Mulheres são quem mais compra online. Vestuário e take-away lideram consumo
Encomendar o jantar, escolher um filme, aviar uma receita ou atualizar o guarda-roupa. Existe apenas um ecrã que separa o consumidor das infindáveis opções de produtos e serviços à venda na internet. E o número de portugueses a optar pelo comércio online continua a crescer: em 2024, 48,9% das pessoas com idades entre os 16 e os 74 anos fizeram encomendas pela internet, ou seja, mais 5% em comparação com o ano passado, revelam os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Olhando para o perfil do consumidor, são as mulheres quem lidera com um peso de 51%. Já no que respeita à faixa etária, a preferência por este método tem mais expressão junto das camadas mais jovens. “A utilização de comércio eletrónico é também significativamente mais elevada no grupo etário dos 25 aos 34 anos 75,8% de utilizadores), nos utilizadores com ensino superior (71,7%) ou secundário (59,7%), nos estudantes (61,3%) ou nos que se encontram a trabalhar (58,6%), e entre os que se situam nos dois quintis de rendimento mais elevados (de 57,0% a 64,2%)”, explicam os dados do inquérito à utilização de tecnologias da informação e da comunicação nas famílias realizado pelo gabinete de estatística.
Numa leitura ao mapa nacional, a Grande Lisboa (58,7%), a Península de Setúbal (55,9%) e o Alentejo (51,7%) apresentam as proporções mais elevadas de utilizadores , enquanto que as regiões do Algarve (49,7%) e Centro (49,2%) registam “proporções muito próximas da obtida para o conjunto do país (48,9%)”.
Apesar de o número de adeptos das compras online estar a aumentar entre os portugueses, o país fica ainda abaixo da média quando comparado com as congéneres da União Europeia (UE). “Portugal continua a apresentar níveis de utilização de comércio eletrónico mais baixos do que a média da UE: em 2023 [últimos dados disponíveis para este indicador ], 58,1% dos residentes na UE-27 fizeram encomendas pela internet nos três meses anteriores à entrevista, 14,2 p.p. mais do que a proporção registada em Portugal (43,9%)”, indica o INE.
Roupa, refeições e entretenimento no topo das escolhas
E afinal, o que compram os portugueses virtualmente? Os dados não deixam margem para dúvidas: a franja do vestuário, que inclui roupa, calçado e acessórios é a mais popular com 73,1% das pessoas entre a referida faixa etária(16 aos 74 anos ), que utilizaram comércio eletrónico, a comprar este tipo de produtos. O número de consumidores deste segmento cresceu 5,5% face a 2023.
“Os produtos físicos continuam a ser o tipo de produto que mais utilizadores encomendam pela internet (98,3% encomendaram pelo menos um produto físico), comparativamente a 68,5% que encomendaram pelo menos um serviço e 56,9% que adquiriram produtos digitais, mas a aquisição de serviços é o que tem registado um maior crescimento desde 2020 (passando de 47,8% em 2020 para 69,8% em 2023)”, enquadra ainda o INE.
A ocupar o segundo lugar do ranking, e com um ligeiro crescimento homólogo de 0,7%, está o pedido de refeições em take away e ao domicílio. Já numa análise à rubrica com maior crescimento, destaque para a fileira da casa e jardim que deu um salto de 5,8% face a 2023, assumindo, desta forma, o maior avanço no total dos 30 segmentos listados pelo INE.
O gabinete destaca ainda os “serviços de transporte (38,7%), bilhetes para eventos (37,7%), serviço de acesso a filmes, séries ou programas de desporto (34,7%), serviço de alojamento (34,3%) e produtos de cosmética, beleza ou bem-estar (31,4%)” entre os mais populares.
Comunicar e aceder a informação são os principais objetivos
O número de utilizadores da internet continua a crescer e, em 2024, 88,5% da população residente , da faixa etária em análise, utilizou a internet. O INE revela que praticamente todos os jovens entre os 16 e os 24 anos bem como todas as pessoas que se encontram a estudar utilizam a internet, e a taxa de utilizadores é superior a 98% para as pessoas (16-74 anos) que concluíram o ensino secundário e superior.
E apesar de o comércio online ser uma funcionalidade cada vez mais recorrente entre os utilizadores, a comunicação continua a assumir o papel principal nos propósitos de navegar online. “Em 2024, comunicar e aceder a informação continua a ser a principal atividade realizada pelas pessoas dos 16 aos 74 anos que utilizaram a internet nos três meses anteriores à entrevista: 93,3% trocaram mensagens instantâneas (via WhatsApp, Messenger, etc.), 87,9% pesquisaram informação sobre produtos ou serviços, 86,7% enviaram ou receberam e-mails, 84,2% telefonaram ou fizeram chamadas de vídeo, 82,1% leram notícias e 79,6% participaram em redes sociais”, aponta o inquérito. Já a utilização de serviços bancários (71,8%) ou ouvir música (71,7%) são atividades realizadas por mais de dois terços dos utilizadores de internet.
Do lado oposto, e entre as funcionalidades menos populares, estão a criação de conteúdo num blog (5,6%), participar em consultas online/votações sobre questões cívicas/políticas (13,2%) e vender produtos ou serviços (12,0%).
Os dados do inquérito à utilização de tecnologias da informação e da comunicação nas famílias revelam ainda que 90,6% dos agregados domésticos em Portugal tem acesso à internet em casa e 87,0% tem uma ligação por banda larga. As ligações que usam tecnologias fixas (84,6%) continuam a ser predominantes, comparativamente às tecnologias móveis (49,7%).