Exclusivo "O título de Aga Khan deveria ser mais próximo do que se usa para o Papa"
Para o especialista em religiões Paulo Mendes Pinto, o líder espiritual dos ismaelitas deveria ser tratado por Sua Santidade, como o chefe da Igreja Católica e o Dalai Lama. Uma entrevista com o professor da Universidade Lusófona para perceber melhor a relação dos ismaelitas com Portugal, depois da compra de mais um palácio com vista ao alargamento da sua sede mundial, em Lisboa.

Príncipe Aga Khan é monarca de um reino sem país. Mas escolheu Lisboa para capital mundial dos ismaelitas.
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O Imamat Ismaili, liderado pelo Aga Khan, comprou agora o Palacete Leitão, em Lisboa. Que relação têm os ismaelitas com Portugal?
Há uma proximidade que foi construída ainda durante a época colonial, através da Índia, mas fundamentalmente de Moçambique. Encontramos muitos ismaelitas no estado português da Índia, mas à medida que o século XX avança, e que a Índia tem a sua independência, muitas famílias ismaelitas vão para Moçambique e daí virão para Portugal, após o 25 de Abril. É esse o centro da relação contemporânea com Portugal.
Por que razão Aga Khan escolheu Portugal para implantar a sede mundial dos ismaelitas?
Presumo que por um conjunto de vários fatores. O primeiro será uma questão geopolítica, que tem muito a ver, no que se refere a plataforma giratória, com aquilo que os ismaelitas são também em termos de integração no espaço da Europa, África e Ásia e de Portugal, através da lusofonia, da sua herança, há já vários séculos funcionar também como plataforma de circulação com África, com Moçambique e com a Índia. Outro fator, cada vez mais importante, é que hoje vivemos em Portugal um clima de liberdade religiosa muito significativo que faz que Portugal seja um estímulo, querido não só pelos ismaelitas mas por muitas outras comunidades religiosas.