IP mantém máquinas na linha sem sistema após acidente com Alfa Pendular
A IP - Infraestruturas de Portugal vai manter em circulação as suas 50 máquinas de via sem sistema de controlo de velocidade. A decisão da gestora de infraestruturas é conhecida mesmo depois de na sexta-feira um Alfa Pendular ter abalroado, a 190 km/h, um veículo de manutenção da IP que entrou na linha do comboio após ter passado o sinal vermelho. A gestora de infraestruturas, até lá, vai apostar na formação dos trabalhadores que conduzem os veículos de manutenção das linhas enquanto não for implementado um sistema tecnológico desenvolvido em Portugal.
"As máquinas vão sair com as pessoas alerta para este risco, que não é possível eliminar", adiantou na segunda-feira o vice-presidente da IP, Carlos Fernandes. Esta decisão é tomada mesmo depois de, em 2018, os peritos do gabinete de investigação GPIAAF terem alertado que o risco de ultrapassagem indevida de sinal "é 20 vezes superior" numa máquina da IP do que nos comboios dos operadores ferroviários portugueses. O alerta foi deixado depois de ter havido um total de 15 situações em que um comboio de manutenção de via passou o sinal vermelho e entrou na linha de comboio indevidamente.
Na gestora ferroviária nacional, o foco é "insistir na formação das pessoas e reforçar a proteção dos veículos até haver uma tecnologia adequada", argumenta Alberto Diogo, administrador da IP. Entre 2017 e 2019, foram dadas, em média, seis mil horas de formação por ano, segundo a empresa.
E nem se admite a implementação de uma redundância nas linhas de comboio com sistema Convel e que apenas permita o avanço das máquinas de via entre cada uma das estações com sinal verde e uma instrução do centro de comando operacional. Esta opção não teria custos acrescentados para a Infraestruturas de Portugal e reforçaria a segurança dos seus trabalhadores.
A solução para dar mais segurança aos veículos de manutenção foi encontrada em 22 de julho, após dois anos de contactos com empresas multinacionais na área da sinalização. Desenvolvida pelos portugueses da Critical Software, passa pela instalação de uma caixa controladora (STM) para permitir que o sistema de gestão de tráfego europeu ETCS consiga interpretar os sinais difundidos pelo sistema de controlo de velocidade Convel, que funciona desde 1993 na rede ferroviária nacional.
A instalação daquele sistema em 50 máquinas de via da IP deverá custar quatro milhões de euros. Só que a gestora de infraestruturas ainda não sabe se poderá fazer um ajuste direto ou então terá de recorrer a um concurso público. Quando a contratação estiver concluída, o protótipo demorará um ano a ser desenvolvido; só depois desse período é que as máquinas de via terão este equipamento.