Primeiro governo paritário alemão sucede à era Merkel

Bundestag aprova hoje Olaf Scholz como novo chanceler. O social-democrata olha com ambição para a Alemanha e espera continuidade para o exterior.
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Menos de dois meses e meio depois das eleições e um dia após a assinatura do acordo de coligação inédito entre sociais-democratas (SPD), Verdes e liberais (FDP), o até agora ministro das Finanças da Alemanha, Olaf Scholz, torna-se no novo chanceler, na sequência de uma votação no Parlamento. O fim da era da democrata-cristã Angela Merkel coincide com o primeiro Executivo em paridade de género e que, no delicado equilíbrio de três partidos, se identifica com a continuidade nas relações internacionais.

No final da cerimónia de assinatura do acordo tripartido, que decorreu em Berlim, Olaf Scholz informou que a sua primeira viagem nas novas funções será a Paris, mantendo a tradição ininterrupta desde 1974, com Helmut Schmidt. Depois do encontro com Emmanuel Macron, que simboliza a reconciliação franco-alemã pós-II Guerra, o chanceler seguirá para Bruxelas, onde reafirmará a prioridade de aprofundamento da União Europeia. "A política de relações internacionais alemã é uma política de continuidade", disse Scholz, ladeado pelo líder do FDP, Christian Lindner - e novo ministro das Finanças -, e pelo colíder dos Verdes Robert Habeck - novo vice-chanceler e ministro da Economia e da Proteção Climática.

É a outra colíder do partido ecologista, Annalena Baerbock, quem vai pegar nas rédeas dos Negócios Estrangeiros - a primeira mulher no cargo -, e deu a entender que os direitos humanos serão um tema central no seu mandato, o que implica o endurecimento perante países como a China. Todavia, Scholz preferiu dizer que as prioridades são trabalhar com a UE e com os Estados Unidos: designou o fortalecimento das relações transatlânticas - que caíram para níveis de desconfiança inéditos na era Trump - como a segunda prioridade. E previu para breve uma conversa com o presidente norte-americano, Joe Biden. "Agora é claro o que nos une", comentou.

No que respeita à política interna, o novo chefe do governo federal ambiciona realizar a "maior modernização industrial capaz de travar as alterações climáticas" e que os anos 20 sejam "um tempo de novos começos", segundo declarou ao Die Zeit.

Para já, porém, a prioridade é combater a pandemia, que irá canalizar as "forças e a energia" do novo governo. O que pode implicar a obrigatoriedade da vacinação contra a covid. "Para o meu governo não há linhas vermelhas no que poderá ser feito. Não excluímos nada", afirmou sobre as medidas sanitárias.

Do anterior governo, além de Scholz, transitam Christine Lambrecht, que troca a Justiça pela Defesa, Svenja Schulze, que deixa o Ambiente pela Cooperação e Desenvolvimento Económico, e Hubertus Heil, o único que permanece no mesmo ministério, Trabalho e Segurança Social. Nota ainda para o facto de só haver duas pessoas da antiga RDA no gabinete e de o primeiro político com ascendência turca - o ecologista Cem Özdemir - se tornar ministro.

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