Venda de carros elétricos e híbridos resiste à pandemia no primeiro semestre

Portugueses estão a comprar menos carros há quatro meses consecutivos. Mercado está ao nível dos piores anos da <em>troika</em>.
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A venda de carros elétricos e híbridos resistiu à pandemia de covid-19 nos primeiros seis meses deste ano. Em sentido contrário, os portugueses estão a comprar menos carros há quatro meses consecutivos.

Só em junho, o mercado automóvel recuou 54%, para as 13.678 unidades. Nas contas do semestre, a travagem foi de 48,2%, para 78.001 veículos. Portugal teve a segunda maior quebra de vendas da UE segundo os dados divulgados na quarta-feira pela associação automóvel ACAP.

A pandemia está a servir para os carros a gasolina e a gasóleo perderem quota de mercado entre os ligeiros, segundo contas do DN/Dinheiro Vivo. Até junho, estes carros valiam 81% do mercado (52 510 unidades); nos mesmos seis meses do ano passado, representavam 90,6% das matrículas (116 464 registos). É uma redução de quase 10 pontos percentuais. Por combustíveis, a quota de mercado da gasolina foi de 47,3% entre janeiro e junho deste ano, enquanto os diesel pesaram 33,9%

Os modelos alternativos, por outro lado, representaram mais de um sexto das vendas (18,8%) e até aumentaram o número de unidades vendidas em 2,1%. É o caso dos automóveis puramente elétricos, híbridos, plug-in e movidos a GPL. Nos primeiros seis meses do ano passado, estes modelos tinham uma quota de mercado de 9,28%. "Segmentos como este são minoritários e costumam resistir melhor às crises", justifica Helder Pedro, secretário-geral da ACAP.

Entre o mercado automóvel nacional, os híbridos (sem extensor de autonomia) têm uma quota de 6,7%, enquanto os modelos plug-in (com possibilidade de carregamento de baterias) têm um peso de 5,8%. Para os elétricos puros, já há uma 'fatia' de 5,6%. Os carros a GPL contam com 0,7% das vendas.

Apesar de as vendas descerem há quatro meses consecutivos, junho marcou a quebra menos significativa (-54%). Nos três meses anteriores, as travagens foram de 56,6% (março), 84,6% (abril) e de 71,6% (maio).

"Estes números continuam a mostrar que, além do efeito evidente do encerramento do comércio automóvel em reação às medidas impostas pelo Estado de Emergência para travar a pandemia de covid-19 e do elevado número de trabalhadores em lay-off, a confiança dos consumidores portugueses ainda está muito fragilizada e recetiva no que toca ao futuro próximo", assinalou a associação Anecra, que representa o comércio e reparação automóvel.

Junho de 2020 foi o segundo pior mês de junho de sempre, apenas superado pelo desempenho de 2012, em plena intervenção da troika, quando só foram matriculados 12 238 automóveis. Na comparação semestral, só os primeiros seis meses de 2012.

Mesmo com uma quebra de 60,9% face a 2019, a Renault liderou a tabela de junho, com 1676 matrículas; na segunda posição, surge a Peugeot, com 1276 automóveis (-39,7%); na terceira posição, aparece a Mercedes, com 912 veículos vendidos (-43,1%).

Nem os carros de luxo escapam à situação: em junho, Ferrari e a Bentley só matricularam um carro, cada uma. No primeiro semestre, só a Lamborghini conseguiu vender o mesmo número de carros do que até junho do ano passado. E até agora, não houve interessados em modelos da Maserati ou Aston Martin.

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