A grande catástrofe em Courrières
Entre a "crónica das colónias" e a notícia da viagem de "suas magestades a Madrid", a primeira página do Diário de Notícias de dia 12 de março de 1906 destacava "a grande catastrophe em Courrières", ocorrida dois dias antes em França. Foi o pior acidente de sempre numa mina na Europa, tendo resultando na morte de 1099 mineiros, incluindo mais de 200 menores (os mais jovens, de apenas 13 anos).
"Em Courrières a população está aterrada", lia-se na primeira página. "A multidão aguarda silenciosa as notícias que são cada vez piores", explicava-se, dizendo que "os trabalhos de salvamento são perigosos e difíceis". O jornal contava ainda que "os mineiros salvos fazem descrições horrorosas" e que "o aspeto dos feridos e dos cadáveres é horrível". Lê-se que "alguns cadáveres estão recozidos e com as carnes deformadas".
O jornal de dia 12 falava da morte de 1219 pessoas, um número que seria depois revisto em baixa. E contava que a maioria das vítimas teria morrido por asfixia e pelos "esboroamentos das galerias".
A tragédia foi provocada pela explosão do pó do carvão, cuja causa nunca foi conhecida, tendo resultado na destruição de 110 quilómetros de galerias. Cerca de 600 mineiros conseguiram sair da mina nas horas após a explosão, estando muitos gravemente queimados. Um grupo de 13 sobreviventes, que ficou conhecido simplesmente como rescapés, foram resgatados 20 dias após a explosão, tendo sobrevivido com os alimentos que as vítimas tinham levado naquele dia fatídico e depois matando um dos cavalos da mina. Um último sobrevivente foi encontrado a 4 de abril.