Pedro Reis, Ministro da Economia. Caramulo, março de 2025
Pedro Reis, Ministro da Economia. Caramulo, março de 2025Reinaldo Rodrigues

Ministro da Economia: “Eu acho mesmo que quem sabe são as empresas”

O ministro da Economia, Pedro Reis, encerrou a conferência sobre a valorização do interior e pediu foco nas empresas, nos investidores e na criação de riqueza.
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“Eu acho mesmo que quem sabe são as empresas. Em quem temos de nos focar é nos investidores. Quem temos de atrair são os investidores. Se fizermos isto, conseguimos tudo”, começou por dizer Pedro Reis após o debate que esta manhã teve lugar no Caramulo Experience Center, sobre 'Criar Valor no Interior'. A iniciativa tem o DN/Dinheiro Vivo como Media Partner, e participaram no painel de debate o administrador da Visabeira, Fernando Daniel Nunes, o CEO e fundador da Feedzai, Nuno Sebastião, e o CEO do grupo BEL e acionista do Global Media Group (dono do DN/Dinheiro Vivo), Marco Galinha.

“É bom criar riqueza. É da riqueza que nasce a justiça social. É esse o caminho do crescimento sustentável. E o Estado está cá para fazer acontecer a agenda das empresas”, continuou o governante que, divertido, disse ainda: “agora vou ocupar-vos 15 minutos, mas nestes 15 segundos está todo o espirito de uma política económica; está a alma e a chama do crescimento da nossa economia”.

Num discurso que foi variando entre o improviso e aquilo que estava previsto, Pedro Reis elencou uma série de medidas de incentivo às empresas e à economia que foram implementadas pelo governo de Luís Montenegro, lamentando que, com a atual situação política no país, muitas fiquem a meio caminho. E aplaudiu a iniciativa privada, sobretudo a de empresas familiares que continuam , geração após geração, a criar projetos de valor para o país – como o caso da família Lacerda, responsável pelo Caramulo Experience Center, como recordou o ministro da tutela.

“Acho que o balanço e as propostas valem pela execução”, continuou. “A força de uma mensagem tem a ver com a capacidade de apresentação de resultados. E no dia em que percebermos disso, começamos a recuperar a desacoplagem entre politica e cidadãos, entre países e investidores, entre Estado e contribuintes. Há-de ter havido, em algum momento, uma perda de ligação entre estes atores. As autarquias vão ao problema das pessoas e às dificuldades das empresas, fazendo politica a de proximidade, e isso é muito importante. Porque recuperando essa ligação, talvez seja possível começar a resolver os problemas. Ouvindo”, instou.

Pedro Reis, ministro da Economia, no encerramento da conferência "Criar Valor no Interior", no Caramulo Experience Center. Março 2025
Pedro Reis, ministro da Economia, no encerramento da conferência "Criar Valor no Interior", no Caramulo Experience Center. Março 2025Reinaldo Rodrigues

Pedro Reis salientou ainda a importância de uma economia dinâmica onde as empresas têm espaço para crescer, recordando que disse muitas vezes que era importante que os portugueses o “ouvissem como ministro das Empresas e não ministro da Economia. Se conseguirem fazer isso, estou a cumprir o meu serviço”.

E lembrou que “uma economia mais dinâmica é um elevador social mais ativo, é um Estado menos presente”. Isso traduzir-se-á “numa administração pública mais qualificada, uma burocracia menos presente, uma fiscalidade mais leve, uma concorrência mais forte, um mercado mais transparente e um setor privado mais pujante”. E aproveitou para, já em tom de campanha, atirar: “Vejo uma convocatória à ação em parcerias público-privadas. Devemos “ter, não a visão ultrapassada de perguntar “o que pode o Estado fazer por nós”?, nem a visão extrema de “o investimento só pertence aos privados”. Temos de trabalhar em conjunto”, defende.

E garante que, conseguindo uma economia mais dinâmica, isso terá reflexos imediatos no interior .”Portugal é um país demasiado pequeno para ter tantas diferenças”, e para o ministro da Economia, pode reforçar-se positivamente a presença no interior, mas mais importante é uma ação concertada que favoreça a economia nacional. Isso diminuirá, imediatamente, assimetrias e porá em evidências os bons projetos, as boas regiões e aquilo em que se deve investir. Falou ainda da importância do trabalho do Banco de Fomento, e da “mudança da morfologia da economia portuguesa” que está a acontecer, considera. “Com mais capacidade tecnológica, assente na mobilidade e economia circular” será possível levar a economia a bom parte. E recordou que “temos mais de 20 mil milhões de dólares em pipeline, na AICEP, para ser investidos, e que muitos desses milhares de milhões vão aterrar no interior. Somos pequenos demais para ter diferenças tão grande entre o interior e o litoral”.

Além disso, considera, os investidores já perceberam o valor do interior. “A Leroy Merlin foi para Vila Franca de Xira, a Repsol para Sines, a Lufthansa Technik para Santa Maria da Feira. “Os investidores procuram proposta de valor e essa, em Portugal, está muito equilibrada. A minha perceção é que agora estamos mais numa fase de divulgação e promoção externa dos ativos que o interior oferece”, salientou.

E não terminou sem deixar um aviso. “É muito importante que resolvamos os nossos temas internos, com todo o respeito, para que não percamos o embalo com que estávamos em termos de captação de investimento e crescimento da economia. Há um caminho, há claramente uma oportunidade, e acredito que estamos na curva da estrada desse crescimento. Assim saibamos ouvir e promover e ajudar as empresas”.

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