Famílias aumentam despesas de saúde no privado

Mais trabalhadores, pagamento de horas extra e descongelamento de carreiras fazem aumentar despesa dos hospitais públicos.
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A tendência não é nova e tem vindo a reforçar-se nos últimos anos. De acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a despesa das famílias portuguesas aumentou 4,4% em 2018 e os gastos no privado justificam este acréscimo.

"Em 2018, a despesa das famílias aumentou 4,4% devido, principalmente, ao acréscimo do financiamento em entidades que prestam cuidados de saúde continuados como atividade secundária (+5,8%), em prestadores privados de cuidados de saúde em ambulatório (+5,1%), em hospitais privados (4,1%), em outras vendas de bens médicos (+3,8%) e em farmácias (+1,9%)", refere o INE, acrescentando que "a despesa em hospitais públicos foi a única a diminuir (-0,6%)."

Também as farmácias continuaram a diminuir o seu peso na estrutura de despesa das famílias (-0,5 p.p.), refere o INE na conta satélite da Saúde, divulgada ontem. Para o ano passado, o gabinete de estatística ainda não tem a despesa desagregada, mas aponta já para um aumento dos gastos de 6%, acima dos 4,4% de 2018.

Mas os seguros de saúde também têm vindo a ganhar peso. "Em 2018 e 2019, as sociedades de seguros continuaram a reforçar a sua importância relativa no financiamento do sistema de saúde (4,1% em 2018 e 4,2% em 2019), apresentando aumentos de 10,4% e 8,8%, respetivamente", indica o Instituto Nacional de Estatística.

Em termos de peso, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e os Serviços Regionais de Saúde (SRS) dos Açores e da Madeira continuam a representar os principais financiadores, representando 54% da despesa corrente. Seguem-se as famílias com cerca de 30%.

No total, a despesa em saúde ultrapassou os 20 mil milhões de euros em 2019, com a despesa pública a aumentar a um ritmo inferior (-1,6 pontos percentuais) à despesa privada, que registou uma variação de 6,2% face ao ano anterior.

Já era uma evolução que vinha de trás e que o INE tinha notado na conta satélite referente a 2017: os custos com pessoal estavam a fazer subir a despesa dos hospitais públicos e na conta satélite de 2018, o gabinete de estatística detalha os motivos para este acréscimo.

"A despesa dos hospitais públicos e dos prestadores públicos de cuidados de saúde em ambulatório cresceu, em 2018, 6,1% e 3,9%, respetivamente", indica o INE, acrescentado que tal reflete "o acréscimo do consumo intermédio e dos custos com o pessoal". O gabinete de estatística refere que "entre outros motivos", essa evolução fica a dever-se ao "aumento do número de trabalhadores, ao pagamento de horas extraordinárias e ao descongelamento de carreiras".

De acordo com o relatório social do Ministério da Saúde, em 2018, foram pagas mais de 13,1 milhões de horas extraordinárias, um aumento de 11% face ao ano anterior e que originou o pagamento de 263 milhões de euros em horas suplementares.

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