João Brito explica como a Critical Software espande o seu negócio espacial.
João Brito explica como a Critical Software espande o seu negócio espacial.FOTO: Leonardo Negrão

Portugueses no espaço. Critical Software e a dinâmica comercial do ‘New Space’

Tecnológica portuguesa equilibra missões científicas e o dinamismo do mercado, mas aposta em inovação, agilidade e parcerias estratégicas para impulsionar o seu crescimento global no espaço.
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A empresa portuguesa Critical Software tem mais de 20 anos de experiência a trabalhar na área espacial, mas está agora a desenvolver um foco crescente no chamado New Space, o lado mais comercial do espaço. João Brito, division director de Smart & Reliable Systems da empresa, diz ao DN que o programa espacial da Critical "está bom, está bom e recomenda-se", numa fase em que equilibra as missões científicas e de telecomunicações mais tradicionais com as mais inovadoras.

O New Space representa uma mudança de paradigma que Brito descreve como "missões, na sequência daquilo que aconteceu com a SpaceX, que foge do programa normal científico da ESA". Uma vertente que é "a que mais cresce, que é mais viva e, portanto, mais dinâmica e que obedece àquilo que são os parâmetros normais comerciais".

A Critical Software está a adaptar a sua operação a este ambiente ágil. "Nós, tipicamente, não operamos os satélites, mas passamos a trabalhar com fabricantes, que vão estar preocupados em resolver as coisas mais rápido e em serem mais dinâmicas," diz Brito, em conversa com o DN à margem da conferência Space Defence Tech Meet Up, organizada pela Critical Software no Centro de Inovação do Técnico, no início da semana. Um evento realizado precisamente para discutir o papel da Europa na exploração espacial e a vertente da Defesa nesta área, que trouxe a Portugal o astronauta Christer Fuglesang, pioneiro sueco no espaço (ler texto ao lado).

A competência central da empresa reside no "desenvolvimento e na verificação de software tanto nas missões científicas, como nestas missões do New Space", complementa. E uma vez que os serviços da Critical Software são abrangentes, incluindo para "satélites de telecomunicações, satélites de observação”, bem como “manutenção de satélites, operação, recolha do lixo espacial, reabastecimento de satélites, correção de órbitas”, hoje em dia é muito fácil encontrar mão portuguesa no tráfego espacial.

Clientes inovadores

As parcerias estratégicas com projetos inovadores, como o ClearSpace, missão da Agência Espacial Europeia que está focada na "limpeza do lixo espacial", e o Infinite Orbits, empresa francesa dedicada ao "reabastecimento de satélites". Brito destaca que "tudo isto são startups, scale-ups, empresas novas, e não os fabricantes típicos de satélites".

O ecossistema espacial europeu, embora "razoavelmente pequeno," é "particularmente engraçado" descreve Brito, pois "todas as pessoas se conhecem, no âmbito da ESA." Tendo a reputação da Critical Software sido construída ao longo de mais de 20 anos, tal garante que o seu nome é "perfeitamente conhecido" neste meio.

Portugal no mapa da exploração espacial

Sendo um país pequeno, Portugal deve saber posicionar-se estrategicamente neste setor essencial de desenvolvimento, considera João Brito. E "há empresas, em Portugal, que já se estão a posicionar para isso”, afirma. “Há caminho para todos nós procurarmos maneiras de crescer", garante.

O foco incide em projetos inovadores, com menor dependência de fatores políticos: "Foi isso que deu a volta aos americanos — partir para o negócio puro e duro: adotar um mindset de entregar rápido e fornecer um serviço completo."

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