Portugal já fabrica mais carros a gasolina do que a gasóleo

Mudança de preferência dos consumidores estrangeiros e novo modelo na Autoeuropa justificam inversão de tendência na produção automóvel, pela primeira vez desde 1995.
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Se no ano passado os consumidores ainda preferiram o gasóleo à gasolina, nas fábricas o cenário foi diferente: pela primeira vez desde 1995, Portugal produziu mais carros a gasolina do que a gasóleo, segundo os dados da ACAP - Associação Automóvel de Portugal pedidos pelo DN/Dinheiro Vivo. A mudança da preferência dos consumidores estrangeiros - que ficam com 97% dos carros fabricados em Portugal - e o sucesso do T-Roc, o novo modelo da Autoeuropa, explicam porquê.

Dos 294 470 automóveis, ligeiros e pesados, fabricados no ano passado em Portugal, nada menos de 148 293 (50,4%) saíram da linha de montagem com um motor a gasolina. Os restantes 145 969 (49,6%) tinham um motor a gasóleo. Houve ainda 104 veículos que foram registados como elétricos - neste caso, pertencem à fábrica da Mitsubishi Fuso em Portugal, que produziu uma série limitada de camiões totalmente elétricos para várias cidades.

"Como praticamente toda a produção automóvel vai parar ao estrangeiro, nota-se mais a mudança de preferência dos consumidores dos carros a gasóleo para os modelos a gasolina", assinala Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP. Em Portugal, as vendas de carros a gasóleo, ainda que em queda acelerada, ainda superam as dos automóveis a gasolina. "Os problemas de emissões geraram maior atenção para as questões ambientais", acrescenta José Couto, do cluster automóvel Mobinov.

Esta transição é ainda mais sentida se apenas forem contabilizados os carros ligeiros, que são produzidos na Autoeuropa e, em parte, na fábrica da PSA (Peugeot-Citroën) em Mangualde.

Dos 234 151 automóveis ligeiros montados no ano passado, 63,3% (148 095) tinham um motor a gasolina, que ficou em vantagem pela primeira vez desde 2009. Mas não tinha uma percentagem tão esmagadora desde 1995.

A "mudança do modelo de produção na Autoeuropa, com a produção do utilitário desportivo T-Roc, justifica o crescimento dos motores a gasolina", entende o secretário-geral da ACAP. José Couto lembra que a fábrica de Palmela "esteve vários dias com a produção parada por falta de peças para os motores a gasolina, cada vez mais procurados pelos consumidores".

Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Espanha são os cinco principais mercados de exportação de automóveis em Portugal. Concentram 69,4% das exportações de automóveis em Portugal.

Nos próximos anos, "a tendência de produção de mais carros a gasolina do que a gasóleo vai acelerar, não só em Portugal mas também na Europa", entende a direção da AFIA - Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel.

O líder do cluster automóvel Mobinov recorda que cidades como Madrid, Paris e Roma "têm projetos para banir a circulação de automóveis a gasóleo nos próximos anos". Em Estugarda, na Alemanha, um dos centros da indústria automóvel na Europa, os automóveis mais antigos a gasóleo já estão mesmo proibidos de entrar.

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