Uma mulher. Nunca uma mulher dirigiu a Faculdade de Teologia (FT) da Universidade Católica Portuguesa (UCP)..Uma leiga. Nunca um leigo dirigiu aquela faculdade. Todos os anteriores diretores da faculdade - com sede em Lisboa e polos no Porto e em Braga - vieram dos "quadros" da Igreja Católica, ou seja, eram sacerdotes..Uma não teóloga. Também será a primeira vez que a instituição, neste ano a celebrar 50 anos de vida, não terá à frente alguém da área da teologia. Ana Maria Jorge é formada em História e doutorada em História da Igreja, especialista no período medieval e com trabalhos feitos sobre o papel da mulher na Igreja..São estas as três características novas do perfil da personalidade universitária que, a partir de hoje, dirigirá a formação dos futuros padres (é condição obrigatória para ser padre ter um curso superior de Teologia e em Portugal esses cursos só são lecionados na UCP)..Outro dado relevante: de todas as faculdades da UCP, a de Teologia é a única que tem o seu diretor - diretora, agora, no caso - nomeada pelo Vaticano (Congregação da Educação Católica). O outro posto na universidade em que isto acontece é no caso do reitor - atualmente também uma mulher, Isabel Capeloa Gil..Ana Maria Jorge nasceu há 56 anos no Vimeiro (na zona oeste do distrito de Lisboa). Sendo leiga, integra, no entanto, uma associação católica de vida consagrada, Auxiliares do Apostolado, na diocese de Lisboa. São mulheres civis que exercem as mais variadas profissões e têm uma vida autónoma (não vivem em comunidade), mas comprometem-se a viver segundo os princípios da castidade, da pobreza e da obediência, aceitando as missões que o bispo diocesano lhes confiar - sendo esse bispo, no caso, D. Manuel Clemente..A académica já era a número dois, na Faculdade de Teologia, do padre Tolentino de Mendonça, que, no final do verão, deixou a direção da instituição para passar a liderar, em Roma, os arquivos da Santa Sé. A formalização da sua escolha passou primeiro por conversas dentro da reitoria da UCP. Depois passou para D. Manuel Clemente, que é também o Magno Chanceler da universidade. E depois este transferiu o processo para Roma, que procedeu à sua nomeação oficial, em 26 de outubro..Ao DN, José Tolentino de Mendonça escusou-se a grandes comentários, falando apenas na sua "enorme alegria" com a escolha da sua antiga vice-diretora. "Desejo-lhe as maiores felicidades", afirmou..No Facebook, um padre da diocese de Setúbal, Francisco Mendes, considerou que a escolha da historiadora "não sendo de rasgo é, tanto académica como sobretudo humanamente, uma escolha acertadíssima"..António Marujo, jornalista especialista em questões religiosas - e nessa qualidade autor do blogue Religionline -, disse que Ana Maria Jorge se caracteriza por ser "moderada", ter uma "cabeça aberta" e ser "discreta". Esta foi, no seu entender, uma escolha marcada pela ideia de continuidade e também pelo facto de entre os doutorados da faculdade não haver assim tantos disponíveis para o cargo: "Era quase inevitável que fosse ela." Ambos "militaram" no Movimento Católico de Estudantes e no movimento católico de profissionais Metanoia - organizações distantes das visões conservadoras da Igreja que caracterizam, por exemplo, o Opus Dei ou a Comunhão e Libertação.
Uma mulher. Nunca uma mulher dirigiu a Faculdade de Teologia (FT) da Universidade Católica Portuguesa (UCP)..Uma leiga. Nunca um leigo dirigiu aquela faculdade. Todos os anteriores diretores da faculdade - com sede em Lisboa e polos no Porto e em Braga - vieram dos "quadros" da Igreja Católica, ou seja, eram sacerdotes..Uma não teóloga. Também será a primeira vez que a instituição, neste ano a celebrar 50 anos de vida, não terá à frente alguém da área da teologia. Ana Maria Jorge é formada em História e doutorada em História da Igreja, especialista no período medieval e com trabalhos feitos sobre o papel da mulher na Igreja..São estas as três características novas do perfil da personalidade universitária que, a partir de hoje, dirigirá a formação dos futuros padres (é condição obrigatória para ser padre ter um curso superior de Teologia e em Portugal esses cursos só são lecionados na UCP)..Outro dado relevante: de todas as faculdades da UCP, a de Teologia é a única que tem o seu diretor - diretora, agora, no caso - nomeada pelo Vaticano (Congregação da Educação Católica). O outro posto na universidade em que isto acontece é no caso do reitor - atualmente também uma mulher, Isabel Capeloa Gil..Ana Maria Jorge nasceu há 56 anos no Vimeiro (na zona oeste do distrito de Lisboa). Sendo leiga, integra, no entanto, uma associação católica de vida consagrada, Auxiliares do Apostolado, na diocese de Lisboa. São mulheres civis que exercem as mais variadas profissões e têm uma vida autónoma (não vivem em comunidade), mas comprometem-se a viver segundo os princípios da castidade, da pobreza e da obediência, aceitando as missões que o bispo diocesano lhes confiar - sendo esse bispo, no caso, D. Manuel Clemente..A académica já era a número dois, na Faculdade de Teologia, do padre Tolentino de Mendonça, que, no final do verão, deixou a direção da instituição para passar a liderar, em Roma, os arquivos da Santa Sé. A formalização da sua escolha passou primeiro por conversas dentro da reitoria da UCP. Depois passou para D. Manuel Clemente, que é também o Magno Chanceler da universidade. E depois este transferiu o processo para Roma, que procedeu à sua nomeação oficial, em 26 de outubro..Ao DN, José Tolentino de Mendonça escusou-se a grandes comentários, falando apenas na sua "enorme alegria" com a escolha da sua antiga vice-diretora. "Desejo-lhe as maiores felicidades", afirmou..No Facebook, um padre da diocese de Setúbal, Francisco Mendes, considerou que a escolha da historiadora "não sendo de rasgo é, tanto académica como sobretudo humanamente, uma escolha acertadíssima"..António Marujo, jornalista especialista em questões religiosas - e nessa qualidade autor do blogue Religionline -, disse que Ana Maria Jorge se caracteriza por ser "moderada", ter uma "cabeça aberta" e ser "discreta". Esta foi, no seu entender, uma escolha marcada pela ideia de continuidade e também pelo facto de entre os doutorados da faculdade não haver assim tantos disponíveis para o cargo: "Era quase inevitável que fosse ela." Ambos "militaram" no Movimento Católico de Estudantes e no movimento católico de profissionais Metanoia - organizações distantes das visões conservadoras da Igreja que caracterizam, por exemplo, o Opus Dei ou a Comunhão e Libertação.