Após polémica do altar-palco, a JMJ começa a ganhar forma
Faltam quatro meses para a Jornada Mundial da Juventude e já começam a acelerar as obras para estar tudo pronto até à primeira semana de agosto. O DN conversou com a Igreja, Governo e Câmaras de Lisboa e Loures para perceber o que já está feito e o que ainda falta.

As obras no Parque Tejo Trancão estão previstas terminar antes de agosto
© Reinaldo Rodrigues/Global Imagens
Entre 1 e 6 de agosto, Lisboa vai receber milhares de peregrinos de todo o mundo naquele que é considerado um dos maiores eventos da Igreja Católica. A 120 dias da Jornada Mundial da Juventude, o DN conversou com os representantes das várias partes envolvidas: a Fundação JMJ Lisboa 2023, as câmaras municipais de Lisboa e de Loures e o Grupo de Trabalho do Governo para saber como estão os trabalhos. Tudo parece mais calmo na relação entre todos depois de alguns meses marcados por polémica. O altar-palco do Parque Tejo Trancão causou indignação pelo valor que foi inicialmente apresentado pela Câmara Municipal de Lisboa: 4,24 milhões de euros. O preço foi justificado com os requisitos do promotor e com o facto de este ser um investimento para o futuro dado que o palco vai ficar para utilização da cidade. Durante duas semanas a Igreja, autarquia e Mota-Engil (empresa com quem foi celebrado o contrato) reuniram para rever o valor inicial chegando a uma redução de 30%, passando este a custar 2,9 milhões de euros.
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Foi assinado entre estas entidades um memorando de entendimento que determina as responsabilidades de cada um no Parque Tejo e nos outros pontos de Lisboa onde vão acontecer atividades da JMJ - Parque Eduardo VII, Terreiro do Paço, Alameda Dom Afonso Henriques e Parque da Belavista.
A Fundação JMJ é responsável pela parte logística relacionada com os voluntários e os peregrinos, desde o recrutamento à alimentação de todas estas pessoas durante a primeira semana de agosto. "Tivemos um período grande de definir as mensagens que vão ser passadas durante a Jornada, o programa dos eventos principais. Tivemos equipas, sobretudo na área pastoral, a trabalhar no minuto a minuto desses eventos", diz Duarte Ricciardi, secretário-executivo da Fundação JMJ Lisboa 2023.
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O check in de todos os peregrinos vai ser feito ou nos sítios de alojamento, para aqueles que escolhem esta opção na inscrição, ou no centro de check in único que vai ser criado na Universidade Católica Portuguesa. No entanto, o centro na universidade apenas será montado mais perto do início da Jornada de forma a não perturbar o funcionamento das aulas.
O recrutamento de voluntários está ainda a decorrer sendo que serão necessários 20 a 30 mil jovens, que serão divididos em voluntários paroquiais, que dão apoio nas paróquias e espaços de alojamento, e voluntários centrais, que vão ajudar em eventos por toda a cidade de Lisboa. "Já recrutámos mais ou menos metade do número de voluntários que precisamos, tal como os chefes dos voluntários, em que cada jovem lidera uma equipa de cerca de dez pessoas. Estamos a dar formação a todos estes voluntários e vamos continuar a dar até ao fim", explica Duarte Ricciardi.
A alimentação é também uma das principais responsabilidades da Fundação JMJ que está a estabelecer parcerias com vários restaurantes em que os peregrinos podem trocar um QRCode por uma refeição. Estes restaurantes estarão espalhados pelas três dioceses de acolhimento (Lisboa, Setúbal e Santarém).
O altar-palco, responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa, vai estar terminado antes de agosto. "Vamos terminar a empreitada muitos meses antes da Jornada acontecer em agosto. O prazo é maio e nós acreditamos que poderá ser antecipado para o mês de abril", afirma Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa e responsável pela JMJ na autarquia. As contratações para os ecrãs que vão ser colocados ao longo do recinto já foram feitas mas apenas serão colocados nos dias anteriores ao início do evento.
