com preocupantes dificuldades de pacificação. Um dos exemplos, importante pela função e pela visibilidade, é o das duradoiras formações dos parlamentos ocidentais, depois da guerra, especialmente o Parlamento com maiores horizontes, que é o da União Europeia. Essa estrutura, rodeada de supostas seguranças doutrinais, porque todos tinham presentes as exigências de um passado próximo, é da circunstância externa que a rodeia que começa ela também a sentir que "não há alternativa visível" que tenha sido formulada e a caminhar para dominante, no sentido de ser capaz de articular as diferenças vindas do alargamento, das mudanças de circunstância que a crise económica e financeira mundial projeta nos Estados membros e, nestes, a complexidade das fraturas, ou anúncio reconhecível delas, que vão aparecendo em busca de mudança..Em primeiro lugar os chamados populismos, com uma espécie de caracterização negativa que é a não adesão ao que foi chamado "fundamentalismo do mercado", hoje internacionalmente atingido pela instabilidade internacional, e pelo estado de espírito do atual responsável americano, embora a Academia de Ciências sueca tenha, desde 1974, destacado regularmente os economistas vindos das universidades americanas altamente prestigiadas..Claro que os povos incapazes de responder aos desafios da natureza, e que continuam pobres de paz, de recursos e de esperanças, continuam a ser maioria na ONU, embora seja certamente excessivo evidenciar como fator único o que Steve Keen chamou (2014) l'Imposture économique, que foi antes a inoperância da vigilância dos bancos centrais independentes, designadamente porque a apregoada importância do civismo de mercado, que tinha sido suposto, não correspondeu aos factos..As sociedades civis medem os efeitos pela dimensão dos benefícios, critérios dos partidários do pragmatismo, e o que verificam é que a condição global piorou, não apenas económica e financeiramente, mas do ponto de vista da segurança, da paz, do ambientalismo, do terrorismo, da falta de esperança que deu crédito ao "nunca mais" do fim da Segunda Guerra Mundial, e do fim do seu infeliz corolário que foi a Guerra Fria..Aquilo que até agora não tem alternativa não é aquilo que deu sentido à expressão que ficou famosa, é sim a falta de projeto e de esperança para organizar um globalismo que obedeça aos pressupostos da ONU. Daí que os populismos se multipliquem, que proclamem os protestos mas sem um projeto que reorganize os futuros de cada diferente parcela racial, ética ou cultural. Infelizmente, os populismos de hoje, que marcam uma circunstância mundial extremamente diferente da Rússia do fim do século XIX, onde se mostraram revolucionários e antiocidentais, é nesta Europa ocidental que enfrentam o arrefecer das esperanças de institucionalização das solidariedades das diferenças, que se agitam esses populismos, desafiando a visão tradicional de os considerar apenas como movimentos de massas, agora levando à possível formatação de partidos, com lideres que movimentem os espíritos contra os considerados desvios e corrupção, apontando irregularidades ao funcionamento das instituições sem indicarem os remédios..No caso europeu, além das infrações que estão na origem da crise económica e financeira mundial, recebeu também os riscos que resultam do desastre muçulmano, das contradições dos desastres presentes com o passado relembrado exclusivamente pelo que consideram virtudes. Pela circunstância atual, são finalmente transnacionais, sem com isso diminuir os riscos nacionais. Parece não poderem ser desconsiderados factos como o brexit, a eleição infeliz dos EUA, o populismo de direita e de esquerda em França e, finalmente, o passo em frente para a fraturação interna dos partidos tradicionais entre nós. A esperança da "terra única" está vigorosamente ameaçada..Professor universitário
