Paulo Rangel e Marcelo Rebelo Sousa reagem às tarifas de Trump em São Tomé e Principe, onde se encontram para participar nas comemorações dos 50 anos da independência daquele país.
Paulo Rangel e Marcelo Rebelo Sousa reagem às tarifas de Trump em São Tomé e Principe, onde se encontram para participar nas comemorações dos 50 anos da independência daquele país.FOTO: PAULO NOVAIS/LUSA

Marcelo diz que a "história não terminou" e elogia reação da UE e do Governo às tarifas anunciadas por Trump

O Presidente da República admitiu que o anúncio "foi surpreendente" por estar em curso um processo negocial. O ministro Paulo Rangel garante sintonia com as negociações conduzidas pela União Europeia.
Publicado a

O Presidente da República afirmou este sábado, 12 de julho, que a história das tarifas anunciadas por Donald Trump sobre os produtos europeus "não terminou" e elogiou a reação "de serenidade" da União Europeia (UE) e do Governo.

Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre o anúncio da imposição de tarifas de 30% sobre todos os produtos da União Europeia (UE) feito este sábado pelo presidente norte-americano, durante a sua visita oficial a São Tomé e Príncipe, para as comemorações dos 50 anos da independência deste país.

"A posição de Portugal é exatamente a posição da Comissão Europeia. Não esconde que não é bom para o comércio internacional e para a economia internacional haver este tipo de anúncios nas condições em que foi feito", começou por comentar o chefe de Estado. 

O Presidente da República referiu que o Governo português tem estado "em contacto com a União Europeia" sobre esta matéria, através do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, que o acompanha nesta deslocação a São Tomé e Príncipe e que estava ao seu lado.

No seu entender, a UE teve uma "reação muito serena", através da Comissão Europeia, e também o Governo português, "em sintonia com a Comissão Europeia", adotou "uma posição de bom senso, de serenidade, a pensar no interesse de Portugal, no interesse da Europa, mas no interesse da comunidade internacional".

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, o anúncio feito por Donald Trump constitui "um desvio apreciável" em termos de valores em relação ao que "estava em cima da mesa" e "de alguma maneira foi surpreendente, uma vez que estava em curso um processo negocial que estava a correr bem, da União Europeia com os Estados Unidos".

Contudo, o chefe de Estado acrescentou que "esta história não terminou", porque o processo negocial continua, "na esperança de que seja possível encontrar uma solução do interesse de todos, Europa e Estados Unidos, e que corresponda à lógica do que estava a ser negociado".

Por sua vez, Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros, confirmou que Portugal vai aguardar pelo desfecho das negociações com os Estados Unidos, na expectativa de um acordo, mas sem excluir nenhuma opção, em conjugação com a União Europeia.

"Vamos aguardar, sem excluir nenhuma opção e sempre em conjugação com a União Europeia", afirmou Paulo Rangel, num hotel em São Tomé.

Numa reação em nome do Governo ao anúncio da imposição de tarifas de 30% sobre todos os produtos da União Europeia (UE) feito pelo presidente norte-americano, Donald Trump, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros realçou que "a Comissão Europeia é que está a conduzir as negociações".

O ministro considerou que "é fundamental que se perceba que as negociações continuam pelo menos até ao dia 1 de agosto, que é o prazo limite, que passou de 9 de julho para 1 de agosto", até ao qual "ainda não existe um quadro final".

Segundo Paulo Rangel, o comunicado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, "reflete na íntegra as linhas de posicionamento que o Governo português transmitiu às entidades europeias" sobre esta matéria.

"Ou seja, consideramos que é um posicionamento negativo, no entanto as negociações estão em curso", referiu, manifestando a expectativa de haja "um desenlace positivo para ambos os lados do Atlântico".

"Como diz a presidente da Comissão Europeia, vamos continuar as negociações, e nenhuma opção está excluída. Isto é, não está excluído que, se estivermos perante uma situação de escalada como esta por exemplo está anunciada, tenha de haver uma reação, digamos, também ela no sentido de reforçar os direitos aduaneiros recíprocos, portanto, uma reação de reciprocidade", acrescentou.

O ministro ressalvou que uma eventual resposta da UE "pode não ser exatamente igual" e reforçou: "A nossa vontade é chegar a um acordo."

Líderes europeus apoiam negociações e pedem defesa dos interesses da UE

Os diversos líderes europeus apoiam as negociações para um acordo, com o presidente francês a pedir a defesa dos interesses europeus, enquanto Berlim quer negociar "pragmaticamente".

Emmanuel Macron apoia "plenamente" a Comissão Europeia na "intensificação" das negociações com os Estados Unidos, embora tenha alertado que a Comissão Europeia precisa preparar "respostas confiáveis" às tarifas de 30% impostas por Washington sobre produtos europeus.

"A França apoia totalmente a Comissão Europeia nas negociações que se intensificarão para chegar a um acordo mutuamente aceitável até 1 de agosto", declarou Macron nas redes sociais.

No entanto, o presidente francês exigiu que a Comissão, caso as negociações não se concretizem, "acelere a preparação de respostas confiáveis por meio da mobilização de todos os instrumentos disponíveis".

Macron expressou também confiança de que Bruxelas "afirmará a determinação da União Europeia em defender os interesses europeus".

Katherina Reiche, ministra da Economia alemã, pediu que a UE negoceie "pragmaticamente" com os EUA.

"Cabe agora à UE, no tempo restante, negociar pragmaticamente uma solução com os Estados Unidos que se concentre nos principais pontos de conflito", disse Katherina Reiche em comunicado, acrescentando que a Comissão Europeia tem o seu "apoio nesta abordagem".

O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, também reagiu apoiando as negociações da Comissão Europeia para negociar um acordo com os Estados Unidos para acabar com "tarifas injustificadas".

Numa mensagem publicada na rede social X, escreveu que "a abertura económica e o comércio criam prosperidade, mas tarifas injustificadas destroem-na".

"É por isso que apoiamos e continuaremos a apoiar a Comissão nas suas negociações para chegar a um acordo com os EUA antes de 01 de agosto. Unidos, nós, europeus, constituímos o maior bloco comercial do mundo. Usemos essa força para chegar a um acordo justo", acrescentou.

Trump anunciou que vai impor tarifas de 30% sobre produtos da UE a partir de 01 de agosto, numa carta endereçada à presidente da Comissão Europeia, publicada na plataforma Truth Social.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou hoje que Bruxelas continua disposta a negociar com os EUA para chegar a um acordo antes de 01 de agosto, mas reiterou, em comunicado, que a Comissão também "tomará todas as medidas necessárias para salvaguardar" os seus interesses, "incluindo a adoção de contramedidas proporcionais, se necessário".

Já o presidente do Conselho Europeu, António Costa, defendeu que a UE deve permanecer "firme, unida e pronta" para proteger seus interesses, ao mesmo tempo em que "constrói parcerias comerciais sólidas em todo o mundo".

Marques Mendes aconselha exportações para América latina em vez dos EUA

O candidato presidencial Luís Marques Mendes aconselhou o Governo e as empresas a encontrarem com rapidez alternativas, como a América latina, para as exportações, em reação às tarifas anunciadas pelo Presidente norte-americano sobre os produtos europeus.

“Se não houver recuo nesta decisão, é muito mau para as empresas portuguesas que exportam para os Estados Unidos. Se não houver recuo, não há volta a dar, por isso é melhor encontrar já uma alternativa”, disse à margem da visita ao Festival do Pão de Mafra, acompanhado por candidatos autárquicos do PSD a esta câmara municipal.

“A grande alternativa que eu acho que deve ser estudada é o Mercosul, ou seja, um mercado que envolve o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, com quem a União Europeia fez recentemente um acordo. É preciso ratificar esse acordo e explorar este novo mercado, que é um mercado de 250 milhões de pessoas, como alternativa ao mercado americano”, explicou Marques Mendes, acrescentando que a procura de mercados alternativos deve acontecer “quanto mais cedo melhor”.

Paulo Rangel e Marcelo Rebelo Sousa reagem às tarifas de Trump em São Tomé e Principe, onde se encontram para participar nas comemorações dos 50 anos da independência daquele país.
Trump anuncia tarifas de 30% para União Europeia e México a partir de 1 de agosto
Paulo Rangel e Marcelo Rebelo Sousa reagem às tarifas de Trump em São Tomé e Principe, onde se encontram para participar nas comemorações dos 50 anos da independência daquele país.
Von der Leyen diz que tarifas de 30% vão criar "disrupção". António Costa defende uma UE firme e unida
Diário de Notícias
www.dn.pt