Globalmente, as notícias para a nossa segurança são boas: a criminalidade voltou a descer, 2% a geral e 9% a violenta. Números que vêm confirmar a tendência dos últimos anos e do relatório de criminalidade, relativo ao primeiro semestre de 2018. No entanto, há fenómenos a aumentar, como o homicídio, as burlas e a extorsão (chantagem), que merecem preocupação especial das polícias..São os dados partilhados pelas forças de serviços de segurança no Gabinete Coordenador de Segurança - que coordena o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) - relativos à criminalidade registada até ao final o terceiro trimestre de 2018, a que o DN teve acesso em exclusivo. Estes dados são ainda provisórios mas indicam já a tendência que se vai verificar no final do ano..Os crimes com maiores descidas são os de fogo posto florestal (cerca de -32%), os furtos por carteiristas (cerca de -8%) - estes com especial relevância no turismo, atividade económica que tem na segurança do país um dos principais atrativos - e os furtos de metais não preciosos (cerca de -8%)..Quanto aos crimes violentos que mais diminuíram, o relatório do terceiro trimestre indica reduções de roubos a lojas e a edifícios industriais (cerca de -25%) de roubos na via pública, exceto por esticão (cerca de -15%), de roubos em transportes públicos (cerca de -13%) e por esticão (cerca de - 11%)..Uma redução ainda mais significativa verificou-se nos assaltos a caixas ATM. De 1 de janeiro a 31 de outubro, foram reportados 22 roubos - quando no ano passado na mesma altura tinham ocorrido 144. Uma diminuição recorde de 85%..Mais 20 pessoas assassinadas.Até final de setembro houve 88 homicídios em Portugal, mais 35% do que em igual período do ano passado, mais seis do que o total de 2017 (82) e mais 12 do que o total de homicídios voluntários consumados em 2016 (76). Apesar do aumento significativo (mais 20 casos) nestes primeiros nove meses do ano, para esta percentagem de aumento se manter em 35% até ao final do ano teriam de registar-se um total de 110 homicídios até ao fim de 2018. "É um fenómeno flutuante. É um crime, em Portugal, dos mais baixos em termos mundiais. Qualquer variação representa uma alteração percentual elevada. Será sempre, no entanto, motivo de preocupação e merecerá toda a atenção", assinala um dos analistas policiais que integra este gabinete..Na criminalidade violenta, as polícias registaram igualmente o recrudescimento nas extorsões (cerca de +37%), com mais cem casos em igual período de 2017. A manter-se esta tendência, ela representa uma inversão em relação a 2017, ano durante o qual este crime desceu 28,36%, com menos 136 casos..Os analistas estão a recolher informações para perceber a que se deve este aumento para poderem explicá-lo e enquadrá-lo no RASI, quando todos os dados estatísticos estiverem consolidados. "A extorsão está muito ligada a questões de ameaças ou a violência para obtenção de algo ou até questões relacionadas com acesso a informações privadas em que se ameaça publicitar", exemplifica outra fonte policial..Aumentaram igualmente os roubos a residências (cerca de mais 7%), com perto de mais cem situações. Também neste caso, a manter-se a curva ascendente até ao fim do ano, será uma inversão da tendência de redução que vinha a verificar-se desde 2013..No geral, os crimes de roubo diminuíram cerca de 11%..Atenção aos burlões.Na criminalidade geral, as burlas são o fenómeno que maior aumento registou, confirmando a tendência que já tinha sido verificada no relatório do primeiro semestre deste ano. As forças e serviços de segurança realçam a subida de 18% em "burlas com fraude bancária" e de 16% em "burlas informáticas e de comunicações". No global, a burlas aumentaram cerca de 4%..Em causa estão essencialmente burlas através da internet na venda de férias e artigos variados. No balanço semestral a evolução desta criminalidade já tinha registado um aumento de 12%. Em 2017, as burlas foram um dos crimes que mais aumentaram, com uma subida de 47,9% (mais 4037 casos), embora as "burlas informáticas e de comunicações" tivessem diminuído 3,5%..Em 2017 foram registados 335 inquéritos desta natureza - principalmente ligados à compra e venda de produtos online - e a projeção da Polícia Judiciária era de que, até ao final do ano, cresçam para 1340 (mais 300%). Nos primeiros seis meses do ano já foram abertos 670 inquéritos por estas fraudes..Maiores subidas e descidas.De acordo com o relatório do terceiro trimestre, são estas as principais descidas e subidas na criminalidade:.Criminalidade geral.Apresenta uma tendência de ligeira descida dos níveis de criminalidade face a igual período de 2017 (cerca de - 2%)..Principais descidas - Incêndio/fogo posto em floresta, mata, arvoredo ou seara: cerca de - 32% - Furto por carteirista: cerca de - 8% - Furto de metais não preciosos: cerca de - 8%.Principais subidas - Crime de abuso de cartão de garantia ou de crédito: cerca de +21% - Burla com fraude bancária: cerca de +18% - Burla informática e nas comunicações: cerca de +16% - Furto em veículo motorizado: cerca de +9%.Na totalidade dos tipos de furto verifica-se uma ligeira descida de cerca de - 1%; nos crimes rodoviários regista-se uma descida de cerca -5%; na violência doméstica regista-se uma ligeira descida de -0,5%. Relativamente à totalidade dos crimes de burla registou-se um aumento de cerca de + 4%..Criminalidade violenta e grave.Comparando com igual período de 2017, a criminalidade violenta e grave apresenta uma descida de cerca de - 9%..Principais descidas:.Roubo em edifícios comerciais ou industriais: cerca de -25% Roubo na via pública exceto por esticão: cerca de -15% Roubo em transportes públicos: cerca de -13% Roubo por esticão: cerca de -11%.Principais subidas.Extorsão: cerca de +37% (cerca de +100 ocorrências) Homicídio voluntário consumado: cerca de +35% (cerca de +20 ocorrências) Roubo a residência: cerca de +7% (cerca de +30 ocorrências)..Na totalidade dos crimes por roubo (que incluem, por exemplo, os assaltos a carrinhas de transporte de valores, farmácias, ourivesarias, correios, entre outros) verificou-se uma descida de cerca de 11%.