1. Passeio Lisboa à noite Dos Restauradores, à baixa à cidade à beira Tejo. Domingo, 13 de junho.A beleza de Lisboa à noite. Uma descoberta que tenho feito sobretudo com os espaços muito mais vazios com a pandemia. A cidade vazia à noite, entre os Restauradores a Baixa e o rio Tejo..., é uma proposta para descobrir melhor uma outra cidade. Acho que o domingo à noite é uma boa altura para passear por esses locais que estão mais vazios, com menos pessoas. E quando se dá conta e atenção às luzes dos automóveis, aos semáforos, os elétricos a passar e as poucas pessoas que andam nas ruas nessas alturas dão uma imagem diferente de uma cidade cosmopolita com os verdes, vermelhos e amarelos a surgirem em vários lados. Às tantas aqueles espaços poderiam ser em qualquer outra cidade e descaracteriza aquela ideia da Lisboa e da sua luz quase permanente durante o dia. Nota: A foto nesta página é da autoria de José Sarmento Matos. Numa das suas andanças noturnas pelas ruas de Lisboa. .2. Filme In The Mood For Love Wong Kar Wai Segunda, 14 de junho.Ainda na sequência do passeio noturno por Lisboa no domingo, recomendo para esta segunda-feira verem o filme In The Mood for Love do Wong Kar-Wai. Este meu encontro com Lisboa à noite está associado a um vício muito grande pelos filmes do Wong Kar-Wai. A forma como ele fez o In The Mood for Love que é um filme muito noturno mas com cores muito fortes: os azuis, os vermelhos e os verdes. Fazem-me lembrar os passeios que muitas vezes faço por Lisboa à noite e em que levo o realizador comigo, na minha cabeça. E dou comigo a fotografar a cidade com as referências dos filmes dele..3.Música Munich 2016 Live Parte III Keith Jarrett Terça-feira, 15 de junho.Recomendo uma musica específica. E todas estas minhas sugestões têm a ver com a minha recente vivência em Lisboa depois de ter vindo de Londres. Neste segundo confinamento ouvi muito uma música do Keith Jarrett, que é um pianista de jazz que devido a uma condição de saúde já não pode tocar. A música faz parte de um álbum ao vivo gravado em 2016 em Munique de onde saíram várias musicas e a que mais gosto chama-se Munich 2016 Live Parte III. Ele é também conhecido pelo The Koln Concert (de 1975). Este tema é menos complexo que esse registo de 1975, a música tem cinco minutos e é muito interessante. É um tema que posso ouvir em loop e tenho sempre pensamentos diferentes enquanto a oiço. Gosto muito de conhecer músicas novas, mas ao mesmo tempo sou muito conservador em relação àquilo de que gosto, e repito muito a audição das mesmas coisas. Acho muito interessante quando oiço uma música que me faz sentir coisas diferentes e me leva a outros sítios. Esta música foi muito importante para mim nestes tempos de pandemia..4. Série Better Call Saul Série disponível no NETFLIX 5 temporadas Criado por Vince Gilligan e Peter Gould Quarta, 16 de junho.Recomendo a minha série recente favorita, que para mim é das coisas mais bem feitas em televisão. Chama-se Better Call Saul, e é um spinoff da série Breaking Bad, mas que decorre anos antes da série original. É uma série mais lenta que o normal e que conjuga a imagem e o som de uma forma fantástica. Dou por mim a parar a imagem para ver ao pormenor certos planos, o que pode ser muito irritante. A série desperta-me várias sensações. É filmada de uma forma muito simples, e acredito que seja uma das coisas mais bem feitas em televisão. Confesso que a última temporada desiludiu-me um pouco porque é mais rápida que as outras. Mas atenção não é uma série para entreter é para emergirmos nela e para irmos apreciando ao longo do tempo..5. Viajar Locais em Londres Broadway Market Street e Ridley Road Market No bairro de Hackney, em Londres Quinta, 17 de junho. Recomendo duas ruas em Londres - para quando se puder viajar para lá. A primeira, a Broadway Market Street, no bairro de Hackney que se tornou para lá de hipster. É muito perto do local onde vivia em Londres, e aos sábados tem um mercado. Mas a rua tem uma dimensão certa para se fazer várias vezes, ou vezes suficientes, e ver sempre coisas novas que me fascinavam. Luzes, reflexos novos, pessoas novas, relações novas. Uma das coisas de que sinto saudades em Lisboa é observar as relações das pessoas em Londres. Aqui em Lisboa não me sinto tanto à vontade, porque as relações são mais próximas de mim. A outra rua é mais um mercado em Dalston, também no mesmo bairro que a anterior, é o Ridley Road Market que tem uma comunidade descendente de jamaicanos e que é muito interessante também. São dois locais que aconselho a visitarem em Londres, por serem completamente diferentes e terem uma grande diversidade cultural..6. Álbum Casa Album de jazz do músico português André Matos Sexta, 18 de junho.É uma das pessoas que mais me inspira, e pode parecer parcial mas não é. É um músico de jazz, guitarrista que se chama André Matos e é meu irmão. Se calhar gosto de jazz por causa dele, a musica dele faz parte do meu crescimento. Temos feito algumas colaborações entre imagem e música. E quando oiço a música dele, não por ser meu irmão, coloca-me em momentos novos e até insólitos, o que acho que é bom tanto numa música como quando se lê um livro. O André gravou um álbum chamado Casa no seu apartamento de Nova Iorque durante o confinamento . Tem vários temas que estão relacionados com esta vida que vivemos há quase ano e meio. Há um tema chamado Cidade Deserta que é a análise dele à cidade de Nova Iorque deserta, o que deve ser assustador de ver. Ainda mais do que Lisboa. Lembro-me do dia em que em confinamento fui fotografar Lisboa deserta que estava tomada pelos pombos e pelos polícias..7. Exposição X não é um país pequeno Exposição com fotos de José Sarmento Matos e maquete do arquiteto Paulo Moreira MAAT, Lisboa Sábado, 19 de junho.Uma exposição minha, ou melhor a minha parte de uma exposição maior que se chama X não é um país pequeno. Está no Maat, em Lisboa. Foi feita em colaboração com a National Geographic e o Bairro da Jamaica, e com o rapper do bairro chamado Kid Robinn, que aconselho a ouvirem. A exposição tem ainda a colaboração do arquitecto Paulo Moreira e de um conjunto de antropologos e académicos chamados Chão, que tem trabalhado no e com o bairro desde 2015. O Paulo desenhou uma maquete de oito metros de altura e que representa um prédio já demolido no bairro. E representa também todas as pessoas que lá viveram e ainda vivem no bairro. E dentro da maquete tem uma série de fotos minhas. Ainda para este dia conselho ainda um livro The Bluest Eye, de uma autora norte-americana, uma mulher negra, Toni Morrison. Este livro é sobre uma rapariga negra num contexto de opressão nos Estados Unidos. Gosto de ler coisas que tenham a ver com os trabalhos que tenho em mãos..Escolhas pelo fotógrafo documentalista José Sarmento Matos:
1. Passeio Lisboa à noite Dos Restauradores, à baixa à cidade à beira Tejo. Domingo, 13 de junho.A beleza de Lisboa à noite. Uma descoberta que tenho feito sobretudo com os espaços muito mais vazios com a pandemia. A cidade vazia à noite, entre os Restauradores a Baixa e o rio Tejo..., é uma proposta para descobrir melhor uma outra cidade. Acho que o domingo à noite é uma boa altura para passear por esses locais que estão mais vazios, com menos pessoas. E quando se dá conta e atenção às luzes dos automóveis, aos semáforos, os elétricos a passar e as poucas pessoas que andam nas ruas nessas alturas dão uma imagem diferente de uma cidade cosmopolita com os verdes, vermelhos e amarelos a surgirem em vários lados. Às tantas aqueles espaços poderiam ser em qualquer outra cidade e descaracteriza aquela ideia da Lisboa e da sua luz quase permanente durante o dia. Nota: A foto nesta página é da autoria de José Sarmento Matos. Numa das suas andanças noturnas pelas ruas de Lisboa. .2. Filme In The Mood For Love Wong Kar Wai Segunda, 14 de junho.Ainda na sequência do passeio noturno por Lisboa no domingo, recomendo para esta segunda-feira verem o filme In The Mood for Love do Wong Kar-Wai. Este meu encontro com Lisboa à noite está associado a um vício muito grande pelos filmes do Wong Kar-Wai. A forma como ele fez o In The Mood for Love que é um filme muito noturno mas com cores muito fortes: os azuis, os vermelhos e os verdes. Fazem-me lembrar os passeios que muitas vezes faço por Lisboa à noite e em que levo o realizador comigo, na minha cabeça. E dou comigo a fotografar a cidade com as referências dos filmes dele..3.Música Munich 2016 Live Parte III Keith Jarrett Terça-feira, 15 de junho.Recomendo uma musica específica. E todas estas minhas sugestões têm a ver com a minha recente vivência em Lisboa depois de ter vindo de Londres. Neste segundo confinamento ouvi muito uma música do Keith Jarrett, que é um pianista de jazz que devido a uma condição de saúde já não pode tocar. A música faz parte de um álbum ao vivo gravado em 2016 em Munique de onde saíram várias musicas e a que mais gosto chama-se Munich 2016 Live Parte III. Ele é também conhecido pelo The Koln Concert (de 1975). Este tema é menos complexo que esse registo de 1975, a