Combustíveis. Negociações entre motoristas e Antram na reserva - governo tenta evitar nova greve
O bloqueio ao transporte de combustível de há três semanas pode voltar, mas ainda não é certo. As negociações entre Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias e Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas estão agora na reserva, depois de um desentendimento entre as partes, sobretudo quanto ao valor-base salarial em cima da mesa.
Os trabalhadores ameaçam iniciar uma nova greve no dia 23. Mas o governo, por enquanto, põe de parte arrancar com planos de contingência para a eventualidade de se repetir o cenário que, em meados de abril, lançou o caos no abastecimento do país, com uma corrida às bombas de combustível. Fonte do Ministério das Infraestruturas e Habitação diz que a ideia é continuar a alimentar o diálogo para que a greve seja desconvocada.
Depois da última ronda negocial, na terça-feira, ambas as partes saíram com versões diferentes do que poderia constituir um acordo. E suspenderam as negociações, até ver.
O sindicato dos motoristas referiu então ao Dinheiro Vivo que os "valores-base" de vencimentos, incluindo "várias rubricas", a partir de 1 de janeiro próximo se traduziriam em 1400 euros de remuneração, evoluindo em 2021 para 1550 euros e em 2022 para 1715 euros. Sobre estes, acresceriam "outros valores variáveis", estando também no pacote assistência médica especial, seguros especiais e garantia de cumprimento de horários. A perspetiva era de "paz social até ao fim do mês". Já durante o dia de ontem, o sindicato retomava a intenção de haver um faseamento a três anos, arrancando num salário base de 1200 euros.
A Antram tem um entendimento diferente: em comunicado, referiu "uma clara mudança de postura" em que os motoristas teriam desistido de reivindicar um salário-base de 1200 euros e da consagração de uma categoria profissional específica para motoristas de matérias perigosas. Tinha agora diante si uma proposta de "salário-base de 700 euros com efeitos a partir de 1 de janeiro de 2020".
Junto de uns e outros, não foi possível esclarecer as divergências. A Antram, com a nova ameaça de greve, informou que pretende apenas agora dar a conhecer as propostas aos seus associados, em reuniões que vão decorrer na próxima semana. Já o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas manteve-se em reunião e indisponível até à hora de fecho desta edição.
Até ao final do dia de ontem, Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias e Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social diziam não ter ainda recebido o pré-aviso de greve. Por ser uma atividade para satisfação de "necessidades sociais impreteríveis", a lei exige que a greve seja convocada com um mínimo de dez dias úteis de antecedência. Pela mesma razão, podem ser decretados serviços mínimos, tal como sucedeu em abril.