Em Portugal a taxa de jovens “nem-nem” é equilibrada entre homens e mulheres.
 Em Portugal a taxa de jovens “nem-nem” é equilibrada entre homens e mulheres.

Jovens “nem-nem” aumentaram, mas Portugal cumpre meta da UE

8,9% da população entre os 15 e os 29 anos não estudava nem trabalhava em 2023, mais 0,5 pontos percentuais do que no ano anterior. Na União Europeia taxa é de 11,2%
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Em 2023, 11,2% dos jovens entre os 15 e os 29 anos na União Europeia não estudavam nem trabalhavam. Um valor ligeiramente inferior ao do ano anterior, quando a taxa média se situava nos 11,7%. Em Portugal, a evolução foi em sentido contrário, com um ligeiro agravamento: a taxa dos chamados “nem-nem” passou de 8,4% para 8,9%. Serão cerca de 140 mil jovens nessa situação, revelou no final do ano passado o secretário de Estado do Trabalho do anterior governo, Miguel Fontes. Mesmo assim, Portugal é um dos nove países que já cumpre a meta europeia de 2030 de ter menos de 9% da população entre os 15 e os 29 anos sem ocupação, a par da Alemanha, Dinamarca, Eslovénia, Irlanda, Luxemburgo, Malta, Países Baixos e Suécia. 

Os dados são do Eurostat e mostram que a realidade é distinta nos vários Estados-membros, variando entre o mínimo de 4,8% dos Países Baixos e o máximo de 19,3% da Roménia. “É importante garantir que a transição da educação para o trabalho seja tranquila para os jovens adultos e também realçar os riscos de não estarem empregados, nem a estudar. Existem riscos, tanto para o indivíduo como, a longo prazo, para a sociedade, se os jovens adultos se encontrarem desligados da educação e do mercado de trabalho”, pode ler-se no relatório ontem divulgado.

Em Portugal, são 8,9% dos jovens nesta situação, sendo que a maioria (5,3%) são desempregados. Na análise por género a diferença não é significativa, sendo a taxa de “nem-nem” de 9% nos homens e de 8,9% nas mulheres. Na divisão total destes jovens pelas diferentes faixas etárias, Portugal tem uma média de 3,4% de jovens que não trabalham nem estudam entre os 15 e 19 anos, 12% entre os 20 e os 24 anos e 11% entre os 25 e os 29 anos.

Segundo o estudo, o número médio de jovens nesta situação desceu, continuamente, entre 2013 e 2019 em toda a União Europeia, mas subiu em 2020 por causa da pandemia. A partir de 2021 voltou à sua trajetória anterior. Globalmente, numa década, a média de jovens que não estudavam nem trabalhavam baixou em 4,9 pontos percentuais em toda a Europa, sendo que as descidas mais significativas ocorreram na Grécia (menos 12,5 pontos percentuais para o atuais 16%), Bulgária (13,8%, menos 11,9 pontos percentuais), Croácia (menos 10,5 pontos percentuais para 11,8%) , Irlanda ( menos 10,3 pontos percentuais para 8,5%) e Espanha (tem uma taxa de 12,3%, menos 10,2 pontos percentuais do que há uma década). Mas há quem tenha feito o percurso inverso, com um agravamento destes casos, com destaque para a Áustria, em que os “nem-nem” aumentaram 0,8 pontos percentuais para os atuais 9,4% , e o Luxemburgo, que tem uma taxa de 8,5%, mais 1,3 pontos percentuais do que em 2013. Portugal passou de cerca de 16% para os 8,9%.

O nível de estudos parece ter um peso significativo nesta situação já que, refere o Eurostat, em 2023, a taxa de jovens que não estudavam nem trabalhavam era de 12,9% para os que tinham um nível de escolaridade baixo, que comparava com os 11,6% dos que tinham uma escolaridade média e os 7,8% entre os que tinham um nível de escolaridade elevado.  

E se em Portugal a taxa de jovens “nem-nem” é relativamente equilibrada entre homens e mulheres, na Europa já não é assim: a taxa era de 12,5% entre as mulheres e de 10,1% entre os homens. “Há uma série de fatores que podem explicar a disparidade de género. Por exemplo, convenções ou pressões sociais, que tendem a dar maior importância ao papel das mulheres dentro da família e ao papel dos homens no sustento do agregado através do trabalho. Além disso, existe o risco de questões relacionadas com o mercado de trabalho, tais como: os empregadores preferem contratar homens jovens em vez de mulheres jovens; mulheres jovens que enfrentam dificuldades de assimilação quando regressam ao trabalho após o parto; as mulheres jovens têm maior probabilidade de ter empregos mal remunerados ou empregos precários, etc.”, salienta o estudo. Além de Portugal, Finlândia, Espanha e Suécia foram os únicos a registar taxas similares entre homens e mulheres. A maior diferença entre géneros existe na Chéquia, com mais 10,9 pontos percentuais entre as mulheres, e na Roménia, com mais 10,7 pontos percentuais.

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