O ministro da Economia, Pedro Reis, o CEO da Start Campus, Robert Dunn, o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, e o chargé d’affaires na embaixada dos EUA em Lisboa, cortam a fita do data centre.
O ministro da Economia, Pedro Reis, o CEO da Start Campus, Robert Dunn, o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, e o chargé d’affaires na embaixada dos EUA em Lisboa, cortam a fita do data centre.Gerardo Santos

Governo elogia Executivo PS na inauguração do Start Campus

Ministros da Economia e das Infraestruturas cortaram a fita do SIN01, o primeiro data centre de Sines já em funcionamento, ao lado do presidente da empresa e de um representante da Embaixada dos EUA.
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O elogio ao empreendimento Start Campus, que pretende, quando ficar concluído, ser o maior data centre da Europa, mas também ao anterior Governo, do Partido Socialista, inclusivamente na pessoa do ministro João Galamba, marcaram esta sexta-feira os discursos dos ministros da Economia e Infraestruturas que estiveram em Sines para, literalmente, cortar a fita do primeiro edifício do projeto, já em funcionamento desde o último mês de 2024.

Perante uma audiência com o CEO da empresa, um representante da Embaixada dos EUA, outros investidores internacionais e poder local, o ministro da Economia, Pedro Reis, fez questão de sublinhar a importância da estabilidade política, independentemente de que partido esteja no poder, em investimentos internacionais considerados estratégicos para o país.

"Deixem-me dar uma palavra em relação a quem não está cá, mas foi tremendamente importante também neste projeto, que é o anterior governo", disse o ministro ainda em exercício no discurso da cerimónia de inauguração. "Este é um trabalho, e é assim que deve ser, um projeto que tem continuidade, e exatamente porque tem continuidade, tem futuro", prosseguiu, não esquecendo estarmos em vésperas de eleições: "E agrada-me a coincidência, em período pré-eleitoral, de mostrarmos aos investidores externos e a investidores estratégicos - como é tudo que venha dos Estados Unidos - o quanto há continuidade em Portugal. E que há interesse de Estado", disse.

Uma ideia refletida pelo seu colega com a pasta das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, que fez mesmo questão de "pôr nomes nesse governo anterior, sem qualquer tipo de preconceitos", disse.

"Aqui uma palavra e uma referência para o ministro [João] Galamba", o anterior titular da pasta das Infraestruturas, responsável pelo lançamento do projeto do data centre - e posteriormente constituído arguido na chamada Operação Influencer, que investiga suspeitas de ter agido ilegalmente para favorecer a empresa Start Campus.

Esta sexta-feira, os elogios de Miguel Pinto Luz a João Galamba ultrapassaram mesmo o caso do data centre: "E aqui diga-se que o setor dos portos, por exemplo, tantas vezes esquecido, eu não me lembro de um Ministro das Infraestruturas que tenha tido cuidado com os portos", afirmou. "Ele voltou a colocar a política portuária no centro da ação política do Ministro das Infraestruturas. Uma palavra para ele, e para o ministro [da Economia do governo anterior, António] Costa e Silva", elogiou o governante em gestão.

"É bom esta humildade, é bom esta reciprocidade, esta garantia de estabilidade e de confiabilidade com que os privados podem olhar para o Estado", disse Miguel Pinto Luz.

Isto numa lógica para que "os investidores não andem constantemente com a mão no coração a ver o que é que vai acontecer a seguir. Quem vem a seguir, que ideias é que ele tem? O que é que ele vai alterar? Enquanto a nossa vida vai ser modificada? Não. Esse não é o caminho do nosso país", disse.

O data centre inaugurado esta sexta-feira, o SIN01, é a primeira instalação operacional no Campus de Dados de SINES, com capacidade de 1,2 gigawatts (GW) de IT. É agora o maior centro de dados alguma vez comissionado no país e é totalmente financiado por investimento privado. Emprega neste momento 70 pessoas.

O CEO da Start Campus, Roberto Dunn.
O CEO da Start Campus, Roberto Dunn.Gerardo Santos

"O maior portal de IA da Europa"

O projeto na sua totalidade, visa criar 900 empregos diretos e ser "o maior portal de Inteligência Artificial da Europa", nas palavras do presidente executivo (CEO) da Start Campus, Robert Dunn.

O projeto é financiado "por investidores globais, como a Davidson Kempner Capital Management LP e a Pioneer Point Partners, sem capital público (sem recurso a subsídios, fundos públicos, ou qualquer tipo de benefícios fiscais ou financiamento europeu), e contando com o apoio de um banco norte-americano", segundo pode ler-se em nota enviada à imprensa.

A colaboração com o capital norte-americano foi, aliás, sublinhada pelo chargé d’affaires na embaixada dos EUA em Lisboa, Douglas A. Koneff, no seu discurso: "O Start Campus não é apenas mais um data center, é um novo paradigma. Com o acionista maioritário dos EUA, da Davidson Kempner, este campus, quando estiver concluído, será um dos maiores investimentos estrangeiros e americanos na história de Portugal".

O responsável norte-americano concretizou em números: "Estamos a falar de um investimento extraordinário de 30 mil milhões de euros até 2030, com grandes superscalers dos EUA, que trazem trazendo as suas melhores tecnologias para Portugal, gerando milhares de novos empregos qualificados aqui e nos Estados Unidos, impulsionando a economia local e lançando as bases para um ecossistema digital próspero. Se houver outro projeto de investimento nesta escala a gerar mais emprego qualificado, que invista mais no futuro deste país, por favor diga-me porque não sei onde fica."

Entrada para a zona dos servidores (onde por questões de segurança não se pode fotografar)
Entrada para a zona dos servidores (onde por questões de segurança não se pode fotografar)Gerardo Santos

Quanto às próximas etapas do projeto, o CEO da Start Campus -- que se recusou a comentar qualquer assunto relativo à Operação Influencer -- garantiu que está tudo encaminhado. "Temos agora tudo pronto, estamos prontos para construir e esperamos que nos próximos meses possamos elaborar um cronograma de construção". E para quando? "Será em 2025, com certeza. A etapa final será apenas alinhar os contratos com os clientes."

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