"Não há tempo a perder" - são as palavras de António Guterres. No mundo, Portugal incluído, mais de 200 milhões de meninas e mulheres vivem com algum tipo de mutilação genital feminina (MGF). Para mulheres e meninas, esta prática cruel e nociva não é apenas uma mutilação física, é a amputação de um direito e uma violação gritante dos direitos sexuais e reprodutivos. A MGF é um atentado à liberdade e à autonomia da sexualidade, que visa claramente a subjugação da mulher. Com frequência, assistimos a uma dupla crueldade. É que, por vezes, a própria mulher é tornada parte deste processo, como protagonista da mutilação a outras mulheres e meninas, conferindo-se-lhe até uma certa sacralidade ancestral no nefasto ritual. Esta tradição torna-se, assim, um meio de crueldade que tem por fim institucionalizar a misoginia.."Traduzir decisões políticas em ações concretas de nível nacional e nas bases comunitárias para alcançar a meta de tolerância zero à mutilação genital feminina até 2030." Este foi o mote para o dia 6 de fevereiro de 2019 em que se assinalou em todo o mundo a defesa da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina. Não esqueçamos - nós, cidadãos do mundo - que este dia é um apelo à mobilização e à consciencialização de que fenómenos como a MGF sobrevivem também pela indiferença global. Aos Estados, como principais responsáveis, bem como outras partes interessadas não estatais e stakeholders, este dia lembra justamente que é urgente concretizar resoluções e compromissos. É urgente cumprir a vontade política e traduzir em ações concretas e tangíveis os compromissos refletidos nos instrumentos internacionais. Por fim, é necessário que tudo se desenrole a nível das bases, na articulação entre serviços e entidades, junto das pessoas onde a prática acontece e onde possa acontecer..O Parlamento português e o Grupo Parlamentar Português sobre População e Desenvolvimento têm ao longo dos anos desenvolvido iniciativas que visam debater/informar e promover o abandono desta prática que afeta irreversivelmente o desenvolvimento das meninas que a ela são sujeitas, com impactos dramáticos na sua saúde, educação e integração social. O relatório publicado em janeiro pelo GREVIO - Group of Experts on Action against Violence against Women and Domestic Violence elogiou a atuação pioneira de Portugal nesta matéria, traduzida em planos de ação concretos com mais de uma década de luta contra a prática nefasta tradicional que é a MGF. É fundamental dar continuidade a esta luta, sempre na lógica da articulação entre instituições e do diálogo com a nossa vasta diáspora. Lutar contra a MGF é lutar pelo direito da mulher à liberdade e à identidade. E essa luta não é só das mulheres, muito menos das meninas. É de todos e juntos..Deputada do PS
"Não há tempo a perder" - são as palavras de António Guterres. No mundo, Portugal incluído, mais de 200 milhões de meninas e mulheres vivem com algum tipo de mutilação genital feminina (MGF). Para mulheres e meninas, esta prática cruel e nociva não é apenas uma mutilação física, é a amputação de um direito e uma violação gritante dos direitos sexuais e reprodutivos. A MGF é um atentado à liberdade e à autonomia da sexualidade, que visa claramente a subjugação da mulher. Com frequência, assistimos a uma dupla crueldade. É que, por vezes, a própria mulher é tornada parte deste processo, como protagonista da mutilação a outras mulheres e meninas, conferindo-se-lhe até uma certa sacralidade ancestral no nefasto ritual. Esta tradição torna-se, assim, um meio de crueldade que tem por fim institucionalizar a misoginia.."Traduzir decisões políticas em ações concretas de nível nacional e nas bases comunitárias para alcançar a meta de tolerância zero à mutilação genital feminina até 2030." Este foi o mote para o dia 6 de fevereiro de 2019 em que se assinalou em todo o mundo a defesa da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina. Não esqueçamos - nós, cidadãos do mundo - que este dia é um apelo à mobilização e à consciencialização de que fenómenos como a MGF sobrevivem também pela indiferença global. Aos Estados, como principais responsáveis, bem como outras partes interessadas não estatais e stakeholders, este dia lembra justamente que é urgente concretizar resoluções e compromissos. É urgente cumprir a vontade política e traduzir em ações concretas e tangíveis os compromissos refletidos nos instrumentos internacionais. Por fim, é necessário que tudo se desenrole a nível das bases, na articulação entre serviços e entidades, junto das pessoas onde a prática acontece e onde possa acontecer..O Parlamento português e o Grupo Parlamentar Português sobre População e Desenvolvimento têm ao longo dos anos desenvolvido iniciativas que visam debater/informar e promover o abandono desta prática que afeta irreversivelmente o desenvolvimento das meninas que a ela são sujeitas, com impactos dramáticos na sua saúde, educação e integração social. O relatório publicado em janeiro pelo GREVIO - Group of Experts on Action against Violence against Women and Domestic Violence elogiou a atuação pioneira de Portugal nesta matéria, traduzida em planos de ação concretos com mais de uma década de luta contra a prática nefasta tradicional que é a MGF. É fundamental dar continuidade a esta luta, sempre na lógica da articulação entre instituições e do diálogo com a nossa vasta diáspora. Lutar contra a MGF é lutar pelo direito da mulher à liberdade e à identidade. E essa luta não é só das mulheres, muito menos das meninas. É de todos e juntos..Deputada do PS