Benfica sob brasas entrega a liderança ao FC Porto
O Benfica entregou esta segunda-feira a liderança da I Liga ao FC Porto ao empatar 1-1, em pleno Estádio da Luz, com o Moreirense. A equipa de Bruno Lage, que esteve 14 jornadas no primeiro lugar, perdeu em menos de um mês um total de oito pontos em apenas quatro jogos e, de sete pontos que tinha de vantagem antes da visita ao Estádio do Dragão, tem agora um de desvantagem, quando faltam onze jogos para terminar o campeonato.
Na prática, está a acontecer aos encarnados aquilo que aconteceu ao FC Porto na época passada, que também desperdiçou um avanço de sete pontos. Algo que os benfiquistas julgavam impensável antes da visita ao rival a 8 de fevereiro, uma vez que vinham de 16 vitórias consecutivas.
O Moreirense que está numa posição bem tranquila na tabela, voltou a surpreender na Luz, onde na época passada até venceu por 3-1, numa altura em que ainda era Rui Vitória o treinador dos encarnados. Desta vez, voltaram a acentuaram a crise que se vive na Luz, onde o Benfica vai para o terceiro jogo seguido sem vencer.
Foi um Benfica a desconfiar dele próprio que entrou em campo. Os vários erros defensivos dos últimos jogos da equipa de Bruno Lage estão a influenciar o desempenho dos jogadores, notando-se uma grande intranquilidade cada vez que o adversário ultrapassa a linha de meio-campo em velocidade.
E quando um adversário ergue uma muralha em frente da sua baliza, com as suas linhas muito juntas para retirar espaços aos encarnadas e, cada vez que ganha a bola, procura explorar os alas criar perigo, a intranquilidade aumenta. Foi isso que fez o Moreirense, que foi criando problemas no ataque posicional do Benfica, que encontrava muitas pernas pelo caminho até a bola chegar à área.
Ainda assim, foram os campeões nacionais a criar a primeira oportunidade para marcar, na sequência de um livre de Grimaldo em que Iago Santos quase fez autogolo. Só que logo a seguir Fábio Abreu recebeu a bola de costas para a baliza e rematou ao lado... Com o primeiro erro defensivo, logo aos 13 minutos, surgiram os primeiros sinais de intranquilidade dos adeptos benfiquistas.
É verdade que Carlos Vinícius e Taarabt voltaram a estar perto de marcar, mas quando os ponteiros do relógio rondavam a meia hora eis que Vlachodimos emenda mais uma desatenção defensiva a cortar com os pés quando Fábio Abreu se isolava. E logo a seguir foi João Aurélio a ser deixado liberto na pequena área, a cabecear por cima depois de um cruzamento de Bilel, que passou como quis por Grimaldo.
Ouviam-se alguns assobios na Luz, mas a equipa de Bruno Lage reagiu bem com três oportunidades desperdiçadas por Pizzi (defesa sem saber como de Pasinato), Rúben Dias e Grimaldo (cruzamento que saiu ao poste).
Quando soou o apito do árbitro Fábio Veríssimo para o intervalo, o rosto do treinador do Benfica dizia tudo. Faltava o equilíbrio que tanto tem falado. A equipa criou oportunidades, apesar de ficar a sensação de ser em esforço, mas o problema estava na transição defensiva. A estratégia do Moreirense, apesar de alguns sustos, estava a resultar e o tempo jogava a seu favor.
O início do segundo tempo mostrou um Benfica mais intenso e a pressionar mais o Moreirense e o resultado dessa nova atitude surgiu aos 47 minutos, quando um cruzamento de Tomás Tavares foi cortado por Gabrielzinho com o braço. Era a grande oportunidade para os encarnados passarem para a frente, só que Pizzi não acertou na baliza. Logo a seguir Rafa Silva fez mesmo o golo, mas prontamente anulado com o recurso ao VAR uma vez que a bola bateu antes no braço do Pizzi.
E se a Luz já era um caldeirão de nervos, pior ficou. A bola não entrava por nada e Dyego Sousa na primeira vez que tocou na bola, após substituir Weigl, cabeceou para grande defesa de Mateus Pasinato.
E na primeira vez que o Moreirense conseguiu fazer um contra-ataque, Abdu Conté cruzou para a pequena área onde Ferro não cortou e apareceu, nas costas, Fábio Abreu, a abrir o marcador. O ponta-de-lança angolano marcava pela quinta jornada seguida e a surpresa estava à vista. Afinal, com 23 minutos para os 90, o Benfica tinha uma montanha para escalar.
Bruno Lage resolve então dar mais largura fazendo entrar Franco Cervi primeiro e Jota logo a seguir para o lugar de Taarabt, que originou uma enorme assobiadela ao treinador do dos encarnados. O Benfica jogava então mais com o coração, a bombear bolas para a área, e acabou mesmo por ser o Moreirense a ter a possibilidade de aumentar a vantagem em novo contra-ataque, mas Pedro Nuno, só com Vlachodimos pela frente, rematou ao lado.
Adivinhava-se a terceira derrota dos encarnados para a I Liga, mas aos 89 minutos, Filipe Soares derrubou Cervi na área e Fábio Veríssimo mandou marcar penálti. Pizzi assumiu a responsabilidade, mas voltou a falhar, permitindo agora a defesa de Pasinato, mas o capitão do Benfica acabou por chegar a tempo para recarga que deu o empate.
Os minutos finais do tempo extra, o Benfica tentou tudo para ainda chegar à vitória mas sem a clarividência necessária para chegar ao golo.
O guarda-redes brasileiro de 27 anos defendeu tudo o que foi possível, tornando-se um autêntico rochedo a que o Moreirense se agrarrou nos momentos em que o Benfica exerceu maior pressão. Foram oito defesas e só não conseguiu parar a recarga de Pizzi ao penálti que até tinha defendido.
VEJA OS MELHORES MOMENTOS DA PARTIDA:
Eis as equipas:
Estádio da Luz
Árbitro: Fábio Veríssimo (Leiria)
Benfica - Vlachodimos; Tomás Tavares, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo; Pizzi, Weigl (Dyego Sousa, 61'), Samaris, Rafa Silva (Franco Cervi, 71'); Taarabt (Jota, 74'), Carlos Vinícius
Treinador: Bruno Lage
Moreirense - Mateus Pasinato; João Aurélio, Rosic, Iago Santos, Abdu Conté; Alex Soares (Steven Vitória, 90'+3), Fábio Pacheco, Filipe Soares; Bilel Aouacheria (Pedro Nuno, 79'), Fábio Abreu, Gabrielzinho (Luís Machado, 64')
Treinador: Ricardo Soares
Carão amarelo a Filipe Soares (55'), Samaris (56')
Golos: 0-1, Fábio Abreu (67'); 1-1, Pizzi (90'+1)