Desempregados criaram mais de 20 mil negócios em nove anos e meio

Maior parte apostou no comércio a retalho, agricultura e alojamento e restauração.
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Os anos da crise foram os que criaram mais empreendedores em Portugal. Entre 2011 e 2014, mais de 10 600 pessoas que ficaram desempregadas optaram por se tornar empresárias, recorrendo ao montante único. O ano com mais projetos aprovados foi mesmo 2011, com a chegada da troika a Portugal, apesar de ter sido em 2013 que a taxa de desemprego ultrapassou os 16% da população ativa.

O programa que permite aos beneficiários receberem "à cabeça" o valor total ou parcial do subsídio de desemprego foi criado em 2009 e até 2014, o número de pessoas a apostarem num negócio próprio esteve sempre acima das 2500. Ao todo, entre janeiro de 2010 e julho deste ano, foram aprovados projetos de 21 630 beneficiários que criaram mais de 20 500 novos negócios.

Desconhece-se o montante atribuído a cada negócio ou o valor médio. O DN/Dinheiro Vivo pediu os dados ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS), mas não obteve resposta até ao fecho desta edição. De acordo com um estudo da Nova SBE, em média foi atribuído um montante de 17 500 euros para cada projeto aceite pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) que aprova e acompanha os desempregados quando decidem constituir o próprio emprego.

Lojistas e agricultores

Os negócios criados por desempregados abrangem todos os setores de atividade. Vão desde a agricultura à cultura, mas foi no retalho que a maior parte apostou tudo. Em nove anos e meio, a atividade económica com maior criação de negócios foi no setor do "comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos e motociclos", ou seja, atividades ligadas às vendas de bens e serviços. Neste setor, foram criados 5698 negócios com o montante único. A maior parte logo em 2011.

A "agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca" foi o segundo setor de atividade mais escolhido pelos novos empreendedores/desempregados. Mais de 3300 pessoas optaram por se dedicar à terra.

A encerrar o pódio das preferências de negócio está o alojamento e restauração, aproveitando também o bom momento do turismo em Portugal.

Mas há dois setores que ao longo dos anos do programa apenas tiveram dois negócios aprovados, um para cada: no setor da energia, com a criação de uma empresa em 2013, e na administração pública e defesa, um ano antes.

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