Pacotes 4P e 5P representaram mais de um terçodas receitas das empresas em 2023.
Pacotes 4P e 5P representaram mais de um terçodas receitas das empresas em 2023.Drazen Zigic/Freepik

Portugueses pagam, em média, 45,26 euros por pacotes de telecomunicações

Receitas com ofertas conjuntas de serviços de telefone, televisão e internet tiveram, no ano passado, o maior crescimento desde 2016.
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As empresas de telecomunicações em Portugal nunca faturaram tanto como no último ano. As receitas retalhistas das comunicações eletrónicas ascenderam a quase quatro mil milhões de euros em 2023, mais 6% face ao ano anterior, revela o relatório anual da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) sobre serviços de telecomunicações, publicado na última sexta-feira.

Os operadores faturaram em concreto 3924 milhões de euros, sendo que 51,9% tiveram origem nos pacotes de serviços. As ofertas que combinam vários serviços renderam 2035 milhões de euros no último ano, mais 9% face a 2022.

Os serviços móveis contribuíram para o bolo com 1338 milhões de euros, mais 3,2% em termos homólogos, e os serviços fixos individualizados (apenas telefone fixo ou internet de banda larga fixa, por exemplo) totalizaram 462,6 milhões de euros, mais 0,2% face a 2022. “Outros serviços” dos operadores renderam 87,7 milhões de euros -- a receita desta parcela cresceu 14,5% em termos homólogos.

O ano passado ficou marcado por um aumento expressivo dos preços nas telecomunicações até 7,8%, a partir de fevereiro, por causa da evolução da inflação em 2022. Os preços voltaram a crescer em 2024, com atualizações até 4,3%, mas o efeito desse aumento só será analisado pelo regulador no final do ano.

Receitas dos pacotes com maior subida em oito anos

Os ganhos com serviços em pacote são a principal componente das receitas retalhistas dos operadores e o aumento homólogo de 9%, para 2035 mil milhões de euros, nesta parcela da faturação foi o “maior crescimento registado desde 2016”, de acordo com a ANACOM.

Mais de dois terços (67,1%) das receitas tiveram origem nas ofertas que agregam quatro ou cinco serviços (4P/5P). Aliás, só os pacotes 4P/5P representam 34,8% do total das receitas retalhistas das telecom nacionais.
Em média, cada subscritor pagou, em 2023 -- somando os segmentos residencial e empresarial --, 36,80 euros mensais (valor sem IVA), “mais 5,8% face ao ano anterior, o maior crescimento desde 2016”. Somando o IVA de 23%, a receita média mensal por subscritor foi de 45,26 euros no último ano.

Por tipo de oferta em pacote, a receita média mensal nas ofertas que combinam três serviços (3P) cresceu 5,2%, para 28,04 euros (valor sem IVA). No caso dos pacotes 4P/5P a receita média foi de 45,27 euros (valor sem IVA), mais 4,8%.

No final de 2023 contavam-se 4,666 milhões de subscritores de pacotes de serviços, o que representa um crescimento de 2,5% face a 2022. “Registou-se o crescimento mais baixo [de novos assinantes em 2023] desde que se recolhe este tipo de informação [2011]”, nota o regulador.

O número de assinantes das ofertas 2P (dois serviços num pacote) cresceu 0,2%, para 415 mil, enquanto o número de subscritores 3P recuou 1,9%, para 1,666 milhões. “A migração de pacotes com menos serviços para ofertas com maior número de serviços poderá ter influenciado esta evolução”, justifica a ANACOM. Por isso o número de assinantes dos pacotes 4P/5P subiu 5,9%, para 2,585 milhões de subscritores.

Com base no Instituto Nacional de Estatística (INE), a entidade reguladora estima que 94 em cada 100 famílias pagam por pacotes de telecomunicações. Numa comparação com os outros 26 países da União Europeia, partindo dos últimos dados oficiais da Comissão Europeia, que remontam a 2020, o relatório da ANACOM indica que uma taxa de adesão mais elevada só se encontra na Estónia ou nos Países Baixos.

Meo com maior quota

No final de 2023, a Meo tinha uma quota sobre o número de subscritores de serviços em pacote de 41,6%, mais 0,4 pontos percentuais (p.p) do que no ano anterior, seguindo-se a NOS, com 35,1% (-0,4 p.p), a Vodafone, com 20,6% (+0,2 p.p), e a Nowo, com 2,7% (-0,2 p.p).

A Meo também lidera nas receitas, com uma quota de 41,1% (-0,1 p.p), seguindo-se a NOS, com 40,4% (+0,2 p.p), a Vodafone, com 16,9% (+0,1 p.p), e a Nowo, com 1,6% (-0,2 p.p).

josé.rodrigues@dinheirovivo.pt

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