Do Brasil até ao Quénia: 200 jovens partem para estágio internacional
Distribuídos pelo auditório do ISEG, em Lisboa, os jovens selecionados para a 24.ª edição do campus INOV Contacto não conseguem esconder o nervosismo. Vindos de vários pontos do país, as duas centenas de rostos que ocupam a sala têm algo em comum: a ambição de um estágio além-fronteiras, em diferentes pontos do globo. A cerimónia põe fim a dias de aulas, palestras e exercícios de grupo; agora é hora de saber em que países irão passar os próximos seis meses de vida.
Ao longo destas duas décadas, o programa INOV Contacto já levou seis mil jovens além-fronteiras. Ao todo, são 1200 as empresas e as organizações que já receberam estagiários do programa, em 82 países. Na lista de destinos contam-se países como Brasil, Moçambique, Namíbia, Gana, Irão ou Cazaquistão. Neste ano, por causa do coronavírus que eclodiu em Wuhan, na China, não haverá estagiários internacionais colocados naquele país asiático. "Não vamos colocar ninguém na China, não vamos correr riscos desnecessários", diz Maria João Bobone, diretora do programa. O vírus detetado no país asiático implicou alterações na colocação de estagiários internacionais, habitualmente distribuídos por embaixadas e escritórios de advogados na China.
Para a responsável, o programa de estágios representa a oportunidade de "partir à aventura, de coração aberto, e tudo pode acontecer", adianta Maria João Bobone, que diz os participantes do campus deste ano estão "preparadíssimos para interagir com o futuro, são realmente uma geração privilegiada. São altamente motivados para isto, não só durante o processo de seleção e recrutamento - matching em que sabem o seu destino -, mas até ao dia em que aqui estão, que são dias intensivos, a receber tudo quanto há, para mostrar que são o futuro do mundo e que podem fazer a diferença, se quiserem aproveitar esta oportunidade que lhes vai mudar a vida".
Na edição deste ano, é o Reino Unido que mais estagiários receberá - no total, são 32. Ana Luísa Almeida é um dos exemplos com destino marcado para Londres. Descreve o programa como a oportunidade de viver no estrangeiro, que não teve durante a licenciatura. "Acabei a minha licenciatura em Economia e estava à procura de novas experiências. Não tinha feito Erasmus, não tive oportunidade de viver tanto tempo fora." Durante vários anos representou a seleção nacional de ténis, mas nunca com uma experiência além-fronteiras tão longa. "Soube por amigos meus e conhecidos [do INOV] e achei uma ótima oportunidade de promover Portugal e de ter, na minha própria vida profissional, um desafio gigante de viver sozinha e de conhecer coisas novas."
Com pontos de contacto no Reino Unido, afirma estar tranquila com o cenário do brexit. "Não estou muito preocupada porque é um país vizinho, é familiar, um país onde tenho muitos amigos e familiares a viver. E se eles não estão preocupados, acho que também não vou estar e que vai ser uma experiência incrível. Vou aproveitar, se houver algum obstáculo, tudo se há de resolver."
Além do Reino Unido, serão Espanha, Estados Unidos, Brasil ou Moçambique a receber os maiores grupos de estagiários. David Santos, licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais, é o primeiro e único inov a estagiar em Nairobi, no Quénia, ao longo deste ano.
Durante a semana de formação, o mistério de quem seria o escolhido para o Quénia foi aumentando entre os participantes, confessa. "Durante esta semana falou-se muito do Quénia, havia quem estivesse reticente e quem considerasse o pior destino. Vejo-o como um desafio pessoal grande, inclusive na carreira. Mas o meu saldo é extremamente positivo, estou contente. Espero ter um trabalho não só nas várias vertentes da embaixada, mas também representar o meu país", explica David Santos.
Com jovens de diferentes áreas de estudo, desde gestão e engenharia a relações internacionais, há novas empresas que quiseram receber os estagiários portugueses. A filial da Warner Music, no Reino Unido, é um dos exemplos de novas organizações no programa coordenado pela AICEP. A sueca IKEA ou a Queen Mary University of London também fazem a estreia no programa.
jornalista do Dinheiro Vivo