Li Qiang,  primeiro-ministro chinês.
Li Qiang, primeiro-ministro chinês.Pedro Pardo/Pool/AFP

Governo chinês lamenta “grave impacto” das tarifas junto de organismos internacionais

Primeiro-ministro chinês afirmou que a proliferação de barreiras comerciais desde o início do ano demonstrou que "as tarifas prejudicam terceiros, mas acabam por se virar contra quem as impõe".
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O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, alertou esta terça-feira, 9, para o "grave impacto" das tarifas e outras restrições comerciais na economia global, ao inaugurar em Pequim uma nova edição do 'Diálogo 1+10' com instituições financeiras internacionais.

Li afirmou que a proliferação de barreiras comerciais desde o início do ano demonstrou que "as tarifas prejudicam terceiros, mas acabam por se virar contra quem as impõe", o que, segundo o governante, tem reforçado os apelos globais em defesa do comércio livre.

Perante os líderes das principais instituições financeiras e comerciais internacionais, o chefe do Governo chinês destacou que o mundo enfrenta "mudanças complexas e profundas", marcadas pela ascensão do protecionismo, por turbulências geopolíticas e por lacunas na governação global.

O fórum, que decorre sob o lema "Partilhar a governação global, promover o desenvolvimento global", tem como objetivo "construir um sistema mais justo, razoável e eficaz", disse Li, sublinhando o papel das organizações presentes na estabilidade da economia mundial.

O primeiro-ministro identificou três conceitos-chave que marcaram o ano de 2025: tarifas, transição verde e inteligência artificial (IA).

Sobre o clima, assinalou o décimo aniversário do Acordo de Paris e reafirmou os compromissos da China, incluindo o objetivo de que mais de 30% do consumo energético do país seja proveniente de fontes não fósseis, com a instalação de 3,6 gigawatts de capacidade solar e eólica – mais de seis vezes o nível registado em 2020.

Em relação à inteligência artificial, Li destacou o avanço acelerado de modelos abertos chineses, como o DeepSeek, que estão a "impulsionar a transformação industrial" e o crescimento de novos setores como a robótica inteligente.

"O comércio livre, a superação de desafios globais e a inovação colaborativa são metas que nenhuma entidade pode alcançar sozinha. Exigem esforço coletivo", sublinhou.

Participam no encontro a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff, a secretária-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Rebeca Grynspan, e o presidente do Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas, Jin Liqun.

Estão ainda presentes o diretor-geral do Banco de Pagamentos Internacionais, Pablo Hernández de Cos, o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iweala, e representantes da Organização Internacional do Trabalho, do Conselho de Estabilidade Financeira e da OCDE, entre outros.

Tal como em 2024, existe a possibilidade de os participantes se reunirem também com o Presidente chinês, Xi Jinping, embora esse encontro ainda não tenha sido confirmado.

A visita de Georgieva coincide com a fase final da missão do Artigo IV do FMI, cujo relatório anual sobre a economia chinesa será apresentado esta quarta-feira em Pequim.

O 'Diálogo 1+10' realiza-se um dia após o Politburo do Partido Comunista Chinês ter anunciado que manterá em 2026 uma política fiscal "mais proativa" e uma postura monetária "moderadamente flexível", num contexto marcado pela fraca procura interna, risco de deflação e persistência da crise no setor imobiliário.

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