Em quatro anos a importação de carros praticamente duplicou, passando de 60 mil para as 106 mil unidades em 2024. Uma tendência que, acredita Nuno Castel-Branco, diretor-geral do Standvirtual, veio para ficar. “Os consumidores perderam os medos, estão mais informados e começaram a aderir; ao mesmo tempo a “imagem” dos carros importados melhorou. Nesse sentido é de considerar que o mercado português vai ficar muito mais aberto à importação do que estava no passado”, refere o responsável no Annual Market Report 2024 da marca. Os anos da pandemia ditaram a escassez de veículos novos no mercado, o que obrigou à procura de alternativas. E, embora no ano passado, os números tenham regredido ligeiramente face a 2023, a importação tem vindo a afirmar-se “como uma solução indispensável”. Pode ainda ler-se no relatório que, “o consumidor final, antes mais cético, reconhece agora as vantagens: preços competitivos, sobretudo em segmentos premium, e uma maior variedade de oferta. É notável como este canal deixou de ser visto com desconfiança para se tornar crucial no abastecimento do mercado”.No caso dos veículos usados, o crescimento na importação é superior a 40%, nos últimos anos. Só em 2024 a importação de veículos usados alcançou as 27 mil unidades, “o que coloca o total do mercado de usados - doméstico e importados - cerca de 10% acima de 2019. Comparativamente a 2023, a procura por usados apresenta uma evolução de cerca de 13%, sendo um “pilar essencial do setor e um sinal claro de que este segmento continua a ser a espinha dorsal do automóvel”.Nuno Castel-Branco lembra que a importação permite ao consumidor aceder a determinados nichos de mercado que não existem em Portugal. Designadamente ao nível de usados elétricos. Para o gestor, a performance dos elétricos em Portugal é “impressionante”, quando comparada com outros países, onde se assiste a uma queda nas vendas deste segmento. As movimentações no mercado, designadamente a descida de preços da Tesla, a chegada dos carros elétricos fabricados na China, como a BYD ou a Xpeng, e a esperada descida de preços dos grupos Stellantis e Volkswagen vão gerar, acredita Nuno Castel-Branco, uma “pressão contínua” na redução de preços, que terá impacto também nos carros usados. Refira-se que, em 2024, as transferências de propriedade de automóveis elétricos usados cresceram 51,2% face ao ano anterior. E o recente anúncio de Bruxelas de que vai flexibilizar os objetivos de emissões para as empresas de automóveis é também visto com bons olhos. “Parece ser uma medida de bom senso, atendendo à situação atual, à aceleração que a China trouxe a este mercado, ao gap de competitividade que abriu em relação à Europa e a toda a indefinição gerado pela situação nos Estados Unidos”, defende.Castel-Branco reconhece que esta mudança nas regras vai aliviar alguma pressão dos consumidores sobre a compra de carros elétricos, mas lembra que há que ter em conta que a indústria automóvel europeia “representa muitas vintenas de milhares de postos de trabalho” e que é preciso que “haja aqui algum equilíbrio”. Até porque “os americanos olham para o mundo numa vertente 100% económica, e se a Europa pensar numa vertente 100% ambiental poderemos estar a expor em demasia a indústria europeia”.De qualquer forma, o diretor-geral do Standvirtual não acredita que algum dia deixe de haver carros a combustão no mercado. “Diria que haverá sempre espaço para para alguns carros a combustão, nem que seja em nichos de mercado”, diz.Para já, e no que às vendas de veículos novos diz respeito, o ano de 2024 “confirmou a desaceleração nas vendas de veículos a gasóleo”, mostra o relatório anual do Standvirtual. Em 2019 estes veículos representavam 40% das vendas, enquanto no ano passado tinham menos de 10% de quota de mercado. O ano foi também positivo para a própria empresa. O Standvirtual Novos triplicou o número de leads [potenciais compradores] face ao ano anterior e registou um total de 33 marcas listadas, com a adição da BYD, KGM e Nissan à sua oferta. A lista de marcas mais vista é liderada pela BYD, seguindo-se a Mercedes-Benz, Tesla, Toyota e BMW. Já a lista de mais vendidas é liderada pela Peugeot, seguindo-se Mercedes-Benz, Dacia, Renault e BMW. .Automóveis elétricos usados: estará a procura a aumentar?.Mais de metade dos ligeiros de passageiros vendidos em janeiro eram elétricos ou híbridos