Presidenciais. Marcelo segura votos, Ventura e Ana Gomes na luta pelo segundo lugar
Por muito que os candidatos desvalorizem as sondagens, a verdade é que elas servem para balizar muito da ação política. Nestas eleições presidenciais, cujos debates começam este sábado, não haverá exceção. Os ataques e as picardias entre candidatos vão ser pautados por um combate em que já se adivinha o vencedor antecipado, mas ainda há muitas incógnitas sobre o peso eleitoral dos adversários de Marcelo Rebelo de Sousa.
É como teste do algodão, as eleições presidenciais nunca falharam. Numa corrida a um segundo mandato, como é o caso de Marcelo, os então presidentes foram sempre eleitos à primeira volta. É isso que as sondagens têm apontado. Mas nesta corrida até 24 de janeiro, e num momento de pandemia que limita a campanha eleitoral, os frente-a-frente assumem um papel preponderante e podem determinar o o alinhamento que sairá das urnas.
E se nas eleições para Belém conta o vencedor, porque é titular de órgão único, também vai contar, e muito, a luta pelo segundo lugar e até os lugares mais cá para baixo na preferência dos portugueses para a mais alta figura do Estado. A mobilização do eleitorado também não pode ser esquecida.
Marcelo parte com toda a vantagem quando se sentar nos estúdios de televisão ou no debate conjunto das rádios - TSF, Rádio Renascença e Antena 1-, agendado para dia 18. Mas tem uma tarefa importante, a de convencer o eleitorado de direita, ou mesmo a resvalar para a extrema, que ainda é ele que melhor os representa e assim conter os votos que poderão verter para André Ventura. Mas também os que podem cair no colo de Ana Gomes.
O líder do Chega procura nestas eleições ampliar a sua base eleitoral e dar maior fôlego ao seu partido. André Ventura vai certamente ser muito duro com Ana Gomes, que embora jogue num campeonato muito diferente em termos políticos, tem uma bandeira que o adversário também empunha, a do combate à corrupção. Este, aliás, é um dos temas clássicos dos debates nas presidenciais.
Ana Gomes, que não obteve o apoio do PS à sua candidatura, também fará tudo para provar a António Costa que tem peso eleitoral e vai bater-se com garra por um bom resultado nas urnas.
À esquerda a luta também é importante. Marisa Matias, a eurodeputada apoiada pelo Bloco de Esquerda (que conseguiu 10% nas presidenciais de 2016) terá de avançar com argumentos de peso para tentar alcançar um score próximo, com a dificuldade de ter uma "amiga" de esquerda a disputar o mesmo campo político, no caso Ana Gomes.
João Ferreira, outro eurodeputado, apoiado pelo PCP, confronta-se com o mesmo problema e as sondagens não têm sido muito meigas para aquele que já é visto como o potencial sucessor de Jerónimo de Sousa.
O candidato apoiado pela Iniciativa Liberal, Tiago Mayan, vai marcar terreno com as ideias do seu partido, que teve sucesso eleitoral em todos os atos a que concorreu, e Vitorino Silva, conhecido como "Tino de Rans", corre numa pista muito própria e ainda conseguiu ter direito a entrar nos debates a convite da RTP e no Porto Canal.
Os temas dos frente-a-frente vão viver muito do contexto da pandemia e do que os candidatos pensam sobre a resposta à crise económica e social, mas também dos tremeliques que a estabilidade governativa poderá sofrer no próximo ano, dos casos bicudos como a morte do cidadão ucraniano no aeroporto às mãos de agentes do SEF ou até em torno da despenalização da morte assistida e, claro, do combate à corrupção.
Marcelo estará sob o fogo cruzado de todos os candidatos, que vão tentar passar a ideia de que andou cinco anos de braço dado com o governo socialista.
Vão ser 16 os frente-a-frente nas televisões e Marcelo abre e fecha os debates dos candidatos presidenciais.
O primeiro debate da série de 15 entre candidatos a Belém, será hoje entre Marcelo Rebelo de Sousa e Marisa Matias na RTP1 (21.00). Também este sábado, debatem João Ferreira e André Ventura na TVI24 (22.00).
No dia seguinte ao arranque dos debates, Marcelo terá um frente-a-frente com Tiago Mayan. No dia seguinte, Ana Gomes se estreia-se na SIC Notícias em debate com Marisa Matias.
A lógica acertada entre os diretores de informação das estações de televisão e os representantes das candidaturas é de dois debates no mesmo dia, à exceção de dia 3 de dezembro em que só haverá um. A RTP fará todos os debates na RTP1, e a SIC e TVI irão transmitir dois no canal generalista e três no cabo.
Os debates nos canais generalistas estão sempre agendados para as 21.00 e os dos canais de cabo para as 22.00. As rádios TSF, Rádio Renascença e Antena1 vão fazer um debate com todos os candidatos a 18 de janeiro entre as 09.00 e as 11.00.
São estas as datas dos debates televisivos e na rádio:
2 de janeiro, sábado
Marcelo Rebelo de Sousa - Marisa Matias (RTP1)
João Ferreira - André Ventura (TVI24)
3 de janeiro, domingo
Marcelo Rebelo de Sousa - Tiago Mayan (RTP1)
4 janeiro, segunda-feira
Marcelo Rebelo de Sousa - João Ferreira (TVI)
Marisa Matias - Ana Gomes (SIC-Noticias)
5 de janeiro, terça-feira
João Ferreira - Ana Gomes (RTP1
André Ventura - Tiago Mayan (SIC-Notícias)
6 de janeiro, quarta-feira
Marcelo Rebelo de Sousa - André Ventura (SIC)
João Ferreira - Tiago Mayan (TVI24)
7 de janeiro, quinta-feira
Marisa Matias - André Ventura (SIC)
Ana Gomes - Tiago Mayan (TVI24)
8 de janeiro, sexta-feira
Ana Gomes - André Ventura (TVI)
Marisa Matias - João Ferreira (RTP1)
9 de janeiro, sábado
Marcelo Rebelo de Sousa - Ana Gomes (RTP1)
Marisa Matias - Tiago Mayan (SIC-Notícias)
12 janeiro, terça-feira
Debate com todos na RTP
18 de janeiro, segunda-feira
Debate com todos na TSF, Rádio Renascença e Antena 1