"Aquilo que depende da câmara, estamos a trabalhar dia e noite, temos noção da dimensão da exigência que nos é colocada mas estamos a cumprir muito bem o cronograma a que nos tínhamos proposto", explica o autarca.
A plantação da sementeira está também em bom caminho com o parque a ficar cada vez mais verde de dia para dia. Quanto ao assentamento das terras sobre o antigo aterro de Beirolas, o autarca de Lisboa reforça que todas as avaliações e certificações pelas entidades competentes apontam que não se deve ter qualquer receio. "Não temos de ter qualquer receio desse ponto de vista e portanto o terreno está em boas condições para acolher esta Jornada e sobretudo para depois aquele terreno ficar como um grande legado para a cidade de Lisboa", frisa Filipe Anacoreta Correia. Várias dúvidas foram levantadas quanto à segurança de construir em cima do antigo aterro que foi selado há 25 anos.
Desde outubro de 2022 que a Petrogal cedeu ao município de Loures o terreno o que permitiu iniciar os trabalhos de desmatação e limpeza. Também já foi assinada a consignação dos trabalhos de empreitada como a modelação do terreno, execução dos caminhos, a hidrossementeira e instalação da rede de abastecimento de água. O plano de gestão de resíduos para o evento e pós evento também já está em andamento.
Sónia Paixão, vice-presidente da Câmara Municipal de Loures, faz questão de destacar o trabalho do Departamento de Educação e do Departamento de Cultura, Desporto, Juventude e Saúde da autarquia de Loures. "Como a JMJ não é só o recinto do Tejo Trancão não podemos deixar de realçar o trabalho que os serviços municipais estão a fazer com as Paróquias no sentido de, em conjunto, serem encontradas soluções para os locais de acolhimento e realização de iniciativas de âmbito cultural e religioso".
O Governo ficou, entre outros temas, responsável pelos planos de saúde, mobilidade e segurança. Segundo José Sá Fernandes, coordenador do Governo para a JMJ, todos estes planos estão perto de serem terminados. O de mobilidade é o que está mais adiantado e já tem uma primeira versão que vai agora ser analisada pelos serviços de segurança. A Cidade da Alegria, espaço que juntará a Feira Vocacional e o Parque do Perdão, é uma competência que passou para o Governo. "Já comprámos todo o material e a Igreja é que vai montar tudo", explica Sá Fernandes.
Mas afinal, o que falta?
A Fundação JMJ garante que o que ainda não está feito só pode ser feito nas semanas anteriores à Jornada. "Há uma grande carga logística e prática que acontece só no fim porque tem de acontecer só no fim. Mas tudo o que conseguirmos antecipar, já o estamos a fazer", afirma Duarte Ricciardi. O palco do Parque Eduardo VII é da responsabilidade da Fundação e o concurso será lançado em breve.
A ponte ciclo pedonal deveria ter ficado pronta em fevereiro mas não se conseguiu cumprir o calendário previsto. Filipe Anacoreta Correia prevê que esta obra deverá estar completa em abril ou mais tardar maio.
Os planos de segurança e saúde, que são da responsabilidade do Governo, já começam a estar estruturados de forma a que tudo corra da melhor forma possível. A parte da segurança está a ser trabalhada com o Serviço de Segurança Interna (SSI), com Sá Fernandes a considerar que este plano pode sofrer alterações até à semana do evento. O plano de saúde está também a ser desenvolvido com o envolvimento de entidades a nível nacional . "Continuamos a ter um grau de incerteza quanto ao número de pessoas. O que nós temos de prever é para o número máximo de pessoas previsíveis, mas não temos dados certos porque as inscrições ainda decorrem", afirma Sá Fernandes.
As quatro partes vão colaborar na instalação das torres de multimédia, som e casas de banho.
O passadiço do lado de Loures deverá estar pronto em abril mas por questões de segurança não será utilizado na JMJ.
Todas as entidades concordam que tudo está encaminhado e revelam ansiedade para que chegue agosto e se possa ver tudo concluído. "Estamos confortáveis mais ansiosos", diz José Sá Fernandes.
sara.a.santos@dn.pt
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