O presidente da Ordem dos Arquitetos, Avelino Oliveira, defendeu que as cidades têm de ser "mais pensadas para a vivência dos seniores", com modelos de habitação intergeracional que promovam a inclusão e combatam o isolamento.A especulação imobiliária, a gentrificação e a fragmentação das famílias, com fenómenos de deslocalização para as periferias, são fatores que Avelino Oliveira aponta para que os melhores exemplos, "infelizmente, ainda [estejam] longe de ser prática comum".Numa mensagem publicada a propósito do Dia Mundial dos Avós, que se assinala neste sábado (26 de julho), Avelino Oliveira afirma que "as cidades precisam de ser mais pensadas [...] na mobilidade, na habitação, nos acessos digitais e nos espaços públicos", tendo em conta a população sénior, sendo "essencial defender modelos de habitação intergeracional que promovam a inclusão e combatam o isolamento.""A Ordem dos Arquitetos assinala que as cidades — especialmente aquelas com centros históricos mais significativos — são hoje cidades de avós. Muitas das principais áreas urbanas apresentam uma população sénior, onde uma parte substancial dos residentes permanentes tem mais de 65 anos", lê-se na mensagem hoje divulgada, assinada pelo presidente da Ordem."Este fenómeno, aliado à fragmentação das famílias nucleares, à deslocalização dos centros de trabalho para zonas periféricas, à gentrificação e à especulação imobiliária, contribui para afastar os mais jovens dos centros urbanos, acentuando o isolamento de muitos idosos", acrescenta, como alerta.Como contraponto, Avelino Oliveira cita "exemplos bem-sucedidos de 'cohousing' intergeracional" na Europa, "onde mais velhos e mais jovens partilham espaços concebidos com serviços complementares como lavandarias, cantinas, salas comuns, entre outros, permitindo uma utilização mais eficiente de recursos e infraestruturas como cozinhas partilhadas e energia renovável.""Em alguns casos", prossegue, "estas habitações oferecem estadia a estudantes em troca de horas de apoio comunitário à população sénior, numa troca enriquecedora em que os idosos transmitem saberes — da história local às técnicas artesanais e valores culturais — enquanto os jovens contribuem com apoio digital, mobilidade e dinamismo.""Este tipo de convivência reduz preconceitos, gera respeito mútuo e transforma a forma como a sociedade encara o envelhecimento", assegura o presidente da Ordem dos Arquitetos. "É, por isso, fundamental adotar modelos colaborativos de habitação intergeracional como soluções preferenciais, com vista ao combate à segregação urbana e à criação de bairros mais inclusivos, solidários e diversos.""A arquitetura é uma extraordinária ferramenta para possibilitar que os avós possam ter qualidade de vida e continuar a desfrutar de uma vivência urbana ativa", conclui.