Ministro da Economia: “Eu acho mesmo que quem sabe são as empresas”
“Eu acho mesmo que quem sabe são as empresas. Em quem temos de nos focar é nos investidores. Quem temos de atrair são os investidores. Se fizermos isto, conseguimos tudo”, começou por dizer Pedro Reis após o debate que esta manhã teve lugar no Caramulo Experience Center, sobre 'Criar Valor no Interior'. A iniciativa tem o DN/Dinheiro Vivo como Media Partner, e participaram no painel de debate o administrador da Visabeira, Fernando Daniel Nunes, o CEO e fundador da Feedzai, Nuno Sebastião, e o CEO do grupo BEL e acionista do Global Media Group (dono do DN/Dinheiro Vivo), Marco Galinha.
“É bom criar riqueza. É da riqueza que nasce a justiça social. É esse o caminho do crescimento sustentável. E o Estado está cá para fazer acontecer a agenda das empresas”, continuou o governante que, divertido, disse ainda: “agora vou ocupar-vos 15 minutos, mas nestes 15 segundos está todo o espirito de uma política económica; está a alma e a chama do crescimento da nossa economia”.
Num discurso que foi variando entre o improviso e aquilo que estava previsto, Pedro Reis elencou uma série de medidas de incentivo às empresas e à economia que foram implementadas pelo governo de Luís Montenegro, lamentando que, com a atual situação política no país, muitas fiquem a meio caminho. E aplaudiu a iniciativa privada, sobretudo a de empresas familiares que continuam , geração após geração, a criar projetos de valor para o país – como o caso da família Lacerda, responsável pelo Caramulo Experience Center, como recordou o ministro da tutela.
“Acho que o balanço e as propostas valem pela execução”, continuou. “A força de uma mensagem tem a ver com a capacidade de apresentação de resultados. E no dia em que percebermos disso, começamos a recuperar a desacoplagem entre politica e cidadãos, entre países e investidores, entre Estado e contribuintes. Há-de ter havido, em algum momento, uma perda de ligação entre estes atores. As autarquias vão ao problema das pessoas e às dificuldades das empresas, fazendo politica a de proximidade, e isso é muito importante. Porque recuperando essa ligação, talvez seja possível começar a resolver os problemas. Ouvindo”, instou.
Pedro Reis salientou ainda a importância de uma economia dinâmica onde as empresas têm espaço para crescer, recordando que disse muitas vezes que era importante que os portugueses o “ouvissem como ministro das Empresas e não ministro da Economia. Se conseguirem fazer isso, estou a cumprir o meu serviço”.
E lembrou que “uma economia mais dinâmica é um elevador social mais ativo, é um Estado menos presente”. Isso traduzir-se-á “numa administração pública mais qualificada, uma burocracia menos presente, uma fiscalidade mais leve, uma concorrência mais forte, um mercado mais transparente e um setor privado mais pujante”. E aproveitou para, já em tom de campanha, atirar: “Vejo uma convocatória à ação em parcerias público-privadas. Devemos “ter, não a visão ultrapassada de perguntar “o que pode o Estado fazer por nós”?, nem a visão extrema de “o investimento só pertence aos privados”. Temos de trabalhar em conjunto”, defende.
E garante que, conseguindo uma economia mais dinâmica, isso terá reflexos imediatos no interior .”Portugal é um país demasiado pequeno para ter tantas diferenças”, e para o ministro da Economia, pode reforçar-se positivamente a presença no interior, mas mais importante é uma ação concertada que favoreça a economia nacional. Isso diminuirá, imediatamente, assimetrias e porá em evidências os bons projetos, as boas regiões e aquilo em que se deve investir. Falou ainda da importância do trabalho do Banco de Fomento, e da “mudança da morfologia da economia portuguesa” que está a acontecer, considera. “Com mais capacidade tecnológica, assente na mobilidade e economia circular” será possível levar a economia a bom parte. E recordou que “temos mais de 20 mil milhões de dólares em pipeline, na AICEP, para ser investidos, e que muitos desses milhares de milhões vão aterrar no interior. Somos pequenos demais para ter diferenças tão grande entre o interior e o litoral”.
Além disso, considera, os investidores já perceberam o valor do interior. “A Leroy Merlin foi para Vila Franca de Xira, a Repsol para Sines, a Lufthansa Technik para Santa Maria da Feira. “Os investidores procuram proposta de valor e essa, em Portugal, está muito equilibrada. A minha perceção é que agora estamos mais numa fase de divulgação e promoção externa dos ativos que o interior oferece”, salientou.
E não terminou sem deixar um aviso. “É muito importante que resolvamos os nossos temas internos, com todo o respeito, para que não percamos o embalo com que estávamos em termos de captação de investimento e crescimento da economia. Há um caminho, há claramente uma oportunidade, e acredito que estamos na curva da estrada desse crescimento. Assim saibamos ouvir e promover e ajudar as empresas”.