A guerra pelo poder no BCP, em 2007, deveu-se à “gula” por parte de interesses angolanos e de uma coligação de portugueses que incluía figuras como José Sócrates, António Mexia, Vítor Constâncio, Joe Berardo, Paulo Teixeira Pinto e Rafael Mora, entre outras personalidades que, desde então, perderam as posições de poder que detinham na política e na economia, numa “espécie de maldição”. Esta conclusão consta do novo livro de Filipe Pinhal, antigo vice-presidente do BCP durante o longo consulado de Jorge Jardim Gonçal- ves, que será apresentado esta terça-feira, às 18.00, no Hotel Tivoli, em Lisboa..Há mais de uma década que o antigo administrador do BCP defende publicamente que ocorreu um “assalto ao poder” no banco, com o apoio do Governo de José Sócrates e de figuras do mundo empresarial que estariam na órbita do Banco Espírito Santo (BES). Após um primeiro livro, intitulado O Dever do Bom Nome, em 2009 - “Foi um escândalo, muitas virgens ofendidas, muita gente a dizer que era um amontoado de mentiras e calúnias”, disse ao DN -, seguido de Prova de Vida, em 2011, Pinhal decidiu voltar ao BCP por entender que os factos que foram revelados em várias Comissões de Inquérito e casos judiciais vieram comprovar que o BCP foi alvo de um “assalto” político. .“Nos últimos 13 anos houve muitas revelações. Processos judiciais relacionados com Manuel Vicente e Orlando Figueira, EDP e Manuel Pinho. Comissões de Inquérito à CGD, ao BES e EDP. E foram publicados muitos livros sobre a banca portuguesa, cada um com novas revelações que davam mais sentido às motivações do assalto ao BCP e às teias de interesses entre os protagonistas dos factos de 2007”, disse Filipe Pinhal em entrevista ao DN. “Tudo isto empurrou para a escrita do Estes Portugueses São do Piorio”, frisou..“O BCP foi vítima da gula dos interesses angolanos e de uma coligação de portugueses - PS, Sócrates, Mexia, Rafael Mora, Paulo Teixeira Pinto, Santos Ferreira, José Berardo, etc. -, em que Berardo deu a cara, arriscou e perdeu e os que o instrumentalizaram nada arriscaram”, acusou, acrescentando que a “relação de forças era favorável” a essa alegada coligação. E quanto a Angola? Queria ter “uma testa de ponte no sistema financeiro português. (...) Paulo Teixeira Pinto, nascido em Angola, precisava de acionistas poderosos para se ‘divorciar’ de Jardim Gonçalves”..A “maldição”.Segundo Pinhal, desde então uma “espécie de maldição caiu sobre os atacantes: Sócrates, Teixeira dos Santos, Constâncio, Mexia, Mora, Ongoing, Berardo, Fino, João Pereira Coutinho... Todos perderam”, acusou, numa referência ao facto de a maioria destes protagonistas ter saído de cena e perdido as posições de relevo que ocupavam na política e nos negócios em Portugal..“Os portugueses do piorio de que falo no BCP foram os que, dentro e fora do banco, na hora de escolher, preferiram Berardo para cara do banco, em vez de Jardim Gonçalves. Repetiram o erro dos judeus que, 2000 anos antes, preferiram Barrabás a Cristo”, acusou. Segundo Pinhal, desde então que os “acusados” o procuraram, “um a um, para limparem a testada”. “O que me disseram? Isso não fui eu, foi F... Não foi assim, foi assado... Resultado: tudo o que eu tinha escrito passou a estar confirmado pelos próprios”, disse..“Berardo foi instrumental. O barulho que fazia na TV e nos jornais... Fez ceder a cola que unia o chairman (Jardim Gonçalves) e o CEO (Teixeira Pinto)”, concluiu..Para Pinhal, aquilo que considera ter sido um “ataque ao BCP” resultou de vários fatores, nomeadamente a “gula do Governo PS de controlar a banca e a orientação do crédito à economia”, uma vez que a CGD, o BES e o BCP “representavam 60% do crédito à economia”..Porém, havia outros interesses em jogo, na sua opinião. A tomada do controlo do BCP era uma “oportunidade para a Maçonaria vibrar um golpe sobre a Opus Dei”, numa alusão ao facto de os protagonistas da frente anti-Jardim Gonçalves estarem ligados a essa sociedade secreta. Já o fundador do BCP e muitos dos responsáveis do banco estavam ligados à Opus Dei, uma organização católica que é frequentemente vista como rival da Maçonaria..Questionado pelo DN se alguma vez fez parte daquela prelatura, Filipe Pinhal respondeu negativamente. “Não sou, nem nunca fui. A maior proximidade que tive foi a responsabilidade pela formação (no BCP), que me levava a contratar com a AESE dois cursos por ano”, disse Filipe Pinhal, numa referência à instituição de Ensino Superior, que mantém uma parceria com a Opus Dei..Estes portugueses são do piorio Filipe Pinhal Lisbon International Press 324 páginas