Turismo e viagens. Vacina para a confiança
Em Portugal registaram-se 214 óbitos, o número mais baixo dos últimos 18 dias. O número de infetados baixou na última semana (nas últimas 24 horas foram 6132 os casos novos), mas há mais internados em estado grave. A região de Lisboa e vale do Tejo - onde está instalada a redação do Diário de Notícias - continua a mais penalizada pela covid-19, com 5590 novos casos de infeção e mais 99 mortos. A região norte é a segunda mais atingida, mas com menos óbitos: 4778 novos casos e mais 44 mortos. No centro do país, contabilizaram-se nas últimas 24 horas 2481 novos casos e 48 mortos.
A gravidade dos números arrasta consigo toda a economia, em particular o turismo, que já deu como perdido o período de Carnaval (até porque o ministro da Educação suspendeu esse curto momento de férias para recuperar tempo letivo) e a Páscoa está igualmente ameaçada. A realidade é agreste, mas fez que a Comissão Europeia desse, ontem, luz verde a 17 mil milhões de euros em ajudas estatais de Portugal às empresas em dificuldade, nomeadamente do turismo, exigindo que o país salvaguarde os direitos dos passageiros e dos consumidores.
Mais um pequeno grande passo no combate à crise, numa área angustiada pela ausência de procura. Estes "milhões de euros vão para as empresas e a preservação dos postos de trabalho, também nos Açores e Madeira", disse, em Bruxelas, o comissário europeu da Justiça, Didier Reynders. Avançou que estão a ser trabalhadas "duas vertentes", "mais liquidez para os diferentes setores mais afetados pela crise", como o turismo, mas também garantindo "a salvaguarda dos direitos dos consumidores" ao nível da UE. Há clientes de turismo e agências de viagens em suspenso, a aguardar reembolsos do dinheiro que investiram em viagens e que não aconteceram ao longo de um ano. Recuperar a confiança no setor do turismo e viagens ajudará a um regresso da procura, logo que a situação sanitária o permita. Respeitar os direitos dos passageiros será determinante para recuperar esse ecossistema que tem ajudado o país a crescer. "É preciso assegurar que os consumidores sejam reembolsados", insistiu o comissário europeu. O pacto de confiança entre os turistas e os players está ferido, pela lentidão e pela falta de respostas, e precisa de uma vacina.