Ação da Climáximo na Galp.
Ação da Climáximo na Galp.FOTO: Climáximo

Lucro da Galp aumenta 24% para 890M€ nos primeiros nove meses do ano. Climáximo protesta na sede da petrolífera

No mesmo período, o grupo registou um EBITDA (resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) de 2609 milhões de euros, menos 8% do que no período homólogo.
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A Galp fechou os primeiros nove meses deste ano com um lucro de 890 milhões de euros, um aumento de 24% face ao mesmo período de 2023, indicou esta segunda-feira a petrolífera em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), dia em que a Climáximo colou cartazes com frases de protesto na fachada da empresa.

No mesmo período, o grupo registou um EBITDA (resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) de 2609 milhões de euros, menos 8% do que no período homólogo.

Segundo a empresa, estes resultados refletem um "desempenho operacional robusto no período", nomeadamente nas áreas de 'upstream' (exploração e produção) e 'industrial & midstream' (transporte, armazenamento e 'marketing'), "apesar de um ambiente de refinação menos favorável" e agora excluindo qualquer contribuição do projeto Coral Sul FLNG na Área 4, em Moçambique.

Considerando apenas o terceiro trimestre deste ano, a Galp obteve um lucro de 266 milhões de euros, mais 27% do que no mesmo período de 2023.

Citado no comunicado, o presidente executivo da petrolífera, Filipe Silva, afirma que estes números evidenciam "o dinamismo operacional da Galp", que registou "mais um desempenho robusto durante este trimestre, apesar do ambiente menos favorável aos preços da refinação e das 'commodities'".

"Os nossos ativos foram capazes de navegar com segurança na volatilidade do mercado, reforçando o nosso compromisso com a excelência operacional. Este desempenho deixou a equipa numa posição forte para continuar a reduzir o risco e a desenvolver os nossos projetos de 'upstream' de baixa intensidade de carbono, ao mesmo tempo que descarbonizamos o nosso portfólio de 'downstream'", acrescentou Filipe Silva.

Até setembro, o investimento líquido ('net capex') da Galp foi de 290 milhões de euros, tendo o investimento total de 792 milhões de euros sido maioritariamente direcionado para os projetos de 'upstream' em desenvolvimento no Brasil, nomeadamente Bacalhau e Tupi & Iracema, e para a campanha de exploração na Namíbia, suportado pelo encaixe resultante do desinvestimento concluído no período (alienação dos ativos de 'upstream' em Angola).

Já o investimento no segmento 'industrial & midstream' foi maioritariamente alocado a projetos de baixo carbono no complexo industrial de Sines, nomeadamente os trabalhos iniciais de execução para a unidade HVO/SAF (produção de diesel renovável e combustível sustentável para a aviação) e para a fábrica de eletrólise de 100 Megawatts (MW) para produção de hidrogénio verde, assim como investimentos relacionados com a manutenção dos ativos de refinação e logística.

A 30 de setembro, a dívida líquida da Galp era de 1.471 milhões de euros, 21% acima dos 1.211 milhões de euros do período homólogo.

Os dados divulgados esta segunda-feira indicam ainda que a margem de refinação da Galp (diferença entre o custo de aquisição do petróleo e o preço de venda dos produtos refinados, como gasolina e gasóleo) desceu 33% nos primeiros nove meses deste ano, para 8,1 dólares por barril, face aos 12,2 dólares registados no período homólogo.

A produção 'working interest' (produção bruta de matéria-prima, incluindo todos os custos decorrentes das operações) recuou 10%, para 109 mil barris por dia, enquanto as vendas totais de produtos petrolíferos se mantiveram praticamente estáveis (-1%) face ao período homólogo, nos 5,3 milhões de toneladas.

Quanto às vendas de gás natural e eletricidade, foram de 12,0 terawatts/hora (TWh) e 5,1 TWh, respetivamente, o que representa aumentos de 16% e 88%, respetivamente.

Até setembro, o EBITDA da atividade 'upstream' estabilizou nos 1.641 milhões de euros, com a menor produção do Brasil a ser compensada pelo ligeiro aumento das realizações petrolíferas e pelo desreconhecimento dos ativos em Moçambique.

Na área industrial e 'midstream', o EBITDA foi de 695 milhões de euros, registando uma quebra homóloga de 20% devido ao ambiente de refinação menos favorável.

Já no segmento de renováveis, a Galp registou um EBITDA de 38 milhões de euros, uma redução de 65% face ao período homólogo, refletindo a evolução dos preços de energia, tendo a produção de energia por este meio aumentado 3% em relação ao período homólogo.

No comunicado, a Galp refere ainda ter concluído no passado dia 09 de outubro o programa de recompra de ações no montante de 350 milhões de euros, com o objetivo de reduzir o capital social da empresa.

Climáximo em protesto na sede da petrolífera

No dia em que a Galp divulgou os lucros nos primeiros nove meses do ano, várias apoiantes da Climáximo colaram na fachada da Galp cartazes onde se pode ler "Procura-se a criminosa família Amorim pelo assassinato por calor extremo de 50 mil pessoas na Europa só este Verão, e por deslocar e condenar à morte milhares de pessoas", "governo português ao novo tribunal de Nuremberga por crimes contra a Humanidade", e "Eles enchem os bolsos, nós ficamos com os destroços".

O grupo ativista diz que o “negócio dos combustíveis fósseis, levado a cabo por empresas como a Galp e com o aval dos governos, é a principal causa das catástrofes climáticas - incêndios, cheias, furacões, tempestades - a que temos assistido e que têm destruído a vida de milhares de pessoas”, através de um comunicado enviado às redações.

A porta-voz deste protesto, Matilde, afirmou que “os donos disto tudo enchem os bolsos com fortunas milionárias à custa das nossas vidas”. “Sabem que estão a levar-nos ao colapso social e climático e atiram-nos areia para os olhos enquanto constroem os seus bunkers. Isto não é normal. A Paula Amorim está a assassinar milhares de pessoas. O governo tem sangue nas mãos. Nós, as pessoas comuns, temos de parar isto, já!”, acrescentou, defendendo o desmantelamento da Galp.

O coletivo Climáximo convida todas as pessoas — ”trabalhadores, estudantes, mães, pais, filhos, precários, desempregadas, avós, netos”— a participarem na ação de resistência civil em massa “Parar Enquanto Podemos” no dia 23 de novembro, altura em que estarão a ser fechadas as discussões na Conferência das Nações Unidas pelo Clima (COP29) assim como do Orçamento de Estado (OE), em Portugal.

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