O grupo francês BPCE lidera a corrida para a compra do Novo Banco, tendo oferecido um valor superior ao que os espanhóis do Caixa Bank colocaram em cima da mesa, noticiou ontem a agência Bloomberg. Os franceses pretendem, além disso, reforçar as suas atuais operações no nosso país, nomeadamente o centro de serviços partilhados que o seu banco de investimento, o Natixis, tem no Porto. Ao que o DN apurou, o Natixis pretende criar mais algumas centenas de postos de trabalho no Porto, que se vão juntar aos 2500 que tem atualmente. Neste momento, a página da Natixis Portugal no Linkedin indica a existência de 58 vagas de emprego.Embora os dois projetos não estejam diretamente relacionados, uma vez que o Natixis e o Novo Banco operam em áreas distintas, o grupo francês deu conhecimento desta intenção ao Governo. É uma promessa que se junta ao facto de o grupo francês ser o único, entre os principais interessados no Novo Banco, que não terá redundâncias a nível de pessoal, se a compra avançar, uma vez que não está presente na banca de retalho em Portugal. O mesmo não acontecerá se o comprador for o CaixaBank, dono do BPI, ou outros bancos, como a CGD e o Millennium BCP. Tal como o DN noticiou na passada segunda-feira, um cenário de fusão entre o BPI e o Novo Banco levaria a entre duas mil a três mil rescisões e o Governo já informou os catalães que não pretende pagar os subsídios de desemprego dos trabalhadores abrangidos, obrigando assim o CaixaBank a aumentar o valor das indemnizações a pagar num processo de rescisões a ocorrer após a eventual compra do Novo Banco. As razões do Governo para esta tomada de posição explicam-se com o facto de ver com maus olhos um reforço da posição da banca espanhola em Portugal. A recusa da atribuição do estatuto de empresa em recuperação (que permite exceder as quotas de rescisões sem que os funcionários abrangidos percam o direito ao subsídio de desemprego) é um instrumento que o Governo tem à disposição para tentar travar a operação. Por outro lado, a passagem para a situação de desemprego de milhares de pessoas, em resultado da fusão, criaria pressão sobre a Segurança Social. Segundo a Bloomberg, o fundo Lone Star, que controla 75% do Novo Banco, deverá chegar a uma decisão nos próximos dias, mantendo em simultâneo a opção da colocação em bolsa. A imprensa espanhola avançou há dias que o Lone Star estará a pedir um valor na ordem dos 4 a 5 mil milhões de euros. O Estado e o Fundo de Resolução, que detêm 25% do Novo Banco, poderão exercer o seu direito de tag along, vendendo ao mesmo preço que o Lone Star.Não foi possível obter esclarecimentos de fonte oficial do BPCE em tempo útil. O que é o BPCEO Banque Populaire - Caisse d'Épargne (BPCE) é um grupo bancário francês, formado pela fusão do Group Caisse d’Épargne e do Groupe Banque Populaire. É o segundo maior grupo bancário em França e o quarto maior na zona euro, com mais de 1,5 biliões de euros em ativos, mantendo a sua natureza de banco cooperativo. Além do banco de investimento Natixis, está presente também na áreas da gestão de ativos e dos seguros, contando com mais de 100 mil funcionários. O grupo está presente em Portugal através do centro tecnológico do Natixis no Porto, que emprega cerca de 2500 pessoas.