África alberga 590 dos 685 milhões de pessoas no mundo sem eletricidade
O continente africano é o lar de 590 milhões de pessoas sem eletricidade, num total de 685 milhões a nível mundial, segundo um relatório da Câmara de Energia Africana sobre energia.
De acordo com o relatório sobre 'O Estado da Energia Africana em 2025', o "acesso à eletricidade continua a ser uma meta distante, particularmente nas áreas rurais, onde a conectividade é limitada ou não existe".
A eletrificação do continente africano, essencial para a industrialização e o desenvolvimento económico, "tem sido adiada pelos elevados custos de ligação à rede, baixo nível de rendimento, fracas infraestruturas de distribuição local e por uma procura intermitente de eletricidade", aponta-se no relatório.
Os custos económicos de ter uma ligação à eletricidade são, eles próprios, uma dificuldade, já que os utilizadores não garantem uma utilização constante, "podendo reduzir a utilização para baixar os seus custos", o que torna o processo de eletrificação pouco atraente para as grandes empresas energéticas.
Esta disparidade, salienta-se ainda no documento, "demonstra a necessidade de investimentos e do desenvolvimento de uma infraestrutura que consiga colmatar esta diferença e melhore as condições de vida no continente".
O relatório destaca o papel estratégico de África na transição energética global, em especial nos setores do petróleo, do gás e das energias renováveis, mas aponta a dualidade vive, já que por um lado “tem um imenso potencial para as energias renováveis”, mas por outro, lida com as realidades “da geração de energia fóssil e do baixo acesso à energia”.
Produção de petróleo em Angola vai manter-se abaixo do limite da OPEP
O mesmo relatório indica ainda que a produção petrolífera em Angola vai continuar abaixo da meta definida pela OPEP e que motivou a saída do país desta organização, no final de 2023.
"Um dos grandes desenvolvimentos foi a saída de Angola da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) depois de a versão expandida desta entidade ter alocado à nação da África ocidental uma quota menor que a pretendida", lê-se no relatório, que afirma que a produção petrolífera de Angola deverá ficar ligeiramente acima de um milhão de barris por dia este ano.
"As metas de produção da OPEP para Angola têm sido consideravelmente mais elevadas que as estimativas de produção da Agência Nacional do Petróleo e Gás (ANPG) e do que a própria oferta”, refere-se no documento da Câmara de Energia Africana, uma organização destinada a promover os investimentos no setor energético no continente.
A organização realça que diferença entre as metas de produção da OPEP e a produção real tem até aumentado nos últimos anos, “com a produção de 2021 a ficar a 90% do objetivo, a de 2022 um pouco acima de 80% e a de 2023 ligeiramente abaixo da meta".
"Apesar de o país registar um aumento do investimento e das perfurações nos últimos anos para travar o natural declínio, a produção ainda está para chegar aos 1,18 milhões de barris por dia, a quota que Angola tinha pedido", dizem os analistas.
Do lado positivo apontam que “há muitos incentivos que têm sido dados às companhias, como uma redução nos impostos e melhorias na capacidade de recuperar os custos de exploração, para promover mais atividades de exploração e perfuração".
A saída de Angola, no final de 2023, da OPEP deixou como países africanos membros da organização a Líbia, República do Congo, Gabão, Nigéria, Argélia e Guiné Equatorial, que bombeiam cerca de 3,9 milhões de barris por dia, com possibilidade de aumentar a produção para 4,28 milhões de barris diários na segunda metade deste ano.
África assegura 8% da produção mundial de petróleo
O continente africano deverá continuar a contribuir com cerca de 8% da produção mundial de petróleo, com a maior parte do crescimento a ser alimentada pelos países da OPEP e por Angola, o segundo maior produtor da África subsaariana a seguir à Nigéria.
No relatório, os analistas escrevem que "África pode aumentar a sua produção, de 6,5 milhões de barris diários para quase 7,0 milhões no final de 2025", com este aumento da produção a depender "principalmente do combate ao vandalismo dos oleodutos e ao roubo de petróleo na Nigéria, para além de um ambiente mais estável no Sudão, que afeta também a produção do Sudão do Sul".
A África ocidental, refere-se no relatório, é o maior fornecedor de petróleo da região, produzindo 3,7 milhões de barris diários, mas com o aumento sustentado da produção em Angola, e uma recuperação da produção na Nigéria, a região pode aumentar a produção para entre 3,8 a 2,9 milhões de barris por dia.