A intervenção que tornou famosa Margaret Thatcher, quando anunciou a sua conclusão de que, para enfrentar o mundo do seu tempo, "There is no alternative", estava longe de prever a numerosa procura de alternativas com que nos defrontamos, passado tão pouco tempo. O sentido em que ela se prenunciava era o que a geração anterior chamava criticamente "pensamento único", cansada de suportar regimes que mantinham uma luta ideológica, que não admitia acordos, e por isso deixava prever abertura a soluções que respondessem a mudanças impostas pela circunstância em movimento não controlável pelas sedes do poder em exercício, a qual foi a comunicação de que "There is no alternative"..A falta de governança global implicou que finalmente tivessem de ser admitidas não uma mas várias alternativas, por vezes com preocupantes dificuldades de pacificação. Um dos exemplos, importante pela função e pela visibilidade, é o das duradoiras formações dos parlamentos ocidentais, depois da guerra, especialmente o Parlamento com maiores horizontes, que é o da União Europeia. Essa estrutura, rodeada de supostas seguranças doutrinais, porque todos tinham presentes as exigências de um passado próximo, é da circunstância externa que a rodeia que começa ela também a sentir que "não há alternativa visível" que tenha sido formulada e a caminhar para dominante, no sentido de ser capaz de articular as diferenças vindas do alargamento, das mudanças de circunstância que a crise económica e financeira mundial projeta nos Estados membros e, nestes, a complexidade das fraturas, ou anúncio reconhecível delas, que vão aparecendo em busca de mudança..Em primeiro lugar os chamados populismos, com uma espécie de caracterização negativa que é a não adesão ao que foi chamado "fundamentalismo do mercado", hoje internacionalmente atingido pela instabilidade internacional, e pelo estado de espírito do atual responsável americano, embora a Academia de Ciências sueca tenha, desde 1974, destacado regularmente os economistas vindos das universidades americanas altamente prestigiadas..Claro que os povos incapazes de responder aos desafios da natureza, e que continuam pobres de paz, de recursos e de esperanças, continuam a ser maioria na ONU, embora seja certamente excessivo evidenciar como fator único o que Steve Keen chamou (2014) l'Imposture économique, que foi antes a inoperância da vigilância dos bancos centrais independentes, designadamente porque a apregoada importância do civismo de mercado, que tinha sido suposto, não correspondeu aos factos..As sociedades civis medem os efeitos pela dimensão dos benefícios, critérios dos partidários do pragmatismo, e o que verificam é que a condição global piorou, não apenas económica e financeiramente, mas do ponto de vista da segurança, da paz, do ambientalismo, do terrorismo, da falta de esperança que deu crédito ao "nunca mais" do fim da Segunda Guerra Mundial, e do fim do seu infeliz corolário que foi a Guerra Fria..Aquilo que até agora não tem alternativa não é aquilo que deu sentido à expressão que ficou famosa, é sim a falta de projeto e de esperança para organizar um globalismo que obedeça aos pressupostos da ONU. Daí que os populismos se multipliquem, que proclamem os protestos mas sem um projeto que reorganize os futuros de cada diferente parcela racial, ética ou cultural. Infelizmente, os populismos de hoje, que marcam uma circunstância mundial extremamente diferente da Rússia do fim do século XIX, onde se mostraram revolucionários e antiocidentais, é nesta Europa ocidental que enfrentam o arrefecer das esperanças de institucionalização das solidariedades das diferenças, que se agitam esses populismos, desafiando a visão tradicional de os considerar apenas como movimentos de massas, agora levando à possível formatação de partidos, com lideres que movimentem os espíritos contra os considerados desvios e corrupção, apontando irregularidades ao funcionamento das instituições sem indicarem os remédios..No caso europeu, além das infrações que estão na origem da crise económica e financeira mundial, recebeu também os riscos que resultam do desastre muçulmano, das contradições dos desastres presentes com o passado relembrado exclusivamente pelo que consideram virtudes. Pela circunstância atual, são finalmente transnacionais, sem com isso diminuir os riscos nacionais. Parece não poderem ser desconsiderados factos como o brexit, a eleição infeliz dos EUA, o populismo de direita e de esquerda em França e, finalmente, o passo em frente para a fraturação interna dos partidos tradicionais entre nós. A esperança da "terra única" está vigorosamente ameaçada..Professor universitário