Foi num domingo, a 13 de maio de 1934, que o monumento ao Marquês de Pombal foi inaugurado em Lisboa. Colocado na confluência das quatro principais vias da capital, a praça a que os lisboetas vulgarmente se referiam como Rotunda partilharia, a partir de então, esta designação com a de Marquês de Pombal..Apesar de só daí a 6 anos, em 1940, a estátua do Marquês vir a ter por vizinho o emblemático edifício da sede do Diário de Notícias, este jornal não faltou à cerimónia de inauguração, cuja notícia ocupou a sua primeira página..Deixando claro, logo no antetítulo, que a empreitada - encomendada há quase 20 anos, em 1915 - já estava devidamente paga ao anunciar "Dívida liquidada", noticiava o DN: "O monumento ao Marquês de Pombal foi ontem solenemente inaugurado: Imensa multidão ovacionou a pátria e a república".."Lisboa assistiu ontem, sob um dia de quente e esplendoroso, à solene inauguração do monumento ao Marquês de Pombal", podia ler-se no jornal, que acrescentava: "e foi uma verdadeira romagem de curiosos lá para cima, para a Rotunda, muito antes da hora marcada para a cerimónia, tomando posições nos passeis e nos arrelvados que rodeiam a imponente memória"..A curiosidade das gentes de então é compreensível. Afinal, o monumento construído em homenagem a Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal e Conde de Oeiras, era composto por um pedestal de cerca de 40 metros, em pedra trabalhada. Sobre ele, assentava a estátua de corpo inteiro do marquês, em bronze, com o braço pousado sobre o dorso de um leão, simbolizando a força e determinação que tão necessárias foram ao homem que reconstruiu a Baixa da capital, após o Terramoto de 1755 - a qual, aliás, o Marquês observa lá do alto..A cerimónia, no entanto, não se destinou apenas aos altos dignitários, que também estiveram presentes e foram todos, mas mesmo todos, nomeados no jornal. Além destes, "chegavam pessoas de todas as categorias sociais para o efeito convidadas, recebendo-as os membros da comissão executiva do monumento"..Os curiosos foram tantos que, para que a cerimónia pudesse decorrer, as "forças de polícia e Guarda Republicana a cavalo, de grande uniforme, continham a multidão na devida distância", relatava o DN. Devidamente engalanada - "havia bandeiras e troféus em profusão, vasos de plantas ornamentais e um estrado, com uma mesa e três cadeiras de espaldar" -, "a vista da praça oferecia um imponentíssimo aspeto, voando sobre ela, em elegantes evoluções, um aeroplano".