Índia e Nova Zelândia concluíram um acordo de comércio livre, que procura aprofundar os laços económicos e sustentar o crescimento em ambos os países, num momento de incertezas comerciais globais crescentes, anunciaram hoje as autoridades indianas.O acordo surge num momento em que Nova Deli acelera os esforços para diversificar os destinos das suas exportações como parte de uma estratégia para compensar o impacto das tarifas impostas pelas Estados Unidos às importações de produtos indianos.A assinatura formal do acordo entre a Índia e a Nova Zelândia está prevista para o primeiro trimestre do próximo ano, uma vez concluída a revisão jurídica do texto negociado, anunciou a principal negociadora da Índia, Petal Dhillon, em declarações aos jornalistas.O acordo comercial Índia-Nova Zelândia, negociado ao longo de nove meses, visa reduzir tarifas, diminuir barreiras regulatórias e expandir a cooperação em bens, serviços e investimentos, e resulta do esforço da Índia para assinar parcerias comerciais que vão além dos mercados tradicionais, num contexto em que o comércio global enfrenta pressões decorrentes de tarifas imprevisíveis e tensões geopolíticas, desacelerando o crescimento e aumentando o protecionismo.Como parte do acordo, a Índia irá beneficiar da isenção de impostos para os produtos exportados para a Nova Zelândia, enquanto Wellington obterá concessões tarifárias e acesso ao mercado indiano para 95% das suas exportações, de forma gradual.Os principais setores da Índia que beneficiarão da isenção tarifária incluem os têxteis, vestuário, produtos de engenharia, couro e calçado e produtos marinhos, enquanto os principais ganhos da Nova Zelândia serão na horticultura, exportação de madeira e lã de ovelha, entre outros.A Nova Zelândia comprometeu-se a investir 20 mil milhões de dólares (17 mil milhões de euros) na Índia ao longo de um período de 15 anos como parte do acordo, informou o Ministério do Comércio da Índia.A Índia excluiu do acordo as importações de laticínios, como leite, natas, soro de leite, iogurte e queijo, juntamente com produtos animais e vegetais, incluindo carne de cabra, cebola e amêndoas, alegando "sensibilidades domésticas".O comércio bilateral entre a Índia e a Nova Zelândia continua modesto em comparação com os maiores parceiros comerciais de Nova Deli, mas as autoridades indianas afirmam que o acordo tem um forte potencial de crescimento. O comércio bilateral, incluindo mercadorias e serviços, atingiu 2,4 mil milhões de dólares (2 mil milhões de euros) em 2024, valor que as duas partes esperam duplicar em cerca de cinco anos, afirmou o secretário indiano do Comércio, Rajesh Agarwal, citado pela agência Associated Press.O primeiro-ministro da Nova Zelândia, Christopher Luxon, anunciou hoje que falou com o seu homólogo indiano, Narendra Modi, sobre a conclusão das negociações, sublinhando que as exportações da Nova Zelândia para a Índia devem aumentar de 1,1 mil milhões a 1,3 mil milhões de dólares (940 milhões a 1,11 mil milhões de euros) anualmente nas próximas duas décadas como resultado do acordo."Impulsionar o comércio significa mais empregos para os neozelandeses, salários mais altos e mais oportunidades para os trabalhadores neozelandeses", afirmou.Um comunicado do gabinete de Modi anunciou também que o acordo comercial servirá como catalisador para um maior comércio, investimento, inovação e oportunidades compartilhadas entre os dois países..União Europeia e Índia com nova ronda de negociações antes do Natal para fechar acordo