Instabilidade política e ciberataques lideram os riscos que as empresas temem em 2025
A instabilidade política e social é o principal risco que as empresas portuguesas preveem enfrentar em 2025. Os ataques cibernéticos e a retenção de talento são as outras preocupações que lideram a tabela, a nível nacional. Quanto aos riscos globais, os gestores portugueses apontam os eventos climáticos extremos, o crime e a segurança cibernética e a estagnação económica prolongada.
Fruto de um inquérito junto de 160 representantes "de um leque diferenciado de organizações, pertencentes a diversos setores de atividade", estes são resultados do estudo 'A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos', realizado pela Marsh Portugal e que vai já na sua 11ª edição.
As conclusões serão hoje apresentadas no evento ‘Raio-X aos Riscos 2025’, em Lisboa, sendo que este estudo é a versão portuguesa do Global Risks Report 2025, produzido pelo Fórum Económico Mundial com o apoio do grupo Marsh McLennan, a casa-mãe da Marsh Portugal, que se assume como "líder mundial em corretagem de seguros e consultoria de risco".
No estudo, em que participaram 160 representantes "de um leque diferenciado de organizações, pertencentes a diversos setores de atividade", mais de metade das empresas inquiridas (54%) aponta a instabilidade política e social como o principal risco que as empresas portuguesas enfrentarão em 2025, e que já ocupava a posição cimeira no ranking do ano passado. Seguem-se os ataques cibernéticos (47%), a retenção de talento (45%), a ocorrência de eventos climáticos extremos (38%) e o compromisso dos colaboradores (22%).
"Este último é o risco que regista uma das maiores subidas em comparação com a edição de 2024, subindo da oitava para a quinta posição, o que revela que as empresas veem cada vez mais o envolvimento e a motivação dos colaboradores como fatores críticos para o sucesso organizacional, reconhecendo que a falta de compromisso pode levar a uma diminuição da produtividade e ao aumento da rotatividade", pode ler-se no comunicado da Marsh Portugal.
Sobre o mundo, 59% dos gestores portugueses inquiridos apontam os eventos climáticos extremos como o principal risco em 2025. Na edição anterior do estudo já era esta a principal preocupação, mas com 10 pontos percentuais a menos. Em 2023 era indicado em 42% das respostas. Seguem-se o crime cibernético generalizado e a insegurança cibernética (33%), que continua a ocupar a segunda posição, mas que tem vindo a perder terreno. Era uma preocupação de 49% dos inquiridos no estudo de 2023 e de 42% nos resultados de 2024.
Em terceiro lugar surge a estagnação económica prolongada, com 30% de respostas, quatro pontos percentuais a menos do que em 2024. "Este decréscimo sugere que, apesar de as preocupações económicas continuarem relevantes, pode haver uma perceção de estabilização ou recuperação da economia global", refere a Marsh.
Por fim, destaque para os riscos relacionais com as tensões geopolíticas: 29% dos inquiridos apontam os conflitos interestatais como uma preocupação a nível global e 28% indicam as crises fiscais e financeiras em economias chave.
As preocupações dos gestores portugueses estão em linha com as dos seus congéneres a nível mundial.
“Ao comparar os riscos identificados pelas empresas portuguesas com as tendências globais, verificamos um alinhamento significativo. O ‘Global Risks Report 2025’ indica que a crise climática e a instabilidade económica são preocupações universais, com 40% dos especialistas a considerarem a crise climática como um risco de longo prazo. Adicionalmente, a preocupação com a cibersegurança é uma tendência crescente em todo o mundo, com 70% dos executivos globais a priorizarem a cibersegurança como uma questão crítica. As empresas portuguesas não estão, portanto, isoladas nas suas preocupações, fazendo parte de um panorama global onde os riscos, por serem globais e interconectados, carecem de respostas igualmente abrangentes”, refere Fernando Chaves, especialista de risco da Marsh Portugal.