A Caixa dá lucro consecutivo desde 2017 e, se não houver alterações geopolíticas, vai dar lucro nos próximos dez anos”, assegurou ontem Paulo Macedo, presidente executivo do banco público, perante os deputados da Comissão de Orçamento e Finanças. O gestor confirmou ainda que os lucros da Caixa Geral de Depósitos (CGD) em 2024 serão superiores aos 1291 milhões de euros registados em 2023, conforme já esperado. As contas do último ano só serão divulgadas neste trimestre, mas a perspetiva é que os resultados sejam históricos. Nos primeiros nove meses de 2024, a CGD gerou um resultado líquido de 1369 milhões de euros, um aumento de 40% face ao mesmo período do exercício transato. No entanto, “não vai ser sempre assim”, até porque a queda das taxas de juro vai afetar os lucros, que vão cair, disse. Na sua perspetiva, a Caixa “tem obrigação de dar” entre 800 a 1300 milhões de euros de lucro. Na audição, requerida para esclarecer a redução de serviços bancários prestados pela CGD no país, emagrecimento que foi alvo de críticas da Comissão de Trabalhadores, de autarquias e sindicatos, Paulo Macedo revelou ainda que a CGD vai contribuir, em dois anos, com cerca de três mil milhões de euros para o Estado, entre dividendos e IRC. Segundo o presidente executivo do banco público, a Caixa possivelmente será “o maior pagador de IRC” do país.O gestor lembrou que se a CGD tivesse registado lucros, entre 2011 e 2016, “se calhar não tinham sido comprados por um euro o Banif e o Banco Popular”. A aquisição pelo espanhol Santander acabou por ser uma solução, já que era um banco que apresentava recorrentemente resultados positivos. Já sobre a possibilidade de a Caixa fazer alguma compra num futuro próximo, numa referência ao Novo Banco, Paulo Macedo limitou-se a afirmar que “se fosse fazer alguma aquisição não seria aqui [na Comissão de Orçamento e Finanças] que o dizia”. Macedo disse mesmo que “os meus concorrentes deliciam-se com estas audiências”, referindo-se às informações reveladas nestas sessões pelo banco público.Ninguém para trás Na audição, Paulo Macedo recusou a ideia de que a Caixa não está a prestar um serviço de proximidade. O gestor assegurou que o banco não vai deixar “ninguém para trás”, embora esteja a ser feita uma aposta na digitalização dos serviços bancários. “Não vamos desguarnecer a inclusão física, mas a prioridade é dar meios às pessoas de inclusão digital”, afirmou. Os clientes terão apoio de trabalhadores das agências para fazerem as operações que necessitem, assegurou.Paulo Macedo, que garantiu que a CGD não vai fechar nenhuma agência este ano e no próximo, sublinhou na ocasião que o banco público está presente em mais de 99% dos concelhos portugueses. “Ninguém dá lições sobre apoio à interioridade” à CGD, afirmou. O gestor reconheceu que o Crédito Agrícola tem atualmente mais balcões, mas não está presente em 10% do país.Perante os deputados, foi também revelado que todas as agências da CGD estarão abertas de segunda a sexta-feira. Neste momento, há três que não abrem todos os dias mas “vão passar a abrir”. Segundo o administrador da CGD José João Guilherme, o apoio a pessoas iletradas ou com deficiência está acautelado, assim como a possibilidade de levantar o valor total da pensão. A título de exemplo, referiu que hoje é possível levantar 804,83 euros. Os clientes “conseguem fazer esse levantamento em todas as agências com um colaborador da Caixa”, disse.800 pedidos José João Guilherme revelou também que a CGD recebeu 800 pedidos de clientes para créditos à habitação de jovens até aos 35 anos com garantia pública. O banco público tem uma quota de 257 milhões de euros disponível neste instrumento criado pelo governo para apoiar os jovens na compra da primeira habitação. Já após a audição, a CGD adiantou que os pedidos correspondem a cerca de 141 milhões de crédito solicitado. “Isto quer dizer que temos até 20 milhões já comprometidos da garantia pública, quando os processos estiverem aprovados”, acrescentou fonte do banco público, segundo a Lusa. .CGD não fechará agências em 2025 e 2026, garante Paulo Macedo