música tem cinco minutos e é muito interessante. É um tema que posso ouvir em loop e tenho sempre pensamentos diferentes enquanto a oiço. Gosto muito de conhecer músicas novas, mas ao mesmo tempo sou muito conservador em relação àquilo de que gosto, e repito muito a audição das mesmas coisas. Acho muito interessante quando oiço uma música que me faz sentir coisas diferentes e me leva a outros sítios. Esta música foi muito importante para mim nestes tempos de pandemia..4. Série Better Call Saul Série disponível no NETFLIX 5 temporadas Criado por Vince Gilligan e Peter Gould Quarta, 16 de junho.Recomendo a minha série recente favorita, que para mim é das coisas mais bem feitas em televisão. Chama-se Better Call Saul, e é um spinoff da série Breaking Bad, mas que decorre anos antes da série original. É uma série mais lenta que o normal e que conjuga a imagem e o som de uma forma fantástica. Dou por mim a parar a imagem para ver ao pormenor certos planos, o que pode ser muito irritante. A série desperta-me várias sensações. É filmada de uma forma muito simples, e acredito que seja uma das coisas mais bem feitas em televisão. Confesso que a última temporada desiludiu-me um pouco porque é mais rápida que as outras. Mas atenção não é uma série para entreter é para emergirmos nela e para irmos apreciando ao longo do tempo..5. Viajar Locais em Londres Broadway Market Street e Ridley Road Market No bairro de Hackney, em Londres Quinta, 17 de junho. Recomendo duas ruas em Londres - para quando se puder viajar para lá. A primeira, a Broadway Market Street, no bairro de Hackney que se tornou para lá de hipster. É muito perto do local onde vivia em Londres, e aos sábados tem um mercado. Mas a rua tem uma dimensão certa para se fazer várias vezes, ou vezes suficientes, e ver sempre coisas novas que me fascinavam. Luzes, reflexos novos, pessoas novas, relações novas. Uma das coisas de que sinto saudades em Lisboa é observar as relações das pessoas em Londres. Aqui em Lisboa não me sinto tanto à vontade, porque as relações são mais próximas de mim. A outra rua é mais um mercado em Dalston, também no mesmo bairro que a anterior, é o Ridley Road Market que tem uma comunidade descendente de jamaicanos e que é muito interessante também. São dois locais que aconselho a visitarem em Londres, por serem completamente diferentes e terem uma grande diversidade cultural..6. Álbum Casa Album de jazz do músico português André Matos Sexta, 18 de junho.É uma das pessoas que mais me inspira, e pode parecer parcial mas não é. É um músico de jazz, guitarrista que se chama André Matos e é meu irmão. Se calhar gosto de jazz por causa dele, a musica dele faz parte do meu crescimento. Temos feito algumas colaborações entre imagem e música. E quando oiço a música dele, não por ser meu irmão, coloca-me em momentos novos e até insólitos, o que acho que é bom tanto numa música como quando se lê um livro. O André gravou um álbum chamado Casa no seu apartamento de Nova Iorque durante o confinamento . Tem vários temas que estão relacionados com esta vida que vivemos há quase ano e meio. Há um tema chamado Cidade Deserta que é a análise dele à cidade de Nova Iorque deserta, o que deve ser assustador de ver. Ainda mais do que Lisboa. Lembro-me do dia em que em confinamento fui fotografar Lisboa deserta que estava tomada pelos pombos e pelos polícias..7. Exposição X não é um país pequeno Exposição com fotos de José Sarmento Matos e maquete do arquiteto Paulo Moreira MAAT, Lisboa Sábado, 19 de junho.Uma exposição minha, ou melhor a minha parte de uma exposição maior que se chama X não é um país pequeno. Está no Maat, em Lisboa. Foi feita em colaboração com a National Geographic e o Bairro da Jamaica, e com o rapper do bairro chamado Kid Robinn, que aconselho a ouvirem. A exposição tem ainda a colaboração do arquitecto Paulo Moreira e de um conjunto de antropologos e académicos chamados Chão, que tem trabalhado no e com o bairro desde 2015. O Paulo desenhou uma maquete de oito metros de altura e que representa um prédio já demolido no bairro. E representa também todas as pessoas que lá viveram e ainda vivem no bairro. E dentro da maquete tem uma série de fotos minhas. Ainda para este dia conselho ainda um livro The Bluest Eye, de uma autora norte-americana, uma mulher negra, Toni Morrison. Este livro é sobre uma rapariga negra num contexto de opressão nos Estados Unidos. Gosto de ler coisas que tenham a ver com os trabalhos que tenho em mãos..Escolhas pelo fotógrafo documentalista José Sarmento Matos: