Porque são os resultados deste ano do Eurobarómetro fascinantes? O que temos visto, nos últimos anos, é que as PME investem cada vez mais para se tornarem sustentáveis, o que é uma tendência muito positiva. É verdade que o gap para as grandes empresas é ainda enorme, o que significa que há ainda um grande caminho a fazer. Por exemplo, cerca de um terço das PME na Europa usam energias renováveis, ou de produção própria ou que compram. Mas isso significa que há dois terços que ainda não fazem nada. E é muito importante que falemos disso..Porquê? As PME têm uma quota imensa na emissão de gases com efeito estufa (GEE) europeus. Há estimativas diversas, que vão dos 48% aos 60% das emissões. O que significa que não se consegue resolver a crise das emissões sem envolver as PME. E é aqui que estes dois terços de empresas que não estão ainda a usar energias renováveis se tornam um problema. Se não se arranja forma de as convencer a fazer alguma coisa, será muito difícil, na verdade será impossível, à Europa atingir a neutralidade carbónica em 2050, como está definido. .E como se conquistam estas empresas para esta transição? Com subsídios? Claro que todas as empresas gostam de receber dinheiro, e se lho derem elas aceitam. Mas a verdade é que, questionadas sobre o que precisam para avançarem com medidas, poucas pedem dinheiro. Elas querem é saber como o fazer e querem ajuda, cooperação. O que é interessante. O caminho para a sustentabilidade não é linear e fica cada vez mais caro e mais difícil. Começa, se calhar, com a colocação de alguns painéis solares, que se pagam por si mesmos, mas depois já é preciso substituir equipamentos, por outros mais amigos do ambiente, e aí já é preciso mudar todo o ciclo produtivo e é quando as empresas precisam de ajuda para saber o que fazer. Ou seja, é uma questão de dinheiro, mas também de mentoria. O conhecimento tem de estar próximo. Uma empresa que esteja no meio do Alentejo hesitará em avançar se o técnico estiver em Lisboa..E como é que isso se resolve? Temos de disponibilizar, muito rapidamente, toda uma rede abrangente de conhecimento e de aconselhamento pela Europa que ajude as empresas a reorganizarem os seus negócios e a avançarem na transição verde, mas também na digitalização. E não precisamos de inventar nada, temos já a Enterprise Europe Network que existe e funciona, com base nas câmaras de comércio... temos de as envolver mais. .E que outras medidas políticas podem ajudar a envolver mais as PME? É preciso previsibilidade. As empresas têm de saber que isto não é uma coisa momentânea, é algo para o longo prazo. E que quaisquer que sejam os apoios ou incentivos, serão sempre de longo prazo.