Setor tecnológico esboça recuperação em Wall Street após concorrência chinesa na Inteligência Artificial
Depois de Wall Street ter sofrido com os receios dos investidores do setor tecnológico face à concorrência chinesa na Inteligência Artificial (IA), os principais indíces norte-americanos recuperam no arranque da sessão bolsista.
O financeiro S&P 500 avança 0,24%, para 6.026,97 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq sobe 0,39% para 19.418,219 pontos. O industrial Dow Jones cresce 0,1% para 44.756,36 pontos.
O mercado está, sobretudo, expectante com o setor tecnológico e com a Nvidia, que na última sessão desvalorizou cerca de 17%, perdendo quase 600 mil milhões de dólares.
Entre as cotadas do Nasdaq, que reúne as principais tecnológicas mundiais, a Nvidia arrancou a subir 0,7%, muito abaixo dos ganhos de 5% na fase de pré-negociação.
O descalabro da sessão de segunda-feira ocorreu por causa da DeepSeek, uma startup chinesa que lançou um assistente virtual de IA grautito, que já superou a procura pelo ChatGPT nos EUA. A empresa chinesa promete que as soluções de IA desenvolvidas têm um custo muito abaixo do praticado até agora.
Em poucos dias, a DeepSeek tem atraído atenções. E o impacto no mercado de capitais explica-se com o facto de os investidores recearem que o modelo desenvolvido pela DeepSeek signifique que os avultados investimentos que as maiores empresas ocidentais têm anunciado não têm de conter valores tão expressivos.
Sam Altman, presidente executivo da Open Ai, já veio considerar a plataforma da startup chinesa "um “modelo impressionante". No entanto, prometeu vir a entregar modelos de IA "muito melhores".
Em comunicado, também a Nvidia veio admitir que a DeepSeek apresenta um "excelente avanço" na IA.
Até Donald Trump, presidente dos EUA, fez saber que a DeepSeek é “uma chamada de atenção para as indústrias [norte-americanas]”.
"A abordagem tecnológica da DeepSeek desafia o domínio dos Estados Unidos na IA, demonstrando que as suas restrições à venda de semicondutores à China têm sido ineficazes", disse Li Baiyang, professor de estudos de inteligência artificial na Universidade de Nanjing, citado pelo jornal oficial chinês Global Times.
"Os investidores estão desconcertados com esta nova reviravolta nos acontecimentos e receiam que as empresas norte-americanas especializadas em IA se tornem menos influentes", disse Sam Stovall, da CFRA, à AFP.
Ao DN, o analista Filipe Garcia afirmou que, “na substância, o que se sabe sobre esta empresa chinesa ou sobre estes avanços é quase nada”. Ou seja, “não há informação suficiente para fazer cair a Nvidia dois dígitos”. A reação dos mercados ao que considera “um factoide" significa que há receio e que “muitos investidores não estão confortáveis em ter as ações aos preços atuais”.
“O mercado das tecnológicas assenta em pressupostos otimistas, trabalha com expectativas de resultados da Nvidia, por exemplo, numa lógica de crescimento durante bastante tempo”. “Esta notícia pode agora vir a pôr isto em causa”, sublinhou o economista.
Em conclusão, o analista acredita que “o mercado sabe que o mercado está caro e com qualquer susto, assusta-se”.