Clark Hunt é dono de uma equipa da NFL e está de novo no Mundial

O Campeonato do Mundo atrai todo o tipo de gente, até mesmo um herdeiro de uma das famílias mais famosas do futebol americano
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Clark Hunt, proprietário e administrador-executivo do Kansas City Chiefs da NFL [liga de futebol americano], perdeu apenas um Campeonato do Mundo desde 1974. Foi em 1978. O Campeonato do Mundo era na Argentina naquele ano e havia sequestros de empresários naquela parte do mundo, assim, o seu pai, Lamar, decidiu não comparecer. Hunt esteve em todos os Campeonatos do Mundo desde então, e lá estava ele a comer uma salada de camarão com a família na Fortaleza de Pedro e Paulo, na margem norte do rio Neva, na terça-feira.

Eles iam assistir ao jogo Nigéria-Argentina mais tarde. Tinham visto o Brasil-Costa Rica no outro dia, bem como um jogo em Moscovo no início da competição.

"Este está no topo", disse Hunt, de 53 anos, quando questionado sobre como classificava este Mundial em comparação com os outros 10 em que tinha estado, um percurso que teve o seu início quando o pai o começou a levar, estava ele ainda no ensino básico. Em termos de futebol nos Estados Unidos, isso classifica os Hunt, de Dallas, como adeptos pioneiros.

Conta Hunt que o pai não tinha grande afinidade com o desporto mas, apesar disso, apanhou o bichinho depois de ver a Inglaterra vencer o Campeonato do Mundo de 1966 em Londres.

"O meu pai adorava o espetáculo e a vivência dos adeptos, e não há nada que se assemelhe a um Campeonato do Mundo nesse aspeto", disse Hunt, acompanhado pela mulher, Tavia Shackles, e pelos filhos que jogam futebol.

No final da década de 1960, Lamar Hunt ajudou a criar os Chiefs e a Liga de Futebol Americano, que estava no processo de forçar uma fusão com a NFL, e não havia nenhum desporto em que ele não quisesse investir. Tornou-se um investidor fundador dos Chicago Bulls, iniciou uma digressão de ténis profissional e mergulhou no futebol com os Dallas Tornado e no que se tornaria a NASL [Liga de Futebol Norte-Americana], a primeira grande tentativa dos Estados Unidos no futebol profissional. Os Dallas Tornado estavam cheios de britânicos, que treinavam crianças nas ligas jovens da região de Dallas quando acabava a época. Foi assim que Clark Hunt teve o seu primeiro contacto com o desporto.

Hunt foi para a Southern Methodist University para jogar futebol (americano). Ele conta que demorou menos de uma semana de treinos pré-temporada a perceber que não iria pisar muito o campo. Decidiu ir ao gabinete do treinador de futebol e perguntou se poderia tentar. Jogou durante quatro anos.

Nos negócios, ser-se pioneiro e estar errado é frequentemente a mesma coisa. Quando Hunt se formou, a NASL tinha acabado, não que ele fosse suficientemente bom para jogar profissionalmente. Simplesmente não havia adeptos suficientes na altura, mas o jogo renasceria.

No início dos anos 90, quando os adeptos de futebol na América tentavam arrecadar dinheiro para uma nova liga profissional, foram falar com Lamar Hunt. Todos os seus conselheiros lhe disseram para não se meter nisso, uma vez que ele já havia perdido milhões no desporto, contou Clark Hunt.

Lamar Hunt investiu, apesar de tudo. Ele perdeu mais uns milhões durante a década seguinte ao ajudar a salvar a Major League Soccer do colapso, e também ajudou a trazer os jogos do Campeonato do Mundo para Dallas em 1994 e a construir o primeiro estádio específico para futebol, em Columbus, Ohio, em 1999. A sua família construiu outro fora de Dallas, em Frisco, no Texas, para a sua equipa, o FC Dallas. Durante a sua vida, Lamar Hunt assistiu a todos os Campeonato do Mundo que conseguiu, uma tradição que o seu filho tem mantido.

Hoje em dia, o futebol ocupa um lugar cimeiro nas prioridades da família de Clark Hunt. O FC Dallas tem cerca de 6000 jogadores inscritos nas suas camadas jovens. Para o próximo ano letivo, o filho de Hunt, Noble, aluno do ensino secundário, decidiu deixar de lado o futebol americano para se concentrar no futebol escolar e do clube e nos estudos e, talvez, no atletismo quando chegar a primavera. Era uma questão de tempo. Alguma coisa tinha que ficar para trás.



Hunt está compreensivelmente entusiasmado por o Campeonato do Mundo regressar aos Estados Unidos em 2026. Ele é o presidente do grupo que está a tentar levar jogos para o Arrowhead Stadium, em Kansas City, no Missouri. O imenso parque de estacionamento tem uma das melhores festas de bagageira da NFL nos domingos de futebol americano. Clark imagina como seria antes de um jogo do Campeonato do Mundo. Nada está certo ainda, mas ele não tem muita competição no centro do país, é provável que Dallas consiga jogos e possivelmente Houston também. Kansas City provavelmente terá que vencer Nashville e Cincinnati.

Isso é algo que ele terá de tratar quando regressar a casa, juntamente com coisas como as controvérsias sobre o hino da NFL, pôr os Chiefs de volta aos playoffs e manter o FC Dallas na corrida aos playoffs. Aqui, havia outros assuntos na agenda. Havia uma tarde de turismo pela frente e, em seguida, a família iria para o estádio de São Petersburgo, onde assistiria a Lionel Messi a resgatar a Argentina. O mais provável é que dentro de quatro anos Clark Hunt esteja a fazer tudo isso de novo.

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