As contas foram de somar no ano passado para as duas maiores insígnias de retalho do país, que viram as vendas disparar. As cadeias de supermercados Pingo Doce e Continente venderam, no seu conjunto, um total de 11,6 mil milhões de euros em 2024, o que equivale a 31,7 milhões por dia. É um aumento de 15% em comparação com o ano anterior. Com um total de 489 supermercados em território nacional em 2024, o Pingo Doce, marca da Jerónimo Martins, registou um volume de negócios de 5,1 mil milhões de euros, um incremento de 4,5%. Já a Sonae, que detém as insígnias Continente, Continente Modelo, Continente Bom Dia e Meu Super, num universo superior a mil lojas, registou vendas do segmento de retalho alimentar de 6,5 mil milhões de euros, uma subida de 7,1%.A justificar os bons resultados pesou o alívio na inflação alimentar que impulsionou o poder de compra dos consumidores. Nas duas cadeias de supermercado, o indicador foi também estimulado pelo aumento do número de clientes. “As vendas cresceram, contrariamente ao que se verificou nos últimos anos, sem a ajuda da inflação. Este crescimento deve-se ao aumento do número de clientes e de volume”, referiu ontem a administradora financeira da Jerónimo Martins, Ana Luísa Virgínia. Já o presidente do grupo traçou o objetivo de impulsionar o volume de negócios em 16,5 milhões de euros até 2030.“Tivemos uma década de grande crescimento e consolidação e temos de olhar para os próximos cinco anos. Temos um número e uma ambição que gostaríamos de atingir: 50 mil milhões de euros [em vendas] em 2029 ou 2030”, apontou Pedro Soares dos Santos, na conferência de imprensa dos resultados anuais do grupo, em Lisboa. A Norte, também Cláudia Azevedo prestou contas e deixou a garantia de que a Sonae “tudo fará para ter os melhores preços do mercado”, admitindo, contudo, os desafios face à conjuntura internacional. O responsável financeiro, João Dolores, corroborou, afiançando que “está difícil” manter os preços baixos, devido às “muitas pressões inflacionistas na base de custo”. Sobre a posição do Continente no mercado português, a Sonae reivindica a liderança no retalho alimentar, com uma quota de mercado de 27%. A Jerónimo Martins não adiantou números. .Tombo nos lucros .Apesar boa performance das vendas, o ano de 2024 foi de desafios para a Jerónimo Martins que apontou os duros efeitos da combinação de uma acentuada queda da inflação alimentar com a subida significativa dos custos” a que se somou a “falta de dinamismo do consumo”. O grupo internacional com sede em Portugal, que opera, atualmente, em mais três geografias (Polónia, Colômbia e Eslováquia) fechou o ano passado com uma quebra nos lucros. O resultado líquido cifrou-se em 599 milhões de euros, o que representa um recuo de 20,8% face a 2023. “2024 foi muito desafiante, mas não deixámos de honrar todos os compromissos. Reforçámos a solidez da Jerónimo Martins como operador e, mesmo sendo difícil, conseguimos cumprir todas as metas. Fizemos o que tínhamos de fazer, criámos emprego, pagámos impostos, reajustámos a inflação nos resultados da companhia. Não tenho nada a dizer a não ser que me sinto feliz com tudo o que atingimos”, garantiu Pedro Soares dos Santos. Já as vendas consolidadas da retalhista subiram 9,3% para os 33,5 mil milhões de eurosAs contas da Sonae seguiram pelo mesmo caminho com a empresa a apresentar um recuo no resultado líquido de 37,5%, para 223 milhões de euros e uma subida nas vendas de 18,4%, para 9947 milhões de euros Para Cláudia Azevedo foi “um ano memorável” com um “desempenho excecional”. No capítulo do investimento, a Sonae aplicou 1,6 mil milhões de euros e a Jerónimo Martins 1,1 mil milhões de euros. Para este ano, o grupo de distribuição liderado por Pedro Soares dos Santos prevê ultrapassar, novamente, a fasquia dos mil milhões de euros nos quatro mercados onde opera. Com Ilídia Pinto.Lucros da Jerónimo Martins tombam 20,8% para 599 milhões de euros.Lucro da Sonae cai 37,5% para 223 milhões de euros