Índia e Nova Zelândia concluem acordo de comércio livre
Paulo Spranger

Índia e Nova Zelândia concluem acordo de comércio livre

O acordo surge num momento em que Nova Deli acelera os esforços para diversificar os destinos das suas exportações como parte de uma estratégia para compensar o impacto das tarifas impostas pelos EUA.
Publicado a
Atualizado a

Índia e Nova Zelândia concluíram um acordo de comércio livre, que procura aprofundar os laços económicos e sustentar o crescimento em ambos os países, num momento de incertezas comerciais globais crescentes, anunciaram hoje as autoridades indianas.

O acordo surge num momento em que Nova Deli acelera os esforços para diversificar os destinos das suas exportações como parte de uma estratégia para compensar o impacto das tarifas impostas pelas Estados Unidos às importações de produtos indianos.

A assinatura formal do acordo entre a Índia e a Nova Zelândia está prevista para o primeiro trimestre do próximo ano, uma vez concluída a revisão jurídica do texto negociado, anunciou a principal negociadora da Índia, Petal Dhillon, em declarações aos jornalistas.

O acordo comercial Índia-Nova Zelândia, negociado ao longo de nove meses, visa reduzir tarifas, diminuir barreiras regulatórias e expandir a cooperação em bens, serviços e investimentos, e resulta do esforço da Índia para assinar parcerias comerciais que vão além dos mercados tradicionais, num contexto em que o comércio global enfrenta pressões decorrentes de tarifas imprevisíveis e tensões geopolíticas, desacelerando o crescimento e aumentando o protecionismo.

Como parte do acordo, a Índia irá beneficiar da isenção de impostos para os produtos exportados para a Nova Zelândia, enquanto Wellington obterá concessões tarifárias e acesso ao mercado indiano para 95% das suas exportações, de forma gradual.

Os principais setores da Índia que beneficiarão da isenção tarifária incluem os têxteis, vestuário, produtos de engenharia, couro e calçado e produtos marinhos, enquanto os principais ganhos da Nova Zelândia serão na horticultura, exportação de madeira e lã de ovelha, entre outros.

A Nova Zelândia comprometeu-se a investir 20 mil milhões de dólares (17 mil milhões de euros) na Índia ao longo de um período de 15 anos como parte do acordo, informou o Ministério do Comércio da Índia.

A Índia excluiu do acordo as importações de laticínios, como leite, natas, soro de leite, iogurte e queijo, juntamente com produtos animais e vegetais, incluindo carne de cabra, cebola e amêndoas, alegando "sensibilidades domésticas".

O comércio bilateral entre a Índia e a Nova Zelândia continua modesto em comparação com os maiores parceiros comerciais de Nova Deli, mas as autoridades indianas afirmam que o acordo tem um forte potencial de crescimento. O comércio bilateral, incluindo mercadorias e serviços, atingiu 2,4 mil milhões de dólares (2 mil milhões de euros) em 2024, valor que as duas partes esperam duplicar em cerca de cinco anos, afirmou o secretário indiano do Comércio, Rajesh Agarwal, citado pela agência Associated Press.

O primeiro-ministro da Nova Zelândia, Christopher Luxon, anunciou hoje que falou com o seu homólogo indiano, Narendra Modi, sobre a conclusão das negociações, sublinhando que as exportações da Nova Zelândia para a Índia devem aumentar de 1,1 mil milhões a 1,3 mil milhões de dólares (940 milhões a 1,11 mil milhões de euros) anualmente nas próximas duas décadas como resultado do acordo.

"Impulsionar o comércio significa mais empregos para os neozelandeses, salários mais altos e mais oportunidades para os trabalhadores neozelandeses", afirmou.

Um comunicado do gabinete de Modi anunciou também que o acordo comercial servirá como catalisador para um maior comércio, investimento, inovação e oportunidades compartilhadas entre os dois países.

Índia e Nova Zelândia concluem acordo de comércio livre
União Europeia e Índia com nova ronda de negociações antes do Natal para fechar acordo

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt