Mal vai o reino quando o poder executivo fica nu

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Foram 40 os membros do governo britânico que, nas últimas horas, saíram deste Executivo. Mal vai o reino de sua majestade quando o poder executivo fica nu. Aquilo a que estamos a assistir muito dificilmente não será o desmoronamento do governo de Boris Johnson. Na imprensa britânica muitos escrevem que Boris Johnson já terá até dificuldade em encontrar pessoas que queiram integrar o seu governo. Substituir quase quatro dezenas de demissionários elevará a pressão sobre o líder do Executivo britânico.

Há eleições marcadas para 2024, resta saber se o primeiro-ministro ainda tem condições para chegar até lá e se terá respaldo para levar o seu partido conservador à vitória daqui a dois anos. Depois dos escândalos de cariz sexual, Boris deixa de ser o ícone desejado pelo clã conservador. Antes de 2024 pode nem haver sequer eleições e Boris acabar por ser substituído. Afinal, até a Dama de Ferro, Margaret Thatcher, caiu aos pés do seu grupo parlamentar.

Boris Johnson está a viver hoje, muito provavelmente, os últimos momentos da sua carreira política. Não há esquemas, escândalos, mentiras ou omissões que durem para sempre. Boris até pode recusar demitir-se, mas então deverá ser forçado a abandonar a cadeira do poder. Figuras importantes da sua família política não lhe têm poupado críticas. Ainda que tenha sobrevivido a uma moção de desconfiança dos deputados do seu partido há cerca de um mês, a sua posição é cada vez mais frágil.

Num contexto de insegurança na Europa, Londres tem um papel central na posição e na defesa do velho continente europeu. É por isso importante acompanhar de perto para onde caminha o poder da Downing Street. É que, apesar de tantas vezes desvalorizadas, as lideranças não são todas iguais, não são todas equilibradas, consistentes e decentes. Não será indiferente à Europa e ao mundo quem será o senhor ou a senhora que se segue